Leom (jjk+kth)

Um príncipe perdido

— A essa hora, Jungkook deve estar acordando, vai chegar na sala de jantar para o café e vai entrar em colapso nervoso. Ou talvez não, porque a Qian é amiga dele, o rei falou um monte para te defender, e ele ficou meio animado com isso. — Seokjin encara a tela do celular, à espera de uma mensagem de Jungkook.

São oito e meia da manhã e estamos em Osaka. Seokjin fugiu no meio da noite para vir para o Japão com a gente e pegamos o primeiro voo da manhã para chegarmos logo antes que os pais dele desconfiassem de algo e fossem atrás dele no aeroporto.

Estamos todos no mesmo quarto e isso não foi questão de economizar dinheiro, mas sim, de planejamento mesmo. É mais seguro, sem contar que se estivermos todos juntos, qualquer coisa que precisarmos falar um para o outro, é só chegar e falar, sem ficar naquela de sai de um quarto e vai pra outro.

Namjoon está ansioso, olhando pelo parapeito da sacada do quarto, Seokjin está analisando a tela do celular desde que se sentou na poltrona, Jimin está calado, mordendo o cantinho do dedo e Hikari está sentada num cantinho, pensativa, que foi a forma que ela ficou desde que contei que nossa família influente nada mais é que a realeza do Japão.

Sua mãe não sabia de nada, de fato. A relação que ela teve com seu pai, foi algo momentâneo, de pouquíssimo tempo, e ele logo a deixou, porque tinha coisas importantes para resolver para sua família. A mãe de Hikari nunca mais viu o jovem cavalheiro que visitava sua lojinha de conveniência, mas ele a deixou grávida, sem ao menos saber.

Pego o colarzinho que Jungkook me entregou na última noite que passei com ele. É o colarzinho com minha foto junto com meus pais, e ainda me pergunto como tudo isso aconteceu. Meu pai não foi capaz de me contar a verdade, como se não ligasse para isso, mas vendo o sorriso dele na foto, fazia parecer que ele gostava sim da minha mãe e de mim, então por que ele fez isso comigo? Por que passou a me tratar como um nada e escondeu minha própria mãe de mim? É difícil de entender e é por isso que decidi ir atrás dos Kimura. Se eles não me aceitarem como neto, eu quero pelo menos ouvir a história na versão deles, porque só assim, eu ficarei sossegado.

— Será que ele vai ficar bem? — Pergunto, direcionando a Seokjin. — Será que ele não vai ficar bravo por você ter saído de lá e vindo com a gente?

— Você não disse que ele pediria pra eu vir? — Eu assinto perante sua pergunta e ele dá de ombros. — Então ele não vai ficar bravo e sim, ele vai ficar bem. Jungkook é cabeça dura, mas ele vai ficar bem.

— Bota cabeça dura nisso. — Rio nasalado, abaixando o olhar de novo para o pingente. — Eu admito que estou com medo dele fazer alguma coisa impulsiva e acabar com o que ando planejando.

— Eu sempre tentei consertar isso nele. — O Kim se ajeita na poltrona e abre um sorriso. — Sempre dei nele uns puxões de orelha, sempre tentei alertar ele sobre as coisas, mas eu era o irmão chato, entende?

Concordo, me lembrando da forma que Jungkook sempre pintava ele para mim.

— Eu já peguei muito no pé dele. Já briguei com ele por motivos que nem nossos pais achavam necessários, mas ele nunca entendeu que eu só estava ensinando ele a usar a cabeça inteligente que ele tem, para fazer coisas a seu favor. — Suspira, e eu me ajeito no sofá, porque a conversa começa a me interessar bastante. É uma outra versão que eu não conheço, e ultimamente eu tenho me interessado em várias versões de uma mesma história. — Jungkook é muito inteligente, mas ele usa a inteligência dele para fazer coisa errada. Ele lê muitos livros, pelo menos lia, né. Ele pesquisava demais, sempre tinha sede em conhecimento, sempre quis aprender coisas novas, mas ele nunca sabe agir a favor de si mesmo. Ele é assim, se te pede algo e você nega, ele faz mesmo assim, porém escondido. Te pede só pra poder sair pela porta da frente sem culpa, mas ele vai fazer de toda forma. Ele acha que eu nunca soube daquela escada que ele esconde para fugir do quarto, mas a verdade é que eu inclusive vi Yoongi e Hoseok colocando ela lá, só nunca falei nada, porque se meus pais descobrissem, ele iria achar que eu fiz a fofoca.