·Capítulo 27·

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Pov Corinna

...Três semanas após a explosão da ponte


  Faz dois dias que eu tive alta. Não que eu tenha forças para fazer alguma coisa aqui, mas já é bom poder sair daquela cama. Anne estava certa, aqui é realmente bonito e grande, tem até um estádio de shows e esportes, mas meu lugar não é aqui. Durante esses dias ninguém veio me dar ordens ou falar qual vai ser a minha função aqui, acho que estão esperando eu melhorar.

  Eu não perdi tempo e observei a segurança do lugar. O muro não tem nenhum buraco ou passagem por onde eu possa escapar e em cada ponta tem um guarda de vigia, somando quatro guardas durante o dia. Durante a noite esse número cai para dois, um em cada ponta oposta e é esse o momento para eu fugir, só não sei como eu vou fazer isso, já que eles tem rádios, visão noturna e todo equipamento que um exército teria para uma guerra.

  Hoje eu tenho que ir até o andar da Eve pegar algumas caixas de vitaminas. Eu e Eve ficamos bem próximas, ela parece ser uma garota legal, diferente da maioria das autoridades por aqui. Notei que aqui ou você é um civil muito cansado ou você é uma autoridade muito arrogante. Entro no hospital e vou até o andar de Eve. Abro a sua porta sem bater antes e a cena que eu vejo faz o meu sangue ferver.

—O que pensa que está fazendo?– grito quando vejo o doutor Martinez pressionar a Eve contra uma mesa tentando beijá-la a força ou algo assim.

—Seja grata– ele larga a garota e vem na minha direção com raiva– se não fosse por nós, você estaria morta– ele aponta o dedo na minha cara e sai da sala.

—Está tudo bem?– pergunto ignorando o babaca e indo na direção da garota– ele fez algo com você?– pergunto examinando o seu corpo com os olhos.

—Não, está tudo bem– a garota diz sem jeito enquanto se afasta de mim.

—Ei, você pode confiar em mim– tento acalmar ela.

—Está tudo bem– ela diz com um sorriso nervoso.

—Você deveria contar para alguém– digo com preocupação– eles tem que fazer alguma coisa.

—Está tudo bem– ela repete desviando os olhos para um lugar qualquer da sala– você veio buscar os remédios não é?

—Sim– digo com as sobrancelhas juntas pela mudança de assunto.

—Aqui– ela me entrega algumas caixas de vitamina evitando olhar em meus olhos.

—Obrigada– digo ainda tonta com o que acabou de acontecer– pode contar comigo se precisar de ajuda, tudo bem?

—Tudo bem– ela concorda praticamente me expulsando para fora da sala e fechando a porta na minha cara.

...Algumas horas depois


  Escuto alguém bater na minha porta e imagino que seja alguém da liderança para me apresentar o lugar ou as minhas tarefas. Desde Alexandria eu ainda não me acostumei com "vizinhos" batendo na minha porta. Na minha casa eu nunca tive nenhum vizinho desde que nasci e com a chegada do apocalipse isso se tornou algo mais distante ainda, mas agora... Agora eu acho que isso deveria ser algo comum, mas ainda não é.

—Oi?– fico surpresa ao ver quem é.

—Posso entrar?– Eve pergunta.

—Ahn... Claro– dou espaço para ela– é que achei que fosse algum líder ou algo assim, já que ninguém veio me falar nada ainda.

—Eles não vão vir– ela gesticula com as mãos– quero dizer, não até o doutor dizer que você está apta para fazer qualquer coisa– ela suspira, parece cansada– acho que vão te colocar na engenharia pelo que fiquei sabendo– ela vai até o sofá e se senta ali– não como uma engenheira, mas como uma assistente, igual eu.

A Garota na Floresta | The Walking DeadWhere stories live. Discover now