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Alguns meses depois.

Hoje começavam as aulas, Kori ficava no dormitório da escola durante a semana, e no final de semana voltava para casa, não era longe, mas Bonnie preferiu que ela estudasse em período integral.

Bonnie se formou em direito, e é advogada, das boas. Tinha uma taxa de casos ganhos que a obrigava rejeitar clientes todos os meses por falta de tempo e agenda suficiente para atender todos que batiam em sua porta. Como não podia deixar de ser, ela defendia apenas pessoas verdadeiramente inocentes e isso a mantinha motivada. Seus poderes de bruxas estavam restritos a proteger ela própria e a filha, mas desde que Kori nasceu, ela havia deixado de se envolver em confusões sobrenaturais.

Kori quase gritou de alegria quando descobriu que Hope estava na mesma turma que ela, assim seria muito mais fácil de aproximar-se da irmã. Ela não deixou de reparar o quão quieta Hope era, quase não falava. Ela se perguntava se isso era devido à morte do pai, ou se a irmã era sempre assim, reservada e até um pouco melancólica.

Foi apenas no segundo período de aulas que uma professora pediu que formassem duplas, e Kori correu para conseguir se juntar a Hope, ela teve que dispensar outros colegas que a chamaram, mas ela precisava se aproximar e essa seria a desculpa perfeita.

Hope era educada, e muito focada nas atividades, mas ainda era bastante distante. Kori demorou algumas semanas para conseguir conversar com a outra tríbrida sobre algum assunto que não fossem as aulas. Mas após algum tempo, a Mikaelson começou a ceder.

"Eu nasci em Nova Orleans." Hope disse casualmente.

"Adoraria conhecer o quarteirão francês!" Kori confessou, se lembrando das histórias que sua mãe passou a contar sobre seu pai.

"Podemos marcar de ir para lá nas férias, meus tios com certeza não seriam contra." Hope contou.

"Se minha mãe deixar eu quero sim!" Kori se emocionou com o convite. Ela amava sua mãe, mas sentia falta de uma família grande e barulhenta. Eram sempre apenas elas duas e tudo era excessivamente quieto.

"Vamos, temos que terminar o trabalho, ou então Caroline vai marcar uma audiência para nós." Hope debochou já que a vampira sempre passava um sermão nelas pelos atrasos ou qualquer coisa que não fosse absolutamente perfeita.

"Kori, sua mãe está no telefone." A secretaria da diretoria veio lhe avisar.

"Tudo bem, me espere no meu dormitório eu já vou." Kori disse a Hope e seguiu para atender sua mãe.

Hope riu ao ver a bagunça que era o quarto da amiga, ela admirou os lindos desenhos que Kori fazia, era muito talentosa. O violoncelo no canto, o par de patins, algumas partituras e uma caixa cheia de cartas e fotografias. Hope passou os dedos pela tampa aberta da caixa, o nome de seu pai endereçado em um envelope lhe fez pegar a carta.

"Klaus Mikaelson." Dizia no destinatário e "Bonnie Bennett" eram as palavras escritas pelo remetente. Hope reconheceu o nome da mãe de Kori, além de ser uma bruxa muito famosa, Bonnie também era um exemplo de profissional e um orgulho gigantesco para o mundo sobrenatural. Ela já tinha ouvido muitas histórias, contadas por sua tia Rebekah, sobre a Bennett e seu quase sucesso em destruir seu pai. Apesar de não querer invadir a privacidade da amiga, a carta endereçada à Klaus lhe despertou a curiosidade e lhe deu certa autorização.

"Klaus, nossa filha hoje encontrou um feitiço, era uma cópia em um grimório que ela ganhou do Damon. Bem, ela veio me pedir ajuda para ler algumas palavras, meu coração parou quando vi a assinatura de sua mãe. Esther Mikaelson, pois é Kori está estudando feitiços de sua própria avó sem saber, e pasme, ela está sendo capaz de traduzir o dialeto viking tão bem, que eu me pergunto se nossa filha possui alguma sensitividade ligada à sua língua materna. Desde que começou a estudar os feitiços de Esther ela passou a ficar mais curiosa sobre a família original, e para minha mais completa falta de surpresa, você se tornou alvo da adoração dela. Apesar de questionar a maior parte das histórias que te cerca, ela acha nobre sua busca implacável para converter a maldição que amarrava seu lobo, e ela me acha ainda mais incrível por ter sido eu quem fez o feitiço. Ela passou a me perguntar como você era, e é tão difícil mentir, ou simplesmente não contar nada.
Às vezes tenho vontade de dizer toda a verdade, mas sua vida não tem sido nada fácil, eu ouvi falar sobre a profecia, colocar você na vida de Kori neste momento só fará mal a ela.

Pare de tornar tudo a sua volta uma bagunça, assim eu não terei motivos para mantê-los separamos. Com amor, Bonnie."

Hope estava aturdida, ela olhou em volta, confusa e se deparou outro papel, desta vez com um feitiço, ela reconheceu as letras no dialeto viking, representavam os nomes de Klaus e Elijah, e era algum ritual para ancorar almas.

Kori entrou animada no quarto. Sua mãe tinha dito pelo telefone que conversou com sua tia Rebekah, e que a vampira original queria conhecê-la. Finalmente Kori daria mais um passo em direção aos Mikaelson, ela não podia estar mais feliz, mas congelou assim que viu Hope com a carta e o feitiço nas mãos.

"Hope..." Ela tentou falar, mas sua voz quebrou. Ela esqueceu-se de guardar sua bagunça, e agora sua irmã com os olhos cheios de lágrimas estava entendendo tudo errado. "Eu não queria que soubesse assim." Ela lamentou com a voz embargada.

"Porque não me disse?" Hope exigiu saber.

"Eu ia dizer, só queria ter mais tempo para nos conhecermos melhor." Ela falou.

"Devia ter me contado." Hope disse deixando às lágrimas caírem. Uma irmã? Ela não conseguia acreditar. "Porque meu pai nunca falou de você, ou da sua mãe?" Ela quis saber.

"Ele não sabia da minha existência, nunca soube." Kori falou. "Minha mãe me contou há poucos meses, quando soubemos que ele..." Ela soluçou incapaz de concluir a frase.  "Foi uma coincidência enorme você também ser aluna da escola Salvatore, já era certo que nós nos mudaríamos de volta para Mystic Falls." Ela concluiu.

Hope respirou fundo pensando nas palavras da amiga, ela não sabia o que achar de toda aquela história, então se apegou ao que estava mais próximo.

"O que é isso?" Ela perguntou mostrando o feitiço com os nomes de Klaus e Elijah. Kori lamentou ter que explicar aquilo na atual circunstância, ela planejou que o faria com calma, esclarecendo os detalhes para a irmã. Mas não mais havia tempo.

"Eu quero trazê-los de volta." Kori respondeu.

"Isso é impossível!" Hope disse com a voz baixa. Kori se ressentiu ao ouvir as palavras da irmã.

"Não, não é." Ela afirmou com veemência.

"Ele não vai mais voltar." Hope gritou com ela, jogou os papeis de qualquer jeito, espalhando-os pelo chão e se preparou para sair.

"Você ao menos tentou?" Kori rebateu chateada.

"Ele pediu para que eu não tentasse." Hope respondeu. "E você também não deveria." Ela bateu à porta ao sair e Kori se permitiu chorar.

Ela tinha feito planos e isso incluía sua irmã, ela não achou que Hope estaria conformada com a morte do pai, Kori se convenceu que a irmã ficaria feliz por ela encontrar uma maneira, e que ficaria feliz. Mas Hope parecia não acreditar mais, já tinha se conformado, aceitou a morte de Klaus e Elijah, e seguiu em frente. De qualquer maneira, a irmã teve o privilégio de conhecê-lo, ao contrário dela, talvez por isso a inércia de Hope fosse tão conformista.

Agora Kori só sentia medo, ela colocou sua amizade com Hope em risco e perdeu tudo o que tinha conquistado até aquele momento.  A bruxa foi até a caixa de cartas e escolheu uma, ela se sentou na cama e a abriu.

"Niklaus, hoje eu senti sua falta como há muito tempo não sentia. Kori teve seu primeiro recital de violoncelo, foi a solista mais aplaudida da noite. Tenho certeza que você explodiria de orgulho, ela herdou o seu talento artístico.
Consigo imagina-lo contando a ela, histórias sobre conhecer Chopin, ou Beethoven, ou como você conquistou uma solista do século passado, não duvido que isso tenha de fato acontecido. Foi um privilégio conhecer você, mesmo com todos os nossos problemas, mas gostaria que ela pudesse desfrutar da sua existência. A propósito, Hope também merecia mais, soube que se afastou dela, eu há vi outro dia quando fui buscar informações sobre seu paradeiro, a pequena sente sua falta.

Todos nós sentimos. Com amor, Bonnie."

Ela abraçou a foto que acompanhava a carta, em que as duas apareciam juntas no seu primeiro concerto de violoncelo. O sorriso de sua mãe refletindo o orgulho e amor por ela. Kori adormeceu com a certeza de que não desistiria de trazer seu pai de volta, eles mereciam isso.

O Diário de Kori - KlonnieOnde histórias criam vida. Descubra agora