·Capítulo 3·

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Pov Corinna

Faz um dia e meio que o rabugento acordou. Nesse curto período ele se mostrou confiável o suficiente para que eu deixasse ele sem as amarras. Eu diria até que ficamos amigos, mas não quero me dar falsas expectativas. Ele é um homem muito forte e melhorou muito nesse tempo, provavelmente irá querer ir embora hoje. Provavelmente.

-Como eu tinha prometido, rabugento- comecei- você se comportou e eu vou te levar para conhecer a Lilith e aí vamos testar você, para ver se já está pronto para ir- em resposta, ele se levanta do sofá onde estava sentado.

Começo a me agasalhar para sair. Nesse tempo todo eu não tirei do meu corpo a arma descarregada que eu carrego no coldre e muito menos a faca escondida atrás dele. O homem em momento nenhum pareceu tentado a pegar ela para me render, isso mostrou que meus instintos em confiar nele estavam certos o tempo inteiro.

-Vamos-falo enquanto pego meu arco e as chaves da caminhonete, sendo seguida por ele até a porta-a neve diminuiu-digo quando meu pé não afunda tanto quanto eu esperava-isso é bom, vai ser mais fácil para quando você quiser ir.

Sem ouvir nenhuma resposta dele, caminho até o pasto com seus passos logo atrás de mim e abro a porteira. Lilith faz barulhos enquanto eu vou em sua direção para fazer um carinho em seu rosto. Olho para o homem estancado na entrada e tento aproximar ele:

-Lilith, esse é o rabugento- aponto com o dedão para o homem atrás de mim- e, rabugento, essa é a Lilith- sem tirar os olhos dela continuo- ela não morde, sabia? Pode vir fazer carinho nela enquanto eu arrumo a comida dela. Ela vai gostar

O homem se aproxima, eu tiro minha mão do focinho do animal de pelos pretos e ele coloca a dele no lugar. Estar tão perto dele me causava uma sensação... diferente. Em sua presença eu sentia que o mundo ainda era algo bom, que não era apenas morte e pessoas ruins.

-Vai pegar a comida ou vai ficar aí parada e me olhando ?- essa era uma das poucas frases que ele tinha me dito hoje, porém foi a que me causou mais constrangimento. Eu tinha que parar de ficar encarando ele quando estou distraída. Mesmo ele sendo tão bonito ao ponto de me dar vontade de gastar algumas horas só admirando aquele corpo.

Ainda envergonhada, começo a arrumar as coisas para Lilith. Deixo tudo organizado e saio, o rabugento entende que eu já acabei e eu não preciso o chamar. Caminhamos em passos duros até a caminhonete, a neve, por mais baixa que estivesse, ainda dificultava nossos movimentos.

Pov Daryl

A garota não tinha sido uma companhia ruim nesse tempo em que fiquei com ela, apesar de ser extremamente passiva e essa passividade me estressar em níveis que eu não conhecia ainda. Ela está sempre de bom humor e cantando a mesma música irritante de sempre, como se tudo ainda estivesse bem e o mundo não tivesse virado uma grande bola de podridão.

Vou em direção a porta do passageiro e entro. Era uma caminhonete bonita, dava para ver que a garota cuidava bem dela, olho seus movimentos enquanto ela gira a chave e dá a partida. A garota dirige até o portão e, ao passar com o carro por ele, se prepara para descer da cabine e fechar o mesmo.

-Deixa que eu vou- digo abrindo a porta antes mesmo dela abrir a sua.

Era um portão pesado e estava ainda mais pesado com a neve, fico imaginando como uma garota tão pequena aguenta abrir e fechar um portão desses, mas me lembro que essa mesma garota arrastou sozinha meu corpo desmaiado pela floresta. Volto para a cabine e fecho a porta, seus grandes olhos azuis me olhavam de uma forma intensa como se tentassem entender algo.

A Garota na Floresta | The Walking DeadWhere stories live. Discover now