Não vai ficar tudo bem!

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O Bang mesmo com seus músculos tremendo, aceitou segurar as mãos de seus amigos. Algumas lágrimas faziam trilha dos seus olhos até o final de sua face, e Changbin por vezes tratou de secá-las.
Sua mente insistia em criar diversos acontecimentos horríveis, e sempre surgia o desagradável “e se…?” para si. Era como uma batalha, uma difícil e árdua luta contra vários oponentes, mas ele não possuia armas para matá-los. Estava sem proteção, sozinho no meio de vários famintos por sua energia e não sabia como sair dali, mas ele precisava.

Após as palavras de Changbin, permitiu-se respirar profundamente, ainda trêmulo. Foi capaz de ver melhoras após sentir seus dedos serem entrelaçados aos de seus amigos, andando lentamente e escutando as vozes dos dois perto de si indicando que ele não estava sozinho naquela batalha.

— Um, dois, três… — os dois amigos contavam lentamente, com as mais calmas das vozes. ChaeYoung trabalhava com seu dedo polegar nas mãos de Bangchan, deixando uma carícia ali. — quatro, cinco, seis…

A cada passo dado, Chan se acalmava. A sua respiração que antes era descontrolada se tornara estável após a ajuda de seus amigos. Não sabia o que faria sem eles. Se estivesse acompanhando outra pessoa teria certeza que sua crise pioraria apenas pelo fato de ninguém lhe ajudar ou se importar com aquilo no momento.
Após alguns minutos de passos lentos e calmos juntamente com as vozes de seus amigos contando pelo menos até o centésimo dos outros infinitos números, chegaram à rua Francis Hills.
A madrugada fria e lotada de neblina fez os músculos dos três únicos ali tremerem, talvez em ansiedade e medo, ou talvez em frio. As árvores eram barulhentas por conta da ventania; algumas tão próximas de outras que chocavam-se entre si, fazendo folhas caírem de seus galhos e trazendo uma forte sensação de perseguição para os três.
Sentiam-se observados apesar de que não houvesse ninguém ali presente.

— Vocês têm a mais pura certeza de que não querem voltar? — perguntou Chae, novamente.

— Puta merda, não vamos voltar! — vociferou Changbin, um pouco mais alterado por causa da mais velha — Já estamos aqui, certo? E não vamos entrar na casa de qualquer forma, parem de ser medrosos.

— Nós podemos fazer isso de forma rápida? Eu tenho medo… — Bangchan disse, ou sussurrou já que seu tom de voz foi tão baixo que por um milagre os outros conseguiram ouvir. Voltou a falar ao ver o Seo abrir a boca — eu sei que sou medroso, cala a boca, desgraçado!

— Tudo bem, vamos acabar logo com isso, já está me dando nos nervos. — a de cabelos curtos segurou novamente a mão de Bangchan, pronta para partir mas o loiro não se moveu.

Viram Changbin andando um pouco mais à frente sem perceber que não tinha a companhia dos outros dois mais velhos. Gritaram o nome do garoto, fazendo com que ele olhasse para trás e voltasse rapidamente para segurar a mão de Bangchan.
Mesmo que Changbin também segurasse sua mão e a apertasse levemente, Chan ainda precisou de alguns abraços e mais uma série de “vai ficar tudo bem!” vindo de seus amigos.

Deram o primeiro passo, entrando na rua que continha uma placa desgastada na esquina. A cada passo dado, eles se arrepiavam. Passaram por algumas outras casas, umas vívidas; com cores quentes e flores no quintal, e outras um pouco mais sombrias; com cores frias, sem uma flor e quando tinha, estava sem vida.
Os garotos estavam calados, prestavam muita atenção em cada mínino detalhe e não sentiam-se bem o suficiente para qualquer um ali iniciar uma conversa. A atmosfera era pesada, e piorou quando passaram por uma grande casa de aparência espantosa, com uma longa fita amarela para isolamento de área ao redor dela. Talvez aquela casa estivesse inativa. Por um momento acharam que aquela era a casa que MinHo estava, mas perceberam que estavam errados quando escutaram gritos e estrondos vindos da casa ao lado.
Correram até a frente da residência, vendo o quão assustadora ela era. As grades do portão eram enferrujadas, completamente desgastadas; a casa extensa e de dois andares continha uma cor marrom e as flores do quintal estavam mortas. Se não fosse pelos casos anteriores de morte e também por seu amigo preso lá dentro, aquela seria apenas mais uma casa antiga e medonha que passaria despercebida por todos.

— Vamos entrar? — perguntou Changbin de início, estudando as grades que separavam a casa e a rua — Acham que está trancado?

— Só saberemos se tentarmos… — respondeu a única menina do trio, soltando a mão do loiro e indo até o portão. Com as mãos trêmulas, passou-as entre as grades de ferro até tocar no trinco de ferro, percebendo o cadeado que havia ali. — Está trancado.

— Acham que dará certo se pularmos? — Chan se pronunciou — Vamos parar de frente para a polícia se nos verem fazendo isso.

— De qualquer forma vamos para a delegacia, vida segue plena. — Changbin deu de ombros, soltando a mão do amigo e indo rapidamente até as grades.

O Seo tocava o ferro, arrumando coragem para agir. Foi o primeiro do trio a colocar um de seus pés na grade, pegando impulso e subindo aos poucos, colocando ambos os pés em locais aleatórios até chegar ao topo. Sentado no topo do portão que mais se assemelhava com um tipo de corda bamba para si, ponderou sobre como desceria sem se machucar. Rapidamente olhou para os outros dois que ainda estavam com os pés no chão asfaltado, e suspirou logo pulando de onde estava.
Seu all star preto surrado fez barulho ao chocar-se com o solo, fazendo com que uma rápida dormência se fizesse presente em todas as regiões de suas pernas. O garoto apertou os músculos do rosto em dor, mas desfez rapidamente e esperou que os outros dois tomassem iniciativa de atravessar as enormes grades.
Os dois que ainda estavam do lado de fora se entreolharam, discutindo quem pularia primeiro. A pequena discussão demorou cerca de dois minutos, e no final dela, Chan perdeu e teve que atravessar o alto portão. ChaeYoung tentava o acalmar, lembrando-o que estava tudo bem e que tudo daria certo.
A Son pegou impulso nas grades logo após o barulho pouco alto dos sapatos avermelhados de Bangchan ser produzido, e não demorou muito tempo até o trio estar no quintal da casa assombrada.

— O que fazemos agora? — perguntou Bangchan, olhando confuso para seus amigos.

— Agora entramos na casa, oras! — Changbin ia quase pulando e indo de encontro à porta de entrada se não fosse por Chae o puxando pelo capuz de seu casaco, impedindo-o de tais ações.

— Negativo, Seo Changbin. Já conversamos sobre isso! — a garota advertia.

— O que faremos, afinal? Por onde começaremos? E por que está tão frio aqui?

Um estrondo e logo após gritos foram produzidos dentro da casa, fazendo o coração dos três acelerarem e os pêlos de seus braços eriçarem. As pernas de Bangchan tremiam, e ChaeYoung segurou novamente uma de suas mãos.

— Começaremos por aqui!

Peek A Boo • hjs + lmhWhere stories live. Discover now