Ele os matou.

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— Eu tenho certeza que o vi subindo as escadas — a garota mentia, seguindo Jisung ao que ele procurava, furioso, o de cabelos castanhos —, apenas não sei onde se escondeu.

Depois que ouviu os passos do Han no topo das escadas, esperou até ver o garoto desaparecer na escuridão para sair dali o mais rápido possível afim de não levantar nem uma suspeita. Sentia que deveria ajudá-lo pois de alguma forma sabia o que ele estava passando, já que sofreu o mesmo.

— Por que não o encontrei, então? — o garoto parou e fez questão de encarar seus olhos, que também eram negros.

Ela nada respondeu, apenas se manteve em silêncio. Um, dois, três segundos se passaram. Quatro, cinco, seis. Jisung riu.

— Você é patética. Quero que o encontrem, caso contrário, saberei que estão o ajudando.

Ele andou e a deixou para trás, parada nos degraus das escadas. Não se importava com o que ela dizia, sentia fúria apenas ao olhá-la e tinha certeza que poderia acabar com ela vezes seguidas.
O corpo ereto do loiro entrava em movimento a cada passo lento dado; seu pescoço continuava sendo jogado para o lado vezes seguidas, produzindo o som dos ossos se rompendo. Ele ainda chamava por MinHo, que tentava a todo custo não emitir nenhum som debaixo da mesa. O gato estava confortável em seu colo, mas não adormecia.
Jisung desaparecera, e a garota de dentes de coelho não conseguia o encontrar em lugar algum. Ela também escutava os sussurros assim como o Lee, e falava coisas estranhas e emboladas, conversando com seja lá quem fosse que estivesse ali emitindo aqueles sussurros.

— Como vamos fazer isso? — ela sussurrava, estagnada em algum outro cômodo — Temos que ajudá-lo mas e se Han descobrir?

Os cochichos se tornavam altos a cada segundo que passava, deixando sua mente bagunçada. Alguém estava bravo. Ela não suportou, e com os finos dedos puxando os cabelos lisos gritou na tentativa de fazer tudo aquilo acabar. Estava em um inferno e nunca poderia sair dali.
Diversas vezes ela clamou por ajuda, mas nunca resultou em algo. Por diversas vezes pegou-se enfurecida ao lembrar do passado. Não gostava de lembrar das mãos pesadas de Jisung forçando sua cabeça na funda piscina da casa e nem da sensação desesperadora de ter seus pulmões sendo encharcados a cada segundo que passava. Mas para ela, nada se comparava a ter os gritos de SeungMin implorando por ajuda ao ser enforcado por uma corda preta até morrer, para logo após ter seu corpo queimado.
Era horrível saber que seria a próxima a morrer depois de seu irmão. E era mais difícil ainda ter que aceitar a morte.

A garota decidiu sentar-se no chão, cansada demais ao deixar um soluço escapar, logo se entregando às lágrimas.

— Consigo escutar seus choramingos de longe. — uma outra garota disse enquanto se aproximava.

Ela era dona de cabelos dourados e médios. Tinha uma aparência jovial e um tanto quanto angelical embora sua pele também fosse estranhamente pálida.

— Desculpa, não consigo segurar. Chorar é a única coisa que posso fazer nesse lugar. 

— Eu concordo — ela sentou-se no chão —, mas não podemos parar. Chorar não vai adiantar, Lilith.

Ela consolava a amiga na mais calma voz, vendo-a assentir com os olhos inundados. Aquilo era incomum. Lilith não era do tipo que entregava-se à tristeza facilmente. Ou, pelo menos nunca demonstrou isso.

— Eu sei que não vai adiantar, mas eu sinto a falta de estar do lado de fora, Eva. Você entende?

— Entendo, meu bem — Eva aproximou-se um pouco mais até estar na frente da acastanhada e poder colocar a palma de sua mão direita na bochecha esquerda dela —, você não é a única. Estamos todos em um inferno, com demônios diferentes. Nós morremos aqui, não há maneiras de voltar atrás. Precisamos aceitar isso!

Peek A Boo • hjs + lmhWhere stories live. Discover now