Capítulo 11 - O Dia da Revelação

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"E posso ter pensado que éramos um só. Queria lutar nessa guerra sem armas"
Elastic Heart - Sia

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No dia seguinte, falei com Adriel para me encontrar naquela noite, para comemorarmos o meu aniversário. Combinei com ele de nos encontrarmos na padaria Diplomata, no bairro do Pina, pois queria fazer uma caminhada com ele na orla de Boa Viagem.

Consegui convencer minha gerente a me deixar sair 1 hora mais cedo do trabalho. Admito que estava nervoso, e em todo o percurso que o ônibus fez até chegar lá, não teve 1 minuto sequer, no qual eu não considerasse a possibilidade de adiar esse encontro. Mas não poderia, eu precisava disso, eu não aguentava mais esconder tudo o que vi.

•••

Quando ele chegou, eu tomava um capuccino em uma das mesas da lanchonete da padaria.

- Oi Bruno! - ele veio sorridente

- Oi Adriel, como vai? - perguntei o mais natural possível.

- Comigo tudo ótimo, e então? Vamos caminhar agora?

- Não vai comer nada?

- Não, tô sem fome agora, prefiro comer depois. Topa ir no Habib's mais tarde?

- Sim eu topo - eu já havia comido um salgado antes do capuccino, mas não dei esse detalhe.

Fomos caminhando para a praia do Pina, e conversamos enquanto andávamos pelo calçadão até Boa Viagem. Em dado momento, eu o chamei para sentarmos na areia. Fiquei alguns segundos em silêncio olhando para o mar, reunindo coragem para fazer o que viria em seguida, até que ele veio primeiro.

- Feliz aniversárioooo! - segurava um embrulho de formato retangular, que já mostrava ser um perfume.

- Adriel, não precisava, e você sabe disso!

- Besteira, é seu aniversário, como é que eu não ia te dar um presente?

- Mas não precisava, sério - eu simplesmente peguei o embrulho e coloquei na bolsa.

- Não vai ver o que é?

Eu tinha esquecido esse detalhe, ele me olhava curioso pra que eu abrisse.

- Tá vou sim - sem vontade alguma eu abri o embrulho, e era sim um perfume do O Boticário.

- Toda vez que você o passar, vou me lembrar de você, todo aroma remete a uma lembrança, seja de um lugar, de um momento, ou de alguém.

- Sim! - espirrei um pouco do perfume no pescoço, e dei também uma espirrada no ar, queria que se lembrasse desse momento mesmo.

Abri a minha bolsa e tirei de lá uma folha de papel ofício, era a versão impressa do texto que eu havia escrito na noite do meu aniversário. Um dos piores aniversários que eu já tive.

- O que é isso?

- Escrevi algo pra você.

Ele fez que ia pegar a carta da minha mão, mas eu o impedi.

- Não! Eu quero ler pra você.

- Ahh, adoro isso. Gosto muito dos textos que você escreve, principalmente de ouvir. Pode começar.

- Que bom, então é isso...

Nada a Esconder [Concluído]Where stories live. Discover now