Histórias

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Já faziam dois dias desde que eu estava dentro daquele navio fedido. O único lugar que eu gostava de ficar, era na cabine do Taehyung, porque era o ambiente mais limpo dali, e como eu era um prisioneiro que estava sob os cuidados dele, seu pai não reclamou em me deixar junto com ele, ao invés da cela, como costumavam usar com quem sequestrava.

Por esses dois dias, li parte dos livros que ele tinha, tentando entender algo que honestamente, não me fez diferença alguma. Tudo parecia sem nexo, e eu não sabia o que queria dizer, mas ele insistia que havia feito a tradução correta.

Chegamos a conclusão de que as anotações só fariam sentido, depois de traduzirmos os livros do meu bisavô, e isto ele andava fazendo arduamente, a todo tempo.

Entrei em sua cabine, após dar três toques na porta e ter recebido permissão. Ele estava sentado no mesmo lugar de sempre, fazendo a tradução do primeiro livro verde e descendo facilmente mais uma garrafa de rum.

— Como você não passa mal por beber tanto? — Perguntei.

— Sou acostumado. Eu passo mal se não beber. — Riu, sem tirar os olhos das anotações.

Me aproximei, analisando seu trabalho, e vendo o quão complicado aquilo era. As letras tinham certas combinações, e se não fossem "montadas" da forma correta, dificilmente poderiam ser traduzidas — assim ele me explicou.

Olhei para sua mão segurando a caneta e fiquei analisando as tatuagens que tinha nos dedos.

— O que significam essas tatuagens da sua mão? — Perguntei, sem me tocar que isso poderia atrapalhá-lo.

— Quer saber todas? — Franziu o cenho, me dizendo silenciosamente que me explicar isso, o faria perder tempo e seu foco na tradução.

— Não, só as dos dedos. — Simplifiquei.

— Bem, esses quatro dedos juntos formam o ano que nasci, e a do polegar, é a pata de um leão.

— Huum. — Inclinei-me um pouco, vendo seu ano de nascimento e constatando que ele era dois anos mais velho que eu.

Eu queria perguntar o motivo da pata do leão, mas não o fiz, porque sabia que iria atrapalhar. Então eu apenas me preocupei em ficar analisando as outras tatuagens, assim como as do outro braço. Fui subindo o olhar, olhando uma por uma — muito bem feitas por sinal — até que algo me chamou a atenção: seu braço, onde eu havia acertado com a lâmina da minha espada, estava parcialmente descoberto pelo tecido que havia afrouxado em seu braço, e aquela brecha foi o suficiente para eu ver que o corte estava infeccionando.

— Taehyung. — Toquei o local puxando o tecido para baixo, vendo o quão vermelho e inchado estava. — Você precisa tratar isto.

— Eu trato feridas com rum. — Gargalhou baixo.

— Eu estou falando sério.

— Jungkook, não me leve a mal, mas eu estou tentando traduzir um livro que pode ser a resposta para muitas coisas que precisamos. Não tenho tempo para tratar um machucado, então se não se importa-

— Eu me importo! — Falei mais alto, atraindo sua atenção. — Fui eu quem te machucou!

— Ah, para Jungkook! Acha que nunca tive ferimentos mais sérios?

— Kim Taehyung, olha isso! — Segurei seu braço, o virando devagar e analisando o machucado bem visível, já bem inflamado. A pele estava até quente e devia estar doendo demais. — A gente tem que limpar isso.

— Sem essa. — Puxou o braço de uma vez.

— Kim, a não ser que queira perder seu braço, eu aconselho você a tratar esse ferimento.

Leom (jjk+kth)Where stories live. Discover now