Encantado

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           Kabuto estava ansioso.

          Já tinha tomado água, fora ao banheiro, lavara as mãos, passara água  no rosto. Finalmente ia conhecer o seu ídolo. O maior arquiteto do mundo, na sua opinião. 

           Conhecia suas obras, mas como Orochimaru não gostava de fotografias, não sabia como ele era. Entretanto, seus trabalhos falavam por si. Tão inusitados, seus projetos fugiam da mesmice das linhas retas e materiais comuns. Ele não projetava casas ou prédios mas obras de arte.

          Perdido nesses pensamentos estava passando pelo corredor quando ouviu um rangido de porta e, antes de conseguir discernir de onde veio o som, sentiu uma pancada e foi arremessado ao chão. E um homem lindo, de iris amarelas e cabelos longos e profundamente negros caiu sobre ele, quase tocando nariz com nariz. Seu perfume era como uma brisa oceânica com uma pitada de sol. Deixou Kabuto tonto. E quando este se levantou e ofereceu a mão para ajudá-lo, pôde  sentir a firmeza do aperto e a maciez daquela mão grande e máscula. Ao ser levantado por ele, surpreendeu-se por ter tamanha força naquele corpo tão esbelto.

          Quando ele pediu desculpas, Kabuto respondeu de forma automática. Não conseguia pensar com clareza sob o encanto daqueles olhos amarelos, como se estivesse hipnotizado. Olhos que traziam em si tanta dor, uma dor que não combinava com aquele homem alto, com feições fortes e um queixo quadrado, que era praticamente uma apologia à masculinidade. Sua pele era pálida e firme.

          Kabuto ficou tão perdido em seu  encantamento que até tagarelou com aquele estranho sobre sua ansiedade e sua admiração pelo arquiteto com quem iria começar a estagiar naquele dia.

          E qual não foi a sua surpresa quando, ao se apresentar, ouviu a  resposta de que aquele era o seu ídolo. Era o próprio Orochimaru que estava ali, na sua frente. Nem nos seus sonhos mais ambiciosos, Kabuto poderia imaginar que ele era tão lindo. Nem adivinhar a suavidade daquela voz grave e rouca. Ou a profundidade daqueles olhos amarelos.

          Definitivamente já  poderia morrer satisfeito só por aquele esbarrão. Só de sentir aquele corpo delgado sobre si, a respiração suave e a expressão surpresa pelo ocorrido. Ah, e aquele cheiro de mar e sol.

          -Pode me acompanhar, dissera ele. E Kabuto imaginou que poderia mesmo, pra qualquer lugar, pelo resto da vida...

           Chegaram na sala de Orochimaru,  que abriu a janela para deixar o sol entrar. A sala era ampla e agradável. Na parede do lado esquerdo, adjacente à janela, estava uma mesa com um design diferente. O tampo era em madeira rústica, mas bem lixada e envernizada, ressaltando a beleza natural exibindo nós e linhas de crescimento natural das árvores, e as quatro pernas foram esculpidas com formato de serpentes naja. Sobre ela havia alguns papéis, um porta canetas simples com alguns lápis rústicos, que se não olhasse bem, poderia dizer que eram pedaços de madeira, e umas duas canetas simples. Havia também um porta retrato que Orochimaru olhou com tristeza e virou, escondendo a foto. Completando o conjunto três cadeiras de madeira também rustica, sendo que a que ficava atrás da mesa era mais imponente e bela que as outras.

           No canto oposto à mesa, também adjacente à janela estava sua mesa de desenho, igualmente feita em madeira rústica com regulagem de inclinação, luminária verde escura, uma banqueta confortável e uma prateleira com alguns livros e muitos materiais de desenho como lápis coloridos, hidrocores, pincéis, aquarelas e mais algumas caixinhas, que fez Kabuto se pegar sonhando em desenhar ali.

            As paredes, eram pintadas com um tom claro de lilás. No lado oposto à janela havia um sofá de três lugares e duas poltronas. Todos em couro negro. Acima do sofá, tinha três quadros em tons de verde, que apesar de serem de arte abstrata, lembravam muito serpentes.

          Todo o chão era coberto por um carpete verde musgo que afundava o pé parecendo incrivelmente macio. E um detalhe que o fez sorrir: em diversos lugares podia ver vasos de plantas.

          - Muito bem - disse Orochimaru interrompendo sua observação. - Deixe-me ver sua papelada enquanto me conta sobre sua faculdade.

           No momento em que Kabuto entregou a sua pasta, seus dedos roçaram a pele macia das mãos de Orochimaru. Uma corrente elétrica percorreu seu corpo e os olhares se cruzaram. Parecia que a mesma corrente percorreu Orochimaru naquele momento.

          Ao começar a falar, Kabuto gaguejou e ficou vermelho, mas à medida em que fitava aqueles olhos amarelos e se sentia inebriado pelo cheiro de mar de Orochimaru, foi ficando relaxado e disse tudo sobre a faculdade, as aulas, sua inspiração pra escolher o curso... Estava tão  encantado por Orochimaru, que ele mal percebeu o quanto estava falando da sua propria vida, do orfanato em que cresceu, do carinho das freiras, das dificuldades para ingressar na faculdade e a tão sonhada bolsa de estudos. Se abriu como uma flor ao receber a carícia do sol matinal. E Orochimaru que começara a folhear a pasta de cabeça abaixada, erguera os olhos, e ficara atento ao que o rapaz falava. não perdendo uma única expressão de Kabuto.



Oi, Pessoinhas...

Obrigada por ler

Essa é minha primeira Fic.

Comentem, digam se estou no caminho certo... 

Amor Com Amor Se Cura Where stories live. Discover now