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Seus sentidos haviam se amortecido a um segundo quando uma revoada de sons, cheiros, gostos e objetos explodiram a sua volta. Ela abriu os olhos e tornou a fecha-los no mesmo instante, as luzes e cores pareciam dispostas a cegar quem quer que fosse.

O som de três corações e um bipe alto que não parava de soar, alguma coisa entrava em seu corpo como em um conta-gotas, ela buscou a fonte incomoda e arrancou do braço o acesso do soro e da medicação, tentou mais uma vez abrir os olhos e viu dois vultos muito próximos, suas vozes lhe arranhavam os tímpanos.

"Kori, se acalme!" Ela reconheceu a voz de Bonnie.

A boca dela doía inteira, parecia que estivera cheia de areia, era seca e suas gengivas coçavam.

"Acalme-se, filha." Bonnie voltou a dizer. Os olhos de Kori dessa vez puderam focar na mãe.

"Mãe!" Ela choramingou. O cheiro de Bonnie lhe trouxe um conforto absurdo e aos poucos as sensações foram se reduzindo.

"Avise ao Klaus!" Uma voz grave falou.

Bonnie chorou abraçando a filha que retribuiu o abraço da mãe com emoção.

Mais atrás de Bonnie ela reconheceu Elijah e Antoinette. A vampira tinha o celular colado a orelha e seu tio tinha olhos atentos a ela e um sorriso de alívio.

"Como você está, como está se sentindo?" Bonnie perguntou inspecionando o corpo da filha.

"Estou bem, eu acho." Ela respondeu mais calma.

"Klaus está a caminho." Antoinette falou se aproximando também com um vasto sorriso. "Que bom que você acordou, querida." Ela disse ao lado de Elijah.

"Como assim acordei, eu desmaiei? Não me lembro de nada." Ela falou confusa.

"Você entrou em coma, Kori, ficou desacordada por dez dias." A mãe respondeu vendo-a ficar surpresa.

"Dez dias?" Ela repetiu para ela mesma, parecia inacreditável.

As enfermeiras entraram no quarto, uma começou a desligar os aparelhos desnecessários e a outra fazia testes básicos com Kori quando olhos azuis ansiosos cruzaram o limiar da porta. Mas não era seu pai.

"Kori!" A voz de Hope soou sobressaindo todo o resto. Ela pulou na cama da irmã e a apertou em um abraço forte, para sua surpresa, Kori correspondeu com igual necessidade.

"Me perdoa, eu quase tive que te perder para entender que nada no mundo deveria ficar entre a gente." O choro de Hope era carregado de culpa e um arrependimento que comoveu todos à sua volta.

"Está tudo bem." A voz de Kori era entrecortada pelo soluço. Quando ela abriu os olhos viu Klaus, ele se manteve próximo a porta fechada por onde acabaram de sair às enfermeiras.

As lembranças alcançaram Kori novamente. Ela se lembrou de ter tomado as pílulas, misturado umas com as outras com o único desejo de sumir. O olhar que seu pai lhe deu naquele dia era diferente do olhar de hoje, mas mesmo assim a intensidade de tudo o que aconteceu lhe causou vergonha.

"Vamos deixá-los conversar, estaremos lá fora." Elijah saiu do quarto com Antoinette e Hope fez menção de sair também mas Bonnie a pediu para ficar.

Era chegada a hora de colocar tudo em pratos limpos.

Klaus andou até a filha, suas mãos tocaram o rosto da menina e ele a inspecionou por alguns segundos antes de aperta-lá nos braços, as lágrimas represadas em seus olhos eram de alívio.

Agora sim, agora que estavam todos felizes pelo despertar da bruxa o assunto mais importante viria a ser tratado.

"Eu sei que o que eu fiz foi errado... Eu só..." Ela começou a dizer mas não tinha uma desculpa razoável para dar, e também não desejava jogar a culpa de suas escolhas nas costas de mais ninguém.

O Diário de Kori - KlonnieWhere stories live. Discover now