Cláudia

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Bati na porta. Nada. Bati novamente. Nenhuma resposta.

Quando me preparava para ir embora a vi subindo os últimos lances de degrau do andar. Ao me ver ela paralisou. Largou as sacolas que carregava e me abraçou muito forte. Depois me soltou e começou a bateu em meu braço, brava.

- Por onde você andou? Não deu nenhuma notícia. Pensei que tivesse morrido. Sumiu por todos esses dias e não sabe o susto que me deu. Queria o quê? Chamar a atenção? Porque se foi isso, conseguiu. E que roupas são essas? Não vai me dizer que está namorando e não havia me comunicado?

Quando ela mencionou as roupas, eu olhei para baixo. Havia me esquecido que ainda usava as roupas de Seungkwan. E mesmo que eu quisesse dizer a ela que não estava namorando ninguém, seria difícil contrariá-la sem contar o que eu tinha feito todos esses dias. Mas ali, no meio do corredor, não era local para contar minha história, sendo assim pedi:

- Dá pra se acalmar e me deixar explicar?

- Em que confusão se meteu? - ela falou abrindo a porta e depois se abaixando para pegar as sacolas.

Cláudia e eu somos muito amigas, diria as melhores, já que ela é a única amiga que tenho. Ele é cinco anos mais velha do que eu e eu a conheço há dois anos desde que consegui emprego em uma livraria como estoquista. Ela já era caixa lá e de cara nos demos bem. Por ela ser mais velha sempre me dava conselhos e me ouvia quando eu precisava falar dos problemas com meu pai ou com minhas irmãs. Cláudia mora sozinha. Não namora. Diz que homens são perda de tempo por serem as criaturas mais tapadas que ela conhece. Sempre me faz rir quando começa a falar sobre seus ex-namorados e de quando desistiu de encontrar alguém para dividir a vida. Mesmo ela sendo assim, em nenhum momento me incentivou a ser solteirona como ela. Mas eu nunca liguei para isso. Digamos que em Village Wolf os homens bonitos e inteligentes são raridade. Pelo menos era o que pensava até conhecer Seungkwan e seu amigo bonitão, Mingyu.

- E desde quando sou de me meter em confusão?

- Está certo. Mas antes entre e venha me ajudar a arrumar essas coisas.

Entrei e a ajudei com as compras do supermercado. Em seguida sentei-me na bancada da cozinha enquanto ela preparava um suco. Estendeu um copo para mim e eu a aconselhei a se sentar. Relutou um pouco, mas acabou acatando meu conselho. Depois de discorrer sobre tudo o que eu havia passado nesses dias, finalmente ela falou:

- É ainda bem que você me disse para sentar do contrário acho que teria caído.

- Eu te falei.

- Mas você confia nele? Quero dizer, você acabou de conhecê-lo! E se ele for um deles?

- Eu não sei o que dizer, mas que ele cuidou muito bem de mim, ele cuidou. E, além disso, a mãe do amigo e o amigo dele também pareciam ser boas pessoas. Sem eles eu não estaria aqui agora com você e sim morta congelada, ou quem sabe até mesmo poderia ter virado comida para algum deles.

- Tudo bem eu entendo e, devo dizer, que se o conhecer tenho que agradecê-lo, mas não sei não amiga. Isso é estranho demais.

Não queria, mas tinha que concordar com ela. A floresta era o lugar mais suspeito da cidade. E eu havia me envolvido com pessoas que nunca imaginaria que existiam. Naquela noite, Cláudia me deixou dormir em sua casa, mas a noite não foi das melhores...



Eu não conseguia distinguir exatamente onde eu estava, mas a aparência da casa não era das melhores. Eu permanecia imóvel, estava deitada sobre uma mesa cirúrgica, amarrada, totalmente inerte. Não conseguia sequer mexer os dedos dos pés. Olhava para um teto alto e aterrorizante. Pensei que pudesse estar sedada, mas como poderia se estava consciente? Tentei movimentar a cabeça, porém sem sucesso, tudo o que consegui foi notar que não estava sozinha. Com certeza havia alguém ali. Alguém que eu não conhecia e que parecia ser o personagem horripilante de um filme de terror desses bem vagabundos. Ele ou ela, não sei exatamente, porque não conseguia distinguir com a pouca claridade que o ambiente dispunha, foi se aproximando com passos pesados e tudo o que vi pelo canto do olho foi que trazia em suas mãos uma espécie de animal peludo, grande, deslumbrante e provavelmente morto, porque não estava mostrando reação alguma, assim como eu, colocando-o na cama ao meu lado direito e então após depositá-lo veio até meu ouvido e falou:

- Muito bem querida! Isso será mais rápido do que você imagina. Serei boazinha e deixarei que você durma enquanto faço a experiência.

Nesse momento vi que se tratava de uma mulher, pelo tom de voz suave, com o qual falou. Eu senti a cor sumir dos meus olhos e ela deu um sorriso satisfeito ao ver o medo estampado neles. Ela se afastou voltando em seguida carregando uma seringa, injetou algo em meu braço e aos poucos fui adormecendo, mas não antes de ouvi-la gritar para alguém.

- Que os experimentos comecem...



Acordei totalmente suada e sem fôlego. Levantei para tomar água e quando me olhei no reflexo do vidro do armário da pia, vi ali aquele animal do meu pesadelo, parecia um lobo, branco, grande e com o pelo bem escovado.

- O que foi isso?

Falei alto colocando a mão em meu peito sentindo as batidas altas do meu coração. Tentei me acalmar e em seguida voltei para o quarto tentando dormir, mas novamente foi tudo em vão.

Filhos da Escuridão ↬ Boo SeungkwanWo Geschichten leben. Entdecke jetzt