Capítulo 24 - Pego Homem, Mas Não Curto Homem

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"Você é tão gay e nem gosta de garotos"
Ur so Gay - Katy Perry

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No dia seguinte, eu estava em casa e eis que chega uma notificação no meu Grindr. Um rapaz puxando assunto, embora eu não estivesse com muita vontade de teclar, acabei cedendo. Ele tinha um bom papo, e após muito insistir, acabei aceitando ir na casa dele, dessa vez precisei pegar um ônibus pois ele morava em Piedade.

Era sábado de Carnaval o início de todo o feriadão e a muvuca já tinha começado. Eram 09:00 da manhã e estava mais do que óbvio que eu iria pegar o ônibus cheio, acertei a aposta comigo mesmo, e fui em pé a viagem inteira, com um grupo no fundão do ônibus ouvindo brega funk nas alturas.

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Peguei o segundo ônibus para Piedade, dessa vez conseguindo sentar e ter uma viagem mais calma, quando cheguei no local marcado, ele já estava lá me esperando, era em frente à uma farmácia. Óculos escuros, bermuda jeans, camiseta regata vermelha, o cabelo preto bem penteado, corpo comum de um rapaz nos seus 25 anos que não malha, mas tem boa forma.

- A viagem foi tranquila? - ele perguntou enquanto apertava minhas mãos. - Prazer, sou Kléber

- E aí, prazer Victor - mais um para a lista dos nomes que vou esquecer - Pra ser sincero? Não Kléber. A pior coisa é andar de ônibus em pleno Carnaval, é pedir pra ter uma enxaqueca de graça. - andamos em direção à casa dele enquanto conversávamos

- Eu não curto Carnaval, vou ficar em casa esse feriadão todo, quem está lá no galo são meus tios, moro com eles, aí vou ter a casa pra mim nesses horários.

Uns 200 passos da farmácia até a casa dele, que ficava numa rua transversal à principal. Era um primeiro andar, e ele morava no térreo.

- Pode entrar, quer um pouco de água? - perguntou enquanto ligava a tv e seguia para a cozinha

- Não tô de boas

- Ok, Ah pode sentar aí no sofá tá, se quiser mudar de canal, pode mudar.

Eu não me sentia a vontade com isso, e mesmo que sentisse, a maioria dos canais estava passando a mesma coisa, transmissão do Galo da Madrugada. Ele se sentou ao meu lado e colocou o braço sobre o meu ombro.

- Você é solteiro? - perguntei.

A pergunta pareceu pegá-lo um pouco de surpresa, mas ele respondeu sem rodeios.

- Não, eu tenho namorada.

- Ahh - nem fingi surpresa - você é bi então.

- Não me considero bi, eu sou só curioso. Gosto de pegar caras as vezes, mas não curto homem.

- Ahhh tá!

Então eu encontrei o hétero, que come os gays passivos às escondidas, oculta da namorada pra não parecer menos homem, e deve ser corno também.

Eu poderia bater na minha própria cara por ter permitido, mas eu olhei pra todo aquele sacrifício que fiz no caminho e vi que eles seriam jogados no lixo caso eu desse pra trás, então eu deixei que ele continuasse o trabalho.

E como ele mesmo falou, ele só é o cara que curte pegar gays de vez em quando. Mas não teve pegada, e gozava rápido demais, tipo, coisa de 3 minutos, no máximo.

•••

Fizemos 2 vezes, após ele dizer que estava com muito desejo na primeira, mas a segunda foi o mesmo fiasco. Me pergunto até hoje como eu fui me prestar a esse papel.

Depois que nos vestimos, ele puxou uma cadeira da mesa da cozinha e sentou a alguns centímetros de mim, bem diferente da recepção pré-sexo.

- E então, você gostou?

Eu estava de cabeça baixa quando ele disse isso, amarrando o cadarço do sapato, e ali mesmo eu queria ficar, sem ser obrigado a responder essa pergunta. Quando eu olhei pra ele, parecia mesmo estar muito interessado na minha opinião, então não tive escolha e menti

- Sim Kléber foi bom.

- Só bom? - ele fez uma cara de choro falso que não convenceu.

"O que mais você quer meu filho?" - pensei.

- Tipo, foi bom Kléber, foi legal, eu gostei - mentira, mentira, outra mentira.

Eu tinha tudo pra esculachar e fazer com que ele atingisse um pouco de bom senso, mas naquele momento eu só desejei que outro fizesse isso por mim no futuro. Naquele momento eu estava com 0 vontade de dar explicações.

- Tá ok então, que bom que gostou. Quem sabe um dia rola de novo.

"Não" - pensei.

- Quem sabe né - eu disse.

- Ahh que bom. Depois a gente conversa mais no Whatsapp então, vou deixar teu número salvo aqui.

Eu estava incrédulo comigo mesmo, tinha esquecido que trocamos WhatsApp. Mais um pra eu bloquear, e isso dá preguiça.

"Que merda" - pensei

- Tá bem - eu disse

•••

Teve mais alguns poucos diálogos entre a gente, enquanto ele se vestia novamente pra me levar pra parada de ônibus. Em cada coisa que ele me dizia, eu só me perguntava se a namorada dele já não desconfiava que ele pegava rapazes, ele tinha todo o layout, embora eu não me preocupar muito com isso, mas era de se estranhar. Quando chegamos na parada de ônibus, o meu já estava vindo ao longe, ele me deu um aperto de mão antes de seguir de volta

- Não vejo a hora de ficarmos de novo, já quero replay.

"Sonha" - pensei.

- Aham, beleza - eu disse, mas ainda bem que o block eterno resolveria a situação.

Dei uma paradinha no Aeroporto para almoçar e quando dei por mim já eram 13:00hrs. Segui o meu caminho pra casa, e quando cheguei, minha família já havia saído para a casa de praia aproveitar o feriadão, tive a casa toda pra mim, e passei a tarde inteira ouvindo música com o som nas alturas.

Nada a Esconder [Concluído]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora