São Apenas Sonhos?

56 10 2
                                    



Encontrava-me parada sem reação, olhando para três corpos ensanguentados caídos no chão em minha frente. Eram três pessoas conhecidas por mim: meu pai e minhas duas irmãs. Ajoelhei-me para ter certeza de que não estavam respirando e, ao me levantar, havia um espelho refletindo meu eu com sangue por toda a boca.

- Não pode ser verdade!

Olhei para minhas mãos e vi que as mesmas estavam sujas com o sangue de ambos, ao olhar novamente para os corpos, eles estavam com marcas de mordidas por todo lado e no espelho, meu reflexo, mostrava caninos bem visíveis e afiados. Só então percebi que havia alguém atrás de mim. Caminhando em minha direção, ela pousou suas mãos em meus ombros e inclinando-se, o mais próximo possível do meu ouvido, sussurrou:

- Eu avisei que você deveria ter me procurado antes que isso acontecesse.

Ela me encarou através do espelho e sorriu.

- O que você fez?

- Eu? Eu não fiz nada. Foi você quem vez.

- Não pode ser verdade!

- Acredite. Aceite. É verdade. Você é um monstro!

- Mentira. Isso é mentira!

Eu gritava enquanto me virava para ela e a esmurrava, com meus punhos fechados. Ela os conteve e olhando fixamente meus olhos em lágrimas disse:

- Eu falei para você onde me encontrar antes que fosse tarde, mas você achou que deveria me ignorar porque eu não dizia a verdade. A prova está aí agora. VOCÊ MATOU A SUA FAMÍLIA!

Eu caí de joelhos enquanto ela ainda segurava meus pulsos. Sempre repetindo que não era verdade. De repente tudo começou a mudar. Os corpos sumiram, a casa estava intacta novamente e pude notar que era a casa de meu pai.

- O que aconteceu?

- Eu te dei apenas um pequeno vislumbre do que acontecerá se você não vier me encontrar.

Ela disse soltando meus pulsos e se inclinando um pouco para acompanhar meus olhos.

- E quem é você?

- Eu? Sou seu pior pesadelo. E a menos que você queira ver sua família morta venha me encontrar. Estarei te esperando em sua casa amanhã. Até lá.

Ela deu o sorriso de um psicopata, se virou e saiu. Eu me levantei e enquanto descia as escadas acabei tropeçando, rolando e...


⧪⧪⧪⧪⧪⧪


Acordei novamente suando frio. Estava assustada e com o coração batendo rápido demais.

- Mas o que foi isso? Que tipo de sonho foi esse? Quem é ela? E o que quer comigo? Parece que a conheço, mas não me lembro de onde.

Nesse instante deitei, colocando a cabeça no travesseiro, mas, então levantei, bruscamente.

- Lily. Aquela era Lily.

Depois de lembrar dela fiquei um bom tempo me perguntando o que ela iria querer comigo e tentando entender o que aqueles dois sonhos significavam, porém, devido ao excesso de pensamentos e teorias, aos poucos, o sono foi me vencendo e acabei adormecendo outra vez.


⧪⧪⧪⧪⧪⧪


Dessa vez estava no alto de uma colina sentada vendo o pôr-do-sol. Novamente estava perdida da localização exata de onde me encontrava, mas o cheiro que ali predominava me era familiar. Fiquei por alguns instantes apenas contemplando aquele lindo fim de tarde quando uma mulher muito bela apareceu. Não era muito alta, mas também não era baixa, corpo esbelto com curvas. Tinha cabelos brancos enormes, olhos cor de caramelo e um sorriso meigo e terno. Trajava apenas um vestido vermelho florido bem leve, com sapatilhas cor de pele. Sem dizer nada, ela apenas sentou do meu lado e pegou minha mão. O toque dela me confortou, de alguma forma, e, por esse motivo, permiti que continuássemos assim. Após um momento de silêncio ela se pronunciou, mas sem tirar os olhos do horizonte:

- Como você está filha?

- Acredito que bem, mas... eu... a conheço?

- Não muito bem, mas eu a conheço e a procuro por muitos anos. Você não faz ideia de como é bom ver como você cresceu e se tornou uma jovem linda, esperta e madura.

- Obrigada. Eu acho. Por que está me procurando e por que estamos aqui?

- Querida esse é o único lugar em que podemos conversar sem ninguém nos atrapalhar e eu precisava ver você.

- Não entendo. Eu nem a conheço.

- Eu sei, mas também sei que logo, logo você me conhecerá.

Assim que falou isso, ela se calou e continuou a segurar minha mão. Anoiteceu e eu estava quase adormecendo, depositando minha cabeça em seu ombro, quando ela sussurrou:

- Está na hora de você ir. Nós nos encontraremos em breve e eu poderei contar tudo o que quiser saber.

Eu me senti leve e aos poucos ela foi sumindo...


⧪⧪⧪⧪⧪⧪


Acordei novamente. E logo voltei a pensar sobre os sonhos, ou pesadelos, da noite anterior.

"São apenas sonhos? Ou será que há algo por trás de tudo isso? Não podiam ser apenas sonhos. Eram tão reais. Mais pareciam..."

Balancei a cabeça tentando afastar os pensamentos e então vi, que, dessa vez, já era dia e os primeiros raios de sol se faziam presentes, entrando pela pequena janela do apartamento. Resolvi levantar, fiz minhas higienes matinais e segui para a cozinha de onde o cheiro de café transbordava, abrindo meu apetite.

- Com fome? - Cláudia perguntou sem virar para mim.

- Sempre.

Tomamos café enquanto colocamos alguns assuntos em dia. Depois que terminamos eu pedi a Cláudia.

- Você poderia me acompanhar até a casa do meu pai?

Filhos da Escuridão ↬ Boo SeungkwanWhere stories live. Discover now