·Capítulo 23·

2.6K 260 150
                                    

Pov Corinna


...Alguns segundos após a queda e o ferimento


  Acordo na minha cama, não na de Alexandria,  mas na cama da minha antiga casa. Ouço um som que eu conhecia bem, o som seco que fazia quando meu pai estava batendo na minha mãe. Levanto da minha cama com rapidez e abro a porta do meu quarto, a visão que eu tenho me faz paralisar. Minha mãe está embaixo do meu pai, com o rosto ensanguentado e desfigurado, está acontecendo tudo de novo.

  Dessa vez meu pai não está com uma expressão de raiva, ele está com um sorriso sádico em seu rosto. Começo a perder o controle da minha respiração e ela fica cada vez mais alta e pesada. Meu pai então percebe a minha presença ali e vira o seu rosto para me olhar. Sem desmanchar o sorriso, ele se levanta na minha direção e diz:

—Acorda– não entendo, mas também não consigo me mexer, como se eu estivesse colada no chão– ACORDA, FILHA DA PUTA!– ele grita me fazendo puxar todo o ar a minha volta.

  Acordo com uma dor que lateja da minha barriga para as minhas costas, está ardendo como o inferno. Passo os meus dedos pela minha blusa encharcada com o meu sangue e me lembro de tudo. Olho a minha volta e as hordas estão ainda mais próximas. Eu não posso desmaiar de novo, eu não vou morrer assim aqui. Tento levantar o meu corpo preso naquele ferro, mas eu não aguento a dor e caio em cima das pedras de novo.

  Lágrimas grossas começam a escorrer pelos meus olhos, eu tenho que ficar calma. Tento me acalmar dando um longo suspiro, péssima idéia, isso doeu como se mais mil facas perfurassem o meu machucado. Eu tenho que sair daqui. Começo a tirar o cinto que segura o meu coldre e jogo ele por cima de uns ferros que estão um pouco acima de mim para ter um apoio e me puxar daqui.

  A dor foi como se eu estivesse nadando em uma piscina de cacos de vidro e todos eles entrassem no meu ferimento. Mas eu não desisti. Eu não iria morrer aqui. Mais e mais sangue começa a escorrer do meu ferimento enquanto eu rastejo até Lilith. Com a mão esquerda pressionando o lugar, eu subo no cavalo preto e começo a cavalgar para sair dali. Minha visão escurece algumas vezes, mas eu me forço a ficar acordada. Eu tenho que levar esses malditos para longe.

Pov Anne


  O carro para em um lugar qualquer da estrada e desliga, essa droga não pode quebrar agora. Giro a chave algumas vezes tentando fazer essa coisa ligar, mas a única coisa que acontece é uma fumaça sair do motor. Bato as mãos no volante com força para descontar a minha raiva.

—Jadis, informe a sua localização.

Uma voz masculina soa no rádio chamando a minha atenção.

—Informe a sua localização e o estado do seu A.

Ele insiste. Eu não tenho um B e muito menos um A como tinha combinado com as pessoas do CRM, eu tenho que dar um jeito nisso. Pego o rádio e encaro ele por uns segundos antes de responder:

—Eu estou em uma clareira, na margem esquerda do Accotink. Dois quilômetros e meio ao norte do lixão.


As lembranças que chegam em minha mente amargam a minha boca.

—Você está com um A, não está?

Sua voz soa desconfiada.

—Eu estou com um A e está pronto para o transporte.


Minto sem pensar.

—Não tivemos noticias suas desde o recolhimento cancelado, sabemos que o seu grupo abandonou o lixão. Se isso for um truque saiba que vai ter consequências.

A Garota na Floresta | The Walking DeadWhere stories live. Discover now