Negro como a melancólica noite.

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O coração de MinHo pulava na caixa torácica e ele sentia que podia vomitá-lo à qualquer momento enquanto corria pela casa à procura de um lugar para poder se esconder. Não sabia se o jogo continuava mesmo sob a luz do dia, se tornando confuso, mas mesmo assim suas pernas não sossegavam.
Correu sem rumo até a sala de jantar, arrastando levemente algumas cadeiras que se encontravam em frente à extensa mesa marrom, se escondendo embaixo dela e puxando suas cadeiras de volta. O moreno logo ponderou em sair dali e assim então achar algum lugar mais seguro mas suas pernas não o obedeciam. Não se sentia corajoso o suficiente para sair dali.

Após ter seu magro corpo sendo tapado pelas cadeiras, se permitiu suspirar e encolher as pernas, abraçando-as. Estava preocupado, não queria ver Jisung mais uma vez. Só de pensar no mesmo os pêlos de seus braços eriçavam. Pensou, pensou e pensou em diversas maneiras para conseguir sair daquela vivenda mas todas elas terminavam com sequências de "não dá certo", "ah, não tem como porquê..." e "se eu fizer isso ele vai me ver".
Pensou tanto não só em coisas relacionadas ao seu sofrimento atual como também passado e só percebeu a presença de um felino ao seu lado após o miado do mesmo.
Levou um susto com o barulho mas sorriu logo após, ignorando todo o resquício de medo e insegurança que existia em si.

— Olá, neném, como vai? — acariciou os fios negros do gato. — Qual é o seu nome? Você quer comidinha?

Admirado com o bichano, o pegou no colo fazendo com que alguns pêlos fossem soltos em sua roupa suja e amarrotada, mas não se importou com aquilo. Acariciou seus pêlos até ouvir seu ronrono e seus olhos esverdeados fecharem levemente, indicando a sonolência.
Depois de alguns minutos mergulhados em muita carícia e amor, MinHo questionou-se por aonde o pequenino entrou. Tentou chegar a várias conclusões, mas era impossível. Não havia visto nenhum local aberto pela casa até o momento.

— Por onde você entrou, hein? Me responda, neném! — disse segurando a cabeça pequena do felino em suas mãos cuidadosamente, fazendo-o encarar seus olhos — Só você pode me ajudar agora e para isso vai precisar me contar, por favor...

MinHo apenas parou de implorar ao gato por uma resposta após perceber o quão imaturo estava sendo, oras, gatos não falam.
Sentia-se triste por tal fato, tinha certeza de que se os animais — principalmente os gatos — falassem pelo menos naquele momento não se sentiria tão sozinho.
Suspirou prolongadamente, tirando de sua frente as cadeiras que lhe cobriam e esticando suas pernas lentamente, não queria incomodar a bolinha de pêlos que estava aninhado em seu colo, mas suas pernas formigavam. Ficou por um tempo naquela mesma posição e então estranhou não ter visto Jisung, ou não ter escutado nenhum outro barulho além do miado do gato após o grito ensurdecedor que o demônio deu.
Por fim, saiu do esconderijo pouco seguro com o bichano ainda em seu colo, sentindo o mesmo encostar a cabeça em seu peito. Sorriu com lágrimas nos olhos. Sentia falta de suas gatas. Se sentia preocupado sobre sua alimentação, e o mais importante, se estavam oferecendo-as muito carinho e amor. Mesmo com todas as preocupações e toda a saudade que se instalava em seu peito fazendo com que seu coração doesse, tentou afastar os pensamentos acariciando levemente o topo da cabeça do ser que segurava.

— Eu vou cuidar de você, não precisa ter medo. — sussurrou.

Curioso e ainda um pouco amedrontado, decidiu andar até a porta do porão. Uma parte de si dizia que o melhor seria não descer lá e prezar a sua segurança, mas a outra dizia que estava tudo bem e havia muitas coisas para serem exploradas no local.
Não sabia qual decisão tomar mas sabia qual era a correta, porém isso era tão difícil para si.

— O que você acha de irmos até lá, fofinho? Acha que será seguro? — tirou a cabeça do gato de seu peito, colocando-o em frente ao seu rosto e olhando para seus olhinhos hipnotizantes — Acha que se Jisung aparecer poderá correr e se esconder dele em algum local da casa? Não precisa se preocupar comigo, eu te encontrarei novamente se isso acontecer.

Cautelosamente, desceu as escadas do porão, parando imediatamente ao que seu coração acelerou em meio ao breu.
Pensou em dar meia volta e cuidar do gatinho em algum outro lugar mas se sentia curioso o suficiente para se arriscar a ir um pouco mais longe.
Respirou fundo algumas vezes e andou, lentamente correndo a mão esquerda pela parede na tentativa de encontrar algum interruptor de luz por ali. Bateu levemente seu joelho em algo enorme, e ajoelhou-se resmungando baixinho conforme a dor aumentou. Não sabia o que era mas aparentemente algum tipo de armário de madeira porém não se importou com aquilo.
tremendo, não encontrou nenhum interruptor mas conseguiu sentir uma fina corda tocando as costas de sua mão. Enroscou sua mão ali, puxando-a suavemente e então se ouviu um "clic" no local fazendo a luz fraca e amarela acender-se. Sentiu vontade de fugir dali rapidamente ao que a visão que tinha era de um espaço enorme até mesmo para alguém viver ali confortavelmente tomado por velas apagadas e algumas caídas, mas de qualquer forma não queria assustar o gatinho em seus braços.

Caminhou até as velas, prestando atenção em cada uma notando também a cor delas; negras como os pêlos do felino em seu colo, ou como a escura e melancólica noite.
Deixou, então, o gato liberto àquele espaço limitado. Ajoelhou-se ao ver o pentagrama desenhado ao chão, passando levemente os dedos sobre o mesmo enquanto observava o animal caminhar lentamente até o centro do desenho.

— Saia daí, garoto, você não sabe o perigo que é ficar aí! — tentou alertá-lo, apreensivo sobre o que poderia acontecer se ele continuasse ali, mas de nada adiantou.

Desistiu por fim e continuou explorando o local, tocando tudo o que era capaz e conhecendo cada mínimo canto daquele cômodo.
Estava pronto para voltar para algum outro local da casa se não fosse por uma abertura estranha em um canto mais afastado e escondido. Sua curiosidade falou mais alto fazendo-o andar rapidamente até lá, e quando chegou pôde ter a quase certeza de que aquele era um dos únicos momentos bons que tivera durante todos aqueles dias ali.

oh quem voltou!!! que saudades que eu senti, socorro!
vocês se cuidaram, certo? estão bem? aaaaaaaaaaaaa 💖💖💖💖

Peek A Boo • hjs + lmhWhere stories live. Discover now