Vá até o desenho.

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[14.11.19      05:39am]

Do outro lado do bairro, três meninos se encontravam na delegacia de frente à um delegado o qual não os entendiam e fazia pouco caso sobre o assunto.

— Por favor, senhor, ele está lá faz horas. Mesmo que não acreditem em coisas sobrenaturais pelo menos deveriam ir até lá verificar! — implorava Chris pela milésima vez, sentindo a raiva tomar conta de seu corpo.

Desde o momento em que Chan e Changbin receberam o aviso de ChaeYoung dizendo onde MinHo estava, os três tentaram telefonar para o menino, mas aquilo fora impossível visto que o telefone do mesmo se encontrava sem sinal.
Horas se passaram e nenhum deles pregaram os olhos, pensando sobre o que poderia estar acontecendo com o amigo.
Depois de horas sentados esperando uma mensagem de MinHo, resolveram tomar providências e ir à delegacia mais próxima para assim então profissionais averiguarem melhor o caso.

— Vocês deveriam estar fazendo algo. MinHo nem sequer chegou em sua casa e isso foi dito por sua mãe. Nós estamos preocupados com nosso amigo. — Changbin cuspia as palavras com seus olhinhos marejados e preocupação visível.

— Desculpem-nos, mas não podemos fazer muito visto que seu amigo sumiu há menos de vinte e quatro horas. Veja bem, Lee MinHo é um homem maior de idade, talvez esteja em alguma balada.

— Ele não está em balada alguma! Já lhe mostramos as mensagens que Chae trocou com ele, já lhe mostramos as últimas notícias sobre aquela casa, já ligamos para a mãe dele e a mesma estava desesperada. O que mais vocês querem? — Chris com sua irritação evidente e mãos em punhos suplicava — MinHo trabalha comigo e eu vi o quão sonolento estava, eu tenho certeza que ele não iria para lugar algum que não fosse sua casa.

O delegado suspirou com sua paciência esgotada.

— Não podemos tomar providências. Voltem aqui amanhã, as vinte e quatro horas já terão passado e então poderemos ajudar. Não se preocupem, não deve ter acontecido nada grave.

MinHo o tocou e então Jisung virou até estarem frente à frente.
Com seus olhos negros o encarou e sorriu e, inclinando sua cabeça para o lado, disse:

— Te encontrei ou... Você me encontrou?

— Por favor, Jisung...

Tudo o que MinHo sentiu após aquela fala foi a fraqueza em seus músculos o fazendo cair no chão. Soltou uma reclamação após ter sua cabeça em contato com a superfície gélida, queria gritar mas seu corpo não o obedecia.
Chorando, sentia seu corpo tremer e ter tiques como o do endemoniado, este que apenas o encarava com um semblante sério. Os pensamentos do Lee estavam bagunçados, o garoto estava com raiva e suas lágrimas finalmente se tornaram gritos furiosos os quais queimavam sua garganta.

Levantou, o corpo sendo tomado por tiques e sua expressão facial séria. Seu corpo se encontrava ereto e sem muitos movimentos, seus olhos fixados ao chão não piscavam uma vez sequer. Jisung gargalhou e MinHo o seguiu dando continuidade.
Após algum tempo indeterminado de risadas, MinHo voltou a chorar e gritar.
Segurou a faca que antes deixara entrar em atrito com o chão, murmurando palavras desconexas e tentando cravá-la em sua perna esquerda que, para o sofrimento de Jisung, não havia feito muito estrago na pele do mais velho. Nada mais fazia sentido para MinHo. Não era como se estivesse se reconhecendo, aquele não era o Lee.

O moreno correu entre esbarros até o banheiro que antes era barulhento e, vendo os cacos do espelho espalhados pelo chão, sorriu. Entrou no cômodo que era apenas iluminado por um fio de luz que vinha da janela, pegando um dos maiores cacos e ferindo a si mesmo o máximo que podia.
Sorriu ao ver Jisung na porta o encarando. O endemoniado parecia feliz com aquilo mesmo que não demonstrasse tanto.

Depois de pelo menos 7 minutos se machucando com os cacos, MinHo se levantou. Seu corpo quase inerte como se estivesse sob o efeito de drogas pesava para si, mas era incontrolável.
Andando pelos cômodos da casa, avistou um dos santos que Jisung estava queimando. Aquele havia sido livrado das chamas talvez porque o loiro não tivesse notado sua existência. O possuído então gritou como se aquele fosse o último grito de sua vida não se importando com a ardência na garganta.
Não demorou para que segurasse o objeto em mãos, o jogando contra a parede fazendo quebrar, logo dando um fim nele.
Os estalos de seu pescoço se tornavam mais altos a cada minuto que se passava, o mesmo podia ser quebrado facilmente.

— O desenho, MinHo, vá até o desenho. — disse Jisung ao possuído, que sem ao menos conseguir pensar corretamente o obedeceu e seguiu seu rumo até o porão da casa — Bom garoto...

E MinHo, sem ter a noção de suas decisões e passos, desceu as escadas do escuro e gélido porão. Encontrou um extenso desenho no chão, um pentagrama invertido. Uma estrela de cabeça para baixo dentro de um círculo. Haviam múltiplas velas negras ao seu redor, algumas caídas e já apagadas por culpa do moreno que esbarrou-nas e derrubou.
Além do pentagrama, havia também um desenho na parede em frente à si, o desenho tinha enormes chifres. Baphomet estava ali.

Seu corpo inerte ao que se sentiu maravilhado ao ver aqueles desenhos, reagiu.
Andou até o meio do enorme pentagrama derrubando mais algumas velas e com seu corpo machucado e trêmulo ali desmaiou.

Peek A Boo • hjs + lmhWhere stories live. Discover now