Ela pode escutar tudo.

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FUJA E CHAME ALGUÉM! — MinHo gritou — ELE IRÁ ME MATAR.

MinHo correu após ver Jisung ir atrás dele.

O moreno escutou barulhos no portão minutos atrás antes de confirmar que, sim, havia alguém ao redor da casa. Debaixo da escada, ele foi capaz de ouvir baixos soluços e o barulho da maçaneta da porta principal. Não entrou em desespero, mas continuou no mesmo lugar com os músculos tremendo e se manteve concentrado.
Após constatar que seja lá quem fosse havia encontrado a saída dos fundos da casa, tentou chegar até lá para tentar algum tipo de comunicação mas congelou ao ver Jisung parado no local.
Sons de risada, assim como alguns sussurros eram claramente escutados vindos do lado de fora.

"Talvez seja algum grupo de adolescente gravando vídeos para a internet, ou alguém querendo me tirar daqui." pensava.

Sabendo que nada seria tão fácil e que Jisung poderia machucar quem estivesse lá, MinHo gritou pedindo para que não abrissem a porta. O Han não se moveu, nem o encarou. E, então ele viu ali mais uma brecha para poder alertar novamente, e foi aí que Jisung disparou a correr em sua direção.

O coração de MinHo disparou, e ele correu em meio a escuridão. Não conseguia enxergar devidamente já que a casa era pouco iluminada pelo luar, e por isso derrubou diversas cadeiras ao passar pela sala de jantar.
Mesmo com o Han furioso atrás de si, os clamores por parte do moreno não eram cessados. Escutava os passos apressados e pesados atrás de si, e tinha medo pois sabia que ele podia facilmente o pegar ao invés de correr atrás de si em um jogo bobo de pique-esconde.
Em meio a tropeços e esbarros, MinHo encontrou uma porta semiaberta e ponderou se seria uma boa ideia entrar lá. Sem muita escolha, rapidamente a abriu até que seu corpo fosse capaz de estar dentro do cômodo até então desconhecido.
Ele fechou a porta e forçou-se a manter-se calado, pressionando a palma de sua mão direita em sua boca enquanto a esquerda encostava em seu peito afim de sentir a rápida pulsação do seu coração. Mesmo tremendo, tentou se acalmar puxando o ar para os pulmões e depois soltando-o vezes seguidas. Era como se fosse impossível, o ar já havia escapado e ele não conseguia manter a respiração regulada.

Os passos de Jisung tornaram-se inaudíveis e a casa estava em silêncio, como se nada houvesse acontecido. A total ausência de qualquer mísero som.
Após minutos na mesma posição, MinHo se viu um pouco mais calmo e pronto para procurar alguma lanterna ou qualquer outra coisa que facilitasse a sua locomoção por aquele espaço.
Tudo estava indo bem ao seu ver, até lentamente afastar seu corpo da porta. Um soco foi desferido na madeira, e mesmo não fazendo nenhum estrago ainda foi forte o suficiente para assustar MinHo e machucá-lo caso ele ainda estivesse encostado ali. O Lee saltou com o ato repentino mas continuou em silêncio enquanto se afastava lentamente da porta uma vez que Jisung podia abrí-la e encontrá-lo.
Com todo o cuidado e paciência que guardava dentro de si, correu suas mãos pelas paredes afim de encontrar algum interruptor porém desde o início seu esforço não foi eficaz.
Continuou à procura do objeto, temendo tocar em algo ou alguém enquanto dava passos cautelosos pelo local. Caminhou até esbarrar em algo pesado que machucou um de seus braços e o fez encolher silenciosamente em sinal de dor.
Três leves batidas foram emitidas na porta e MinHo esqueceu-se da dor para poder congelar o olhar no negrume do quarto.

"Rápido, MinHo, rápido!" pensou. "Ele só está querendo roubar seu tempo."

Tentando decifrar as diversas figuras aleatórias que dançavam em seus pensamentos, passava as mãos pelo grande objeto que outrora o machucou. Mesmo com a pressa sendo sua amiga e estando ao seu lado, descobriu que aquele era um armário, e com certeza, antigo. Passou os dedos pela madeira espessa e encontrou as portas no mesmo momento que o barulho baixo e lento da maçaneta da porta do quarto ecoou. Rapidamente entrou no armário, fechando as portas do grande objeto assim que ouviu um rangido.
Por um minuto, MinHo fantasiou sua morte. Por um minuto, MinHo não conseguiu pensar em mais nada além de como seus olhos ficariam estranhos e assustadores ao tornarem-se negros. Suas mãos trêmulas denunciavam seu nervosismo, e seu coração denunciava o seu medo ao bater fortemente em sua caixa torácica. Batia tão forte que até mesmo pensava que era possível qualquer outra pessoa escutar.
O garoto fechou os olhos fortemente ao ouvir uma voz, mas confuso os abriu logo depois. Era uma voz feminina, e diferente de Jisung, aquela era suave.

Peek A Boo • hjs + lmhWhere stories live. Discover now