Capítulo 26 - A Viagem

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"E agora você está de volta, mas você não vai conseguir me ter de volta"
Jar of Hearts - Christina Perri

•••

No dia seguinte, eu acordei por volta das 07:00 da manhã, desbloqueei o celular e vi uma mensagem na barra de notificação.

Adriel
Ainda quer ir?

Eu não respondi no momento, não poderia. Ao mesmo tempo que me vinha a vontade de vê-lo, e conversar sobre tudo pessoalmente para deixar as coisas às claras, também vinha a vergonha. Eu me sentia horrível com tudo aquilo, eu me sentia pior do que ele. Eu desci o mais baixo que eu poderia descer.

Bruno
Sim, vamos.

Eu respondi, ele já estava online.

Adriel
Ok, te encontro na Rodoviária.

Eu me arrumei e organizei minhas coisas na bolsa, independente de qualquer coisa, queria muito vê-lo. Eu o queria bem. 

•••

Cheguei na rodoviária e ele já estava lá com as passagens, faltava poucos minutos para o ônibus para Garanhuns sair.

- Oi Adriel - ele estava sentado numa das fileiras de bancos, e me sentei ao lado dele, estava usando óculos escuros,

- Oi Bruno - falou, parecia um pouco ressentido e eu não o culpava por isso

- Adriel, eu preciso que saiba o...

- Bruno, não se desculpe, não precisa. Eu passei praticamente a noite toda em claro. Se eu decidi vir, foi porque em algum momento em pensei que iria sim valer a pena. Eu não viria, mas estaria mentindo se dissesse que não queria mais ver você.

- Eu também, queria muito te ver, muito mesmo.

Ele abriu um minúsculo sorriso nos lábios, e ainda mantinha a cabeça um pouco baixa, pude notar os olhos cansados ele tirou os óculos para enxugar uma lágrima que insistiu em cair.

- Me abraça - ele disse

E eu o abracei, um abraço forte e necessário. Um abraço no qual eu sabia que deveria ser dado, independente das circunstâncias.

- Essa viagem vai servir para passar uma borracha em tudo isso - ele falou sobre o meu ombro enquanto me abraçava

- Sim, tem razão. Essa viagem vai valer a pena com certeza, eu sei.

•••

O ônibus chegou e nós fomos para o embarque. Foram 3 horas de viagem no qual conversamos bastante sobre tudo. A estadia no hotel foi maravilhosa, na última noite, um dia antes de voltarmos pra casa, fomos para o cinema, e ao sair compramos sushis e temakis para comermos no quarto.

Quando chegamos no hotel, ele me pediu para não entrar no quarto naquele momento, e que eu desse um tempo na varanda. Demorou uns 8 minutos e ele me chamou de volta, quando eu entrei eu vi o porque do pedido. Ele havia preparado uma mesa com os sushis postos em pratos bem organizados, algumas velas aromatizadas que iam do chão até a mesa, e também bombons postos em cima da cama. Eu me senti envolvido por uma aura mágica, e por alguns momentos, o mundo pareceu sumir atrás da porta do quarto e aquilo era um novo mundo uma nova chance.

Nós comemos o jantar e conversamos um pouco, ao final da conversa ele me pediu um abraço, e somente aquele abraço foi o suficiente para me trazer à tona a realidade. Ele queria me ter de volta, mas eu já não o pertencia, naquele abraço eu pude ver que tudo o que me fazia permanecer, era o apego, o medo de ficar sozinho, o medo de entristecê-lo. Aquele abraço foi o gatilho que me fez perceber que nada do que ele pudesse tentar fazer, não me traria de volta pois eu já era um pássaro livre, em meu coração. Ele tinha a minha presença física, ele tinha a minha companhia, mas não me tinha mais. E eu sabia que era só questão de tempo até o inevitável acontecer.

Nada a Esconder [Concluído]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora