Seja sincera ao menos uma vez

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Sentir medo não é nada agradável. Mas pior ainda, é quando sabemos que, mesmo não nos sentindo seguros, devemos enfrentá-lo porque a vida das pessoas que amamos corre risco.

Era assim que eu me sentia nesse exato momento. Com medo. Eu já havia visto do que eu era capaz, mas minha mãe também havia me mostrado suas motivações e o quão longe iria por elas. Eu ainda tinha muitas perguntas e, mesmo já sabendo um pouco mais a respeito do meu lobo interior, ainda não sabia se seria capaz de controlar a minha transformação. E também havia essa lenda da qual Seungkwan e eu éramos os "protagonistas". O medo poderia ter me paralisado. Eu não sabia o que fazer, só sabia que tinha que arrumar uma maneira de salvar meu irmão, meus amigos e as pessoas inocentes que minha mãe poderia querer machucar. Eu só podia contar comigo e meu lado lobo. E, sinceramente, eu esperava ser suficiente porque, mesmo confusa e desorientada, eu faria tudo ao meu alcance para trazê-los sem muitos ferimentos.

Saí do apartamento e, ao chegar, à entrada do prédio, notei uma movimentação estranha, na saída da cidade, bem próxima a estrada que levava a floresta.

- O que está havendo?

- Os lobisomens estão se movimentando. - Yoongi responde, mesmo eu não esperando resposta.

Sigo na direção contrária, onde segundo Cláudia, minha amada mamãe queria me encontrar. Deixo Yoongi e Hope escondidos e com instruções específicas para eles, caso minha mãe viesse com truques sujos. Ao chegar lá Seungkwan, Mingyu, DK, Hoshi e Vernon estavam, cada um, sendo mantido imóveis, sentados em um banco no parque, sem brilho em seus olhos, pelo que eu acredito, serem efeito de ilusões, pois do contrário nada os seguraria. Minhas pernas tremem um pouco ao vê-los daquela maneira.

"Se eles estão assim, o que será de mim?"

"Não se preocupe. Você tem a mim e, acredite, tudo dará certo."

"Espero que tenha razão".

- Ora. Ora. Vejo que você veio mesmo. - Lily fala assim que me avista. - Preciso admitir que me surpreendeu. Não esperava que viesse.

- O que você fez com eles? - pergunto, indicando meus amigos, ao me aproximar cada vez mais e tentando não deixar transparecer o quão hesitante estou.

O tráfego no centro da cidade havia sido interrompido. Os cidadãos estavam todos reunidos em volta da minha mãe.

- Nada demais. Apenas dei a eles o que mais queriam.

- E quanto as pessoas?

- Ah! Essas estão aqui apenas por curiosidade. Um defeito grave, na minha opinião, para uma raça tão inferior a nossa.

- Você se julga melhor do que eles? Porque eu não. Sou tão humana quanto eles.

- Isso é porque você conviveu com eles por longos anos, mas eu não. E ainda bem.

- O que você quer? Por que me queria aqui?

- Quero que meus dois filhos estejam presentes quando eu conseguir o que sempre quis.

- Por favor, não faça isso. Não fale como se fossemos uma família feliz ou que nos ama de verdade. Seja sincera ao menos uma vez.

- Está bem. Já que me pediu. Acredito que será mesmo seu último pedido, então vou acatar. Trouxe vocês dois aqui porque serão os primeiros a terem a honra de fazerem uma refeição decente, assim que eu controlar esses humanos imprestáveis e eles mesmos se oferecerem para servirem de alimento para todos os Filhos da Escuridão.

- O que está querendo me dizer é que nos forçará a beber do sangue deles?

- Exatamente.

- E como pretende fazer isso? Não poderá os controlar. Você não possui meu dom.

Filhos da Escuridão ↬ Boo SeungkwanOnde histórias criam vida. Descubra agora