Nada a Esconder [Concluído]

Capítulo 13 - Como Uma Onda no Mar

"Nada do que foi será, de novo, do jeito que já foi um dia"
Como Uma Onda - Lulu Santos

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O barulho das ondas do mar, abrandaram o silêncio que se fez presente naquele momento. Foram dois minutos sem emitirmos qualquer palavra.

Durante esse tempo, ele olhava para lugar nenhum além do mar. Eu não esperava reações imediatas, mas não pude deixar de pensar mil coisas, sobre o que estaria se passando na mente dele naquele momento.

- Acho que isso é um fim né? - disse ele finalmente.

- Você acha? - olhei de volta

As lágrimas desciam dos olhos dele, e mais uma vez ele ficou em silêncio, se não fosse as ondas do mar, seria ensurdecedor.

- Isso não precisa terminar aqui Adriel, eu quero te dar mais uma chance.

- O quê? - ele olhou para mim incrédulo - O que disse? Não Bruno, definitivamente não.

- Mas porque não? Agora não há mais segredos, não há mais mentiras, podemos continuar sem...

- Bruno, acabou! - ele me interrompeu abruptamente - Não dá pra continuar entende isso? E porque você esperou chegar hoje para me contar isso? Logo hoje, um dia tão especial? - e voltou a chorar novamente.

- Sim eu planejei isso tudo Adriel.

- Então, do que adianta? Hoje era pra ser o dia de comemorar seu aniversário. Porque não me contou logo quando viu?

- Porque eu ainda estava digerindo tudo isso.

- Não dá mais, não posso. Isso é um fim.

- Adriel, não precisa ser assim - àquela altura eu já começava a chorar também.

Eu tentei dar um abraço nele, mas ele se esquivou.

- Não me toca! Não me toca! Não tá vendo que eu sou um sujo? Um imundo? Eu não mereço você Bruno.

- Eu só quero te dar um abraço Adriel. Você não precisa estar sozinho nisso.

- Mas eu estou, e eu preciso estar.

Ele se levantou bruscamente da areia, e foi embora me dando as costas.

•••

Fiquei uns 20 segundos olhando para o mar até me levantar. Eu ainda o tinha no meu campo de visão. Eu o segui até a parada de ônibus, ele notou a minha presença e se afastou o máximo que pôde. Eu respeitei isso e preferi esperar também.

O ônibus estava se aproximando e eu pedi parada, ele não se moveu de onde estava. Deixei o ônibus passar direto e continuei na lá, exatamente onde estava. Eu queria que ele soubesse que eu não desistiria tão facilmente.

Após mais três ônibus da nossa linha passarem, ele subiu no quarto ônibus. O ônibus estava praticamente vazio, mas sentamos uma boa distância um do outro. Quando chegamos no terminal integrado, fomos para a fila de embarque, mantendo uma distância considerável, e eu deixei algumas pessoas passarem na minha frente.

Toda a viagem, fui pensando no quanto eu estava sendo ridículo, mas também no quanto eu me importava com ele, e com nosso relacionamento. Agora que eu já sabia de tudo não havia mais mentiras, agora sim poderíamos recomeçar.

Ele desceu primeiro na parada da casa dele e eu segui viagem. Quando cheguei em casa, pensei em pegar o celular e mandar alguma mensagem. Mas preferi não o fazer. Fui dormir, e descansar a minha mente daquele dia fatídico, embora o sono só tenha me envolvido, horas depois em que as lágrimas já haviam revestido o meu rosto.