Loki - A Profecia Do Infinito

Cena extra 2

Os atores observaram o portal, pela qual passaram, desaparecer e então, passaram segundos preciosos esperando por qualquer anomalia que poderia voltar acontecer. Estavam cientes demais de como tão pouco tempo poderia se refletir em meses naquelas outras realidades e não pretendiam arriscar que seres os vissem como as pessoas que realmente eram.

Eles voltaram na virada de mais um ano e, mesmo que o mundo todo compartilhasse o silêncio respeitoso que que data implicava, cada batida de seus corações lhes parecia uma sinfonia completa. A veia do nariz do que havia se nomeado Chris Evans foi a primeira a romper, seguido logo pelos demais que igualmente não eram burros ao ponto de respirarem o ar tóxico de onde estavam.

A equipe governamental que os aguardava trouxe máscaras de oxigenação apenas quando todos os responsáveis pelo ocorrido confirmaram que não haviam chance de alguém ultrapassar a barreira para o Universo Central outra vez. Seus corpos puderam em fim relaxar e voltar a forma que realmente estampavam, quando foram devidamente tratados, acolhidos e oficialmente perdoados.

- Vocês lhes contaram seus nomes? - Uma voz forte perguntou, como se aquele pequeno detalhe pudesse iniciar uma guerra.

- Nós garantimos que eles não contariam. - Um dos diretores respondeu por seus atores. - Os instruímos a convencer a todos de que haviam nascido na Terra 1. - O homem recebeu um franzir de testa desgostoso. - O que foi? Ela tem uma história inicial parecida com a nossa e pessoas que correspondem aos personagens, não havia nenhum outro lugar de origem na qual ninguém desconfiaria da mentira.

As feições daqueles que lutaram contra Loki e Nemesis aos poucos se alterava, cada um deles se recuperava perfeitamente, embora seus organismos reclamassem da drenagem de poder.

- Venham. - A equipe não parecia estar nada feliz por ser obrigada a montar aquele cenário improvisado com o risco de se exporem ao sol. - Vamos para casa.

Estavam no segundo milênio desde a Grande Queda, haviam acabado de completar sua segunda década, mas mesmo assim a vida não estava nem perto de ser a mesma. A missão que aquelas pessoas aceitaram era apenas um resquício de seus tempos mais gloriosos, uma lembrança daquilo que um dia foram capazes de fazer.

Houve um tempo em que o planeta chegou perto de ser destruído como consequência de uma grande guerra, porém aqueles que sobreviveram deram os primeiros passos para a evolução de sua espécie. Séculos mais tarde a humanidade tocou pela primeira vez o seu maior potencial e sua grandeza foi revelada: eram capazes de interferir no rumo de outros mundos. Claramente combinava com a natureza daqueles seres se apossarem dos bem valiosos que alcançavam e por isso não demorou até que todo o multiverso estivesse sendo traçado de um único ponto. Havia um futuro glorioso em suas mãos e mais uma vez eles perderam sua chance.

A Grande Queda foi o ápice do egoísmo humano. Foi quando seus dons foram arrancados por um deus de duas faces e as outras realidades foram deixadas de lado, desde então haviam entrado em um declínio profundo. Tudo que lhes restavam agora eram aqueles pequenos resquícios de sua antiga conquista, universos como aqueles em que os heróis viviam eram os poucos que permaneciam sobre o controle daquele mundo e pessoas com as habilidades dos antepassados como os diretores e aquela mulher eram os únicos que ainda poderiam manter a esperança de seus melhores tempos.

Aqueles atores representavam o símbolo da fé populacional em um mundo onde a taxa de suicídios chega a quase se equiparar com a de natalidade. Eram algumas das pessoas que mantinham seus iguais com a perseverança de que não haviam perdido tudo, mesmo que não conhecesse a vida como ela realmente foi no passado.

Talvez só se renderiam de vez quando todos os portadores do dom deixassem de existir ou quando seus próprios personagens se tornassem cientes do que realmente é a existência do lugar em que vivem.

Terra 0, seis mil quinhentos e vinte depois de Cristo.