Não confie nele.

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[21.11.19ㅤ03:47am]

— Vocês precisam acreditar na gente! — Changbin tentava convencer o delegado — É a milésima vez que voltamos aqui mas nunca temos respostas.

O homem intimidava os três seres que ali estavam, com sua postura séria, os deixando um tanto quanto incomodados. Seus cabelos eram negros e o dava uma aparência jovial, embora alguns fios brancos pudessem ser vistos assim como as pequenas rugas ao final de seus olhos, indicando o início de uma velhice. E, em seu uniforme havia o seu nome, Jung DakHo.

— Vocês são pagos e esse é o mínimo que deveriam fazer. — ChaeYoung dizia, alterada — Pouco nos importa suas crenças, ou se acreditam em nossas palavras, mas MinHo está vivo e por isso precisam levantar dessas poltronas e investigar o caso. E, mesmo se ele não estivesse vivo, não deveriam fingir que nada está acontecendo.

— Não nos deixarão em paz se não formos até lá, não é? — DakHo suspirou, passando as mãos pelo rosto na intenção de afastar qualquer resquício de estresse.

— Não! — disseram em uníssono.

O delegado melhorou sua postura, olhando fixamente o trio que estava sentado à sua frente talvez pela terceira vez desde que MinHo desaparecera. Aos poucos ia tomando ciência do acontecimento, e mesmo que não acreditasse em coisas sobrenaturais, sabia que era seu dever reverter toda aquela confusão, ou ao menos tentar. Lee MinHo era o assunto número um das matérias de toda a cidade, e poucas pessoas passavam por Francis Hills Street após o ocorrido. Muitos que residiam próximos à casa haviam saído, talvez se mudado, ou foram ''visitar'' alguns parentes. Outros gravavam cada segundo apenas para ter algumas visualizações na internet, principalmente na parte da noite que era quando as coisas aconteciam.

— Tudo bem, eu e minha equipe iremos averiguar o caso. Mas, antes de tudo, vocês sabem que é proibido a entrada na casa, certo?

— Não... — Bangchan respondeu rapidamente, quase atropelando as palavras do delegado. Seus olhos encontraram os de Changbin em um alerta silencioso para que ele não falasse mais nada — Não sabíamos e não faremos novamente, senhor.

— Muito bom, essas visitas no local acabam atrapalhando bastante a investigação.

Os garotos suspiraram, querendo perguntar-lhe que tipo de investigação já que ela era tratada com grande desdém. Não havia nenhuma, ela era inexistente no final das contas. Mas, mesmo com os nervos à flor da pele e com a vontade de esganá-lo, ainda mantiveram a pose.

— Apenas peço que nos procure em casos extremos, temos outras coisas para resolver também. — continuou — Precisamos de tempo e bastante paciência porque muitos aqui foram capacitados para enfrentar pessoas ao invés de coisinhas mortas.

— Não são ''coisinhas mortas'', delegado Jung. — Bangchan o corrigiu, calmamente — Essa casa já é assunto há anos. Pessoas já morreram lá antes mesmo de nascermos, e isso não pode ser acaso.

DakHo suspirou novamente, assentindo. Estava cansado daquele mesmo assunto todos os dias, e sentiu sua cabeça doer apenas ao ver o trio passar pela porta da delegacia.

— Sim, me desculpe. Como eu já disse, iremos investigar isso. Não temos prazo e também não podemos prometer rápidos resultados, mas faremos o possível para tirar MinHo de lá em segurança.

Os três assentiram e trocaram sorrisos vitoriosos.

A madrugada fria deixava a pele de MinHo mais pálida do que o normal, e a ponta de seu nariz era gelada. Ele havia ficado, por um tempo indeterminado, naquele porão junto às outras almas, estas que o passaram uma tranquilidade inigualável. Por tantos dias o garoto se sentiu sozinho, embora estivesse ciente do contrário, mas era uma solidão diferente. Antes ele se sentia perdido em um mar profundo e desconhecido, onde neste apenas habitava seres perigosos e inconfiáveis que a qualquer momento acabariam com a sua vida destroçando o seu corpo até seus batimentos cardíacos se tornarem nulos. Mas, depois de escutar as vozes daquelas pessoas, ele finalmente se tornou mais corajoso para enfrentar qualquer tipo de coisa.

Peek A Boo • hjs + lmhWhere stories live. Discover now