Desesperado

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          Orochimaru estava tão ansioso que chegou antes de Guren. Entrou no seu escritório e sentou-se à mesa de desenho. Com lápis 6b começou a traçar um rosto. Logo foram surgindo os detalhes, cabelos na altura dos ombros, olhos ingênuos e óculos. Mesmo com as limitações oferecidas pelo grafite, reproduziu com maestria o rosto do seu jovem aprendiz. Quase um retrato.

          Ouviu o elevador e pelo horário, ainda não deveria ser a secretária. Escutou os passos e em instantes, Kabuto atravessou a porta. Estava com olheiras horríveis e aparência muito abatida.

          - O que aconteceu? - Perguntou o mais velho, preocupado, esquecendo-se até de dar bom dia.

          O jovem apenas o abraçou e começou a chorar inconsolavelmente.
Orochimaru o abraçou forte e deixou que ele chorasse o quanto precisasse. Enquanto isso afagava seus cabelos e dizia carinhosamente que tudo ficaria bem. Finalmente ele parou de chorar, foi ao banheiro, limpou as lágrimas, lavou o rosto e voltou a se sentar próximo ao Orochimaru.

          - E... eu... eu... nem sei como te contar isso... - escondeu o rosto com as mãos e recomeçou a soluçar. - Eu estou... com um problema...

          O mais velho estava preocupado. Levantou-se e foi até a pequena copa, que ficava atrás da mesa da Guren, pegou um copo encheu d'água, colocou duas colheres bem generosas de açúcar e levou pra ele.

          - Beba. E tente se acalmar. - disse, fazendo um carinho nele.

          - Mas não sei se você vai me perdoar....- disse com voz chorosa

          - Não pense assim. Eu te amo. E, além do mais, tem umas 12 horas que eu te deixei no seu apartamento. - sorriu - Não deu tempo de você fazer nada errado. Ou deu?

          Kabuto deu um sorriso fraco entre lágrimas e fez que não com um gesto quase imperceptível de cabeça.

          - Respire fundo e me conte. Estou aqui e vou te apoiar.

          - Esta... está bem. - disse, aceitando o lenço de papel que ele oferecia. - Lembra que te contei sobre o orfanato? Lá eu conheci um menino, alguns meses mais novo que eu. Seu nome era Kidomaro. Na infância eu sempre fui franzino, eu era pequeno mesmo pra minha idade. Por isso, e por causa do meu cabelo branco, os meninos implicavam comigo. E esse menino cuidava de mim e me defendia. Ficamos muito amigos. Eu deveria ter uns 9, 10 anos. Sempre estávamos juntos. Dormíamos no mesmo beliche. Eu o ajudava nas tarefas da escola. Enfim. Éramos inseparáveis. E ficamos assim até, mais ou menos, os 15 anos...

          Kabuto teve uma nova crise de choro. E teve que ser acalmado de novo. Guren chegou e Orochimaru foi falar com ela. Pediu que cancelasse seus compromissos da manhã. E não repassasse ligações. Só coisas urgentes.
Voltou e sentou-se para ouvir o seu estagiário. Estava realmente preocupado com o jovem.

          - Você parou na parte que ia me contar sobre quando estavam com 15 anos. Sente-se bem para continuar?

          - S.. Sim - disse ainda soluçando e respirando fundo pra recomeçar - Quando estávamos mais ou menos com 15 anos, Kidomaru começou a ficar diferente. Parava e ficava me olhando. Sentava muito perto de mim, estava sempre me tocando e ficava chateado por qualquer coisinha. Como nas outras coisas ele estava normal, eu achei estranho, mas não comentei nada. Contudo, uns 15 a 20 dias depois que eu notei essa mudança, ele me beijou. Foi um simples selar de lábios. Então eu disse que não gostei e o afastei. Ele ficou chateado o restante daquele dia, mas voltou a falar comigo no outro, como se nada tivesse acontecido. Eu fiquei um pouco desconfiado, ainda assim, por uma semana, não se repetiu. Até um dia, em que fechou o dormitório e só estavamos nós dois, e disse que me amava e que não poderia viver sem mim. Diante da minha cara de surpresa, ele me jogou na cama, deitando sobre mim e forçando um beijo, enquanto segurava as minhas mãos e me imobilizava com seu corpo. - Kabuto recomeçou a chorar, mas logo se recuperou - Eu fiquei em choque. Chorava e tremia sem parar. Ele ficou assustado e chamou a freira que cuidava de nós, que me levou pra enfermaria. Fiquei lá dois dias. Tive até febre. Não contei o que tinha acontecido. Tinha vergonha. Depois desse dia, Kidomaro me pediu perdão... Eu disse pra que não gostava dele daquele jeito, nem de meninos. E isso nunca mais aconteceu. - Ele suspirou, mas parecia que o pior inda estava por vir.

         - Calma... Respira fundo...

         - Preciso terminar... Essa é a pior parte - disse visivelmente abalado. - Ontem, quando você me deixou no prédio e eu subi até meu apartamento, ele estava lá dentro. Disse que me viu com você e me pediu pra ficar com ele. Eu disse que não. Que eu te amo. - soluçou - Ele pegou meus pulsos, apertou - mostrou as marcas roxas nos pulsos - e me beijou à força. E como não correspondi - soluço - Ele falou que se eu não for dele, não serei de mais ninguém. Agora estou com medo. Muito medo.

         Orochimaru sentiu seu sangue ferver quando viu os pulsos e soube do beijo. Não conhecia esse tal Kidomaro, mas já o odiava. Como ele ousava machucar seu amor? Como se atrevia a beijá-lo à força?

          Kabuto, vendo o mais velho com aquela expressão, pensou que seu amado estava com raiva dele. Morrendo de medo da resposta, perguntou:

         - Você não vai me querer mais, não é?

          - Como você pode dizer uma coisa dessas??? Eu te amo! Você não tem culpa desse sujeito estar atrás de você! - e o abraçou, aconchegando carinhosamente no seu peito, e logo depois, segurou em seu queixo e tomou seus lábios num beijo longo e apaixonado. - Nós vamos resolver isso juntos. Estarei ao seu lado sempre. E a primeira coisa que precisamos fazer é irmos na delegacia prestar queixa.

          Ele se levantou e pegou o rapaz pela mão. E foram pra delegacia.

          O delegado Juugo era amigo de infância do Orochimaru E recebeu-os assim que chegou. Por não possuir foto do Kidomaro, fizeram um desenho bem realista a partir da descrição de Kabuto fez e foi colocado como procurado. O delegado também colocou dois guardas pra ficarem sempre ao lado de Kabuto e Orochimaru, que eram Sakon e Ukon.
Agora, só restava esperar.

           Orochimaru insistiu que Kabuto ficasse na casa dele. E que tirasse uns dias de férias do emprego, ficando só na faculdade.

          Enquanto Kabuto foi com Ukon buscar alguns pertences para os dias que ficaria fora, Orochimaru foi preparar um espaço no seu closed para que o jovem pudesse organizar suas coisas.

          Quando Kabuto saiu com Ukon, havia um homem de agasalho e touca observava da outra esquina. Sua figura emanava rancor e raiva. Mas ele não iria desistir.

           Na casa de Orochimaru, mais calmo e já tendo jantado e conversado com Anko, os dois subiam ao quarto para seu descanso, depois de um dia tão difícil. Kabuto tomou banho primeiro, vestindo seu pijama que consistia numa camiseta e short curto. O mais velho tomou banho, e com seu pijama, que era uma calça e camisa de botões, da cor lilás de seda.

          Deitou-se de conchinha com Kabuto e beijou suavemente seu pescoço, aspirando o cheiro do mais jovem. Sentiu a pele dele se arrepiar e isso o excitou. Virou-o deitando-se sobre ele e deslizando a mão por dentro da camiseta do seu pijama, acariciando-o na lateral do corpo e sentindo uma eletricidade na ponta dos dedos. Suas línguas travavam uma batalha sensual e seus membros já despertos diziam qua a noite estava apenas começando.

Amor Com Amor Se Cura Where stories live. Discover now