Pelas ruas de Busan

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Então já fazia uma semana desde que eu havia encontrado aquele mapa maldito dentro daquele baú horrendo chamado Leviatã, e depois daquilo, minha vida voltou a mesma monotonia de sempre.

E não é dizer que foi porque eu não tentei, porque não foi. Definitivamente não. Eu me enfiei nos mais obscuros lugares dessa cidade, para procurar algum livro que pudesse me dar alguma dica do que havia acontecido no passado — já que a internet não me fazia esse favor. E como Busan é uma cidade cheia de antiquários, eu resolvi de visitar um por um, para tentar saber sobre meu bisavô, e nada nem ninguém tinha nada para me dizer.

Claro, tomei as precauções necessárias, evitando de sair sem disfarce, e obviamente em momento algum eu contei sobre o mapa; mas mesmo assim, sem sucesso.

O único antiquário que me falou algo que pudesse me trazer esperanças — e acabou trazendo mesmo —, foi um velho senhor que me deu uma moeda antiga. Era uma moeda simples, com aparência de ter sido judiada pelo tempo, mas que trazia uma imagem interessante: uma caveira de um lado e um navio do outro.

— Não é muita coisa, garoto, mas saiba que nas histórias, tesouros têm tudo a ver com piratas, então, pode ser que algum te ajude nisso. — Apontou para a moeda. — Cara ou coroa. Você pode negociar com eles, e tentar tirar alguma informação.

Esse velho era definitivamente maluco. Claro! Obviamente eu iria atrás de um pirata e dizer: E aí senhor pirata, tudo bem? Então, meu bisavô era o antigo rei daqui e eu estou interessado num tesouro que ele provavelmente escondeu em algum lugar. Você poderia me ajudar a encontrar?

Com certeza não. Mas enfim, eu peguei a moeda, enfiei no bolso e saí de lá, me achando o descobridor do continente asiático.

Voltei para casa, tomei um banho, e depois, enquanto eu comia algumas uvas, resolvi abrir aquele baú maldito — que acreditem ou não, eu nem me interessei em abrir depois, porque aquele cadeado moderno já me dizia que se tivesse algo de interessante ali, já teriam tirado.

Aí beleza, eu abri o baú, virei tudo o que tinha nele em cima da minha cama, e foi aí que eu me arrependi de não ter aberto antes.

Tinham muitas cartas, as quais não tinham muitas informações, mas também tinha um livro e um anel, que me chamaram bastante a atenção.

Esse anel era simples, já meio surrado e bem antigo, porém, era interessante. Ele era prata, tinha uma caveira com vários adereços, incluindo um chapéu de pirata, e onde se enfiava o dedo, parecia que era rodeado por uma serpente. Curioso e bonito, até.

Nesse momento, eu comecei a levar em consideração o que o velho antiquário havia me falado. Se tivesse alguém interessado em encontrar algum tesouro e que com certeza saberia tudo sobre ele, seria um pirata; e as evidências eram claras: um anel de pirata em meio às coisas. Meu bisavô com certeza havia escondido esse tesouro dos próprios piratas, ou então, havia feito amizade com um e pedido ajuda para escondê-lo — o que eu duvidava muito.

Mas aí chegou a hora de folhear o livro. De início, eu percebi que meu bisavô gostava de anotar muitas coisas, as quais eu não entendia, porque estava em uma língua que eu não conhecia. As inscrições tinham alguns kanjis, o que me fez ficar mais confuso, porque eu entendia o japonês, mas o que estava escrito ali, era além da minha compreensão da língua. E além disso, tinham números e alguns desenhos parecendo mapas, o que me deixou mais confuso ainda. Mas eu não desisti. Guardei esse anel e esse livro que mais me parecia um diário, tranquei o baú de novo e o escondi embaixo da minha cama.

Ok, depois disso, dois dias se passaram, até chegar hoje, o dia que eu poderia dizer que seria o melhor dia da minha vida.

Durante o café da manhã, ouvi meu pai comentando que haviam piratas na cidade, e que isso era ruim, porque toda vez que aparecia um navio por lá, alguns prejuízos eram dados à minha querida Busan. Mas eu meio que deixei esse detalhe de lado, e foquei na ideia de tentar falar com algum deles, e o que mais me interessou, foi a parte final.

Leom (jjk+kth)Where stories live. Discover now