Amor Com Amor Se Cura

Apaixonado

          Os raios de sol penetravam no quarto, filtrados pela cortina azul marinho. Orochimaru acordou e estranhou o lugar. Estava deitado de lado. A cama era pequena e mais dura que a sua. Estava nu em pelo,  coberto só por um lençol de cor clara. Tinha um braço possessivo segurando-o pela cintura e uma respiração quente nas suas costas.

          De repente tudo veio à tona. A noite no restaurante, a carona, as escadas de incêndio... Aquelas lembranças o deixaram excitado, tornando sua ereção matinal quase dolorosa. Ele se mexeu por causa do tesão e sem querer acordou o Kabuto. Percebendo isso, pegou a mão do mais novo e levou até seu membro.

          - Bom Dia! - disse com malícia.

          Sentiu imediatamente o rosto do rapaz colando às suas costas, completamente quente. Ele estava corado! Como assim? Depois de ontem???

         Virou-se, segurou o queixo do estagiário e mergulhou nos seus olhos negros. Era muito mais bonito sem o incômodo dos óculos. Como abismos misteriosos e  profundos onde Orochimaru adoraria se perder.
         
         Kabuto, por outro lado estava envergonhado demais. Acordara com o inebriante cheiro de mar do seu ídolo. Então percebeu que estava nu. Sentiu a pele branca e macia onde se apoiava e lembrou de toda a noite anterior, cada detalhe indecoroso! E, como se não bastasse, logo sentiu a própria mão ser colocada sobre aquela ereção maravilhosamente firme. Apesar do desejo que o tomou, causando efeito imediato no seu próprio falo, sua vergonha chegou ao ápice. Era a primeira vez que acordava com um homem. E na sua cama! As lembranças da noite anterior o faziam querer enfiar a cabeça num buraco, como um avestruz. Lógico que ele não estava arrependido. Aquele homem era o amor da sua vida. Seu sonho. E faria tudo de novo. Mas a verdade é que ele nunca ficara com alguém antes! Sempre fora tímido e agora não sabia o que fazer. Comprara aquelas camisinhas e lubrificante pois pensou que poderia precisar um dia. Sonhara com as circunstâncias! Entretanto, nem em seus sonhos mais ambiciosos imaginava que aconteceria dessa forma. E com esse homem!!!
       
         Sim, ele sonhara em estar com seu ídolo desde aquele esbarrão na porta da escada de incêndio. Porém jamais previu que seria assim. Nos seus sonhos apaixonados, seria algo romântico, igual aos filmes "água-com-açúcar" que passavam na TV à tarde. Nunca imaginou que ele seria possuído pelo desejo daquela forma, se entregando sem nenhum pudor. Ai! Que vergonha!!!

          - Por que você está corado desse jeito, meu lindo? - perguntou Orochimaru, tirando Kabuto doa seus pensamentos.

          - E.. Eu estou com... um pouco de vergonha... - Disse ficando mais vermelho ainda, como se aquilo fosse possível. E virando de costas.

           Orochimaru o abraçou carinhosamente por trás e disse:

         - Vamos, por favor, conte-me tudo. - Enquanto depositava vários beijos cheios de ternura nos ombros e nas costas do Kabuto.

          - Sabe? - ele começou inseguro -  Ontem foi minha primeira vez. Nunca tinha estado com alguém assim. Minha experiência se resumia a alguns selar de lábios. - Falou e mesmo estando de costas, Orochimaru viu que suas orelhas estavam vermelhas...

          - Sério? - perguntou incrédulo - Eu  fui o primeiro homem com quem fez amor? Você nunca se apaixonou? - Era inacreditável. Mas ele gostou. Ser o primeiro de alguém era extraordinário. Abraçou com mais carinho ainda.

          - N... não. Tive uns amores platônicos como todo adolescente, mas vivia estudando e trabalhando, me esforçando ao máximo pra tirar boas notas. Nunca me deixei levar...  Mas ai...

         - Aí o quê? - perguntou, curioso Orochimaru. - O que aconteceu?

         - Aí... v.. você apareceu na minha vida. Primeiro, a boate, aquela obra de arte, que me fez sonhar com quem fizera aquela obra fantástica de arquitetura. Depois tive a sorte da indicação desse estágio. Difícil resistir a você todos esses dias... Mas por ser o meu local de trabalho, meu sonho, eu resisti, além do que eu achei que fosse possível. Por ser órfão, sempre tive que ser muito responsável e batalhar muito por cada pequena vitória, valorizando todas as conquistas. E não achava que você, um homem tão maravilhoso, poderia se interessar por um sujeito sem graça como eu...  Até  via alguns olhares seus, mas não acreditava, achava que estava imaginando coisas...

          Orochimaru não resistiu. Nem pensou que não tinha escovado os dentes. Virou Kabuto de forma que pudesse ficar sobre ele, e o beijou apaixonadamente. A luxuriosa cortina negra dos fios perfumados do mais velho tornando aquele momento mais mágico ainda. O corpo do rapaz tremeu levemente e ele soltou um gemido dengoso, quando o outro esfregou as ereções.

          Começaram as carícias,  os beijos suaves, as mordidas nos ombros... os gemidos... Kabuto inverteu as posições e desceu beijando o pescoço de Orochimaru, o peito, o abdômen, a virilha e continuou a descer. Ele fechou os olhos e aproveitou. Iriam chegar atrasados... Mas, como ele era o chefe e queria estar ali, não teriam problemas. Se entregou ao prazer.

          Uma hora depois estavam os dois de banho tomado, com uma toalha na cintura, sentados nas banquetas do pequeno balcão, na cozinha do apartamento, tomando café e mordiscando torradas. O arquiteto se perdeu observando o jovem que ao notar enrubesceu. Isso era apaixonante.

          - O senhor está me deixando envergonhado. Está me olhando muito! - perguntou, abaixando os olhos.

          - Por favor, depois de tudo o que fizemos naquele tapete e na sua cama, que aliás, não sei como não quebrou, você vai me chamar de senhor??? - disse com olhar malicioso. - Não, por favor! - e continuou - Estou olhando porque você é maravilhoso! Lindo, inteligente e esforçado. Não tinha como não me apaixonar por você! - continuou, obrigando o outro a olhá-lo nos olhos - Você me resgatou do fundo do poço. E nem sabe. Fez com que eu quisesse levantar um dia, e mais outro. Depois de tanto pranto, você devolveu o meu sorriso. - E beijou o outro de leve nos lábios. - As tardes sem você no escritório são tão vazias. - suspirou.  Depois olhou malicioso e acrescentou - E você é muito gostoso! Agora só consigo pensar em estar dentro de você. Te tocando e te sentindo. Hum... 
         
        Kabuto ficou tão envergonhado que quase derrubou a sua xícara de café.

        Então, em um gesto inesperado,  Orochimaru abaixou-se, colocando um joelho no chão e perguntou:

         - Quer namorar comigo?

         E Kabuto pensou que não poderia ser mais feliz na vida. Beijou seu amado apaixonadamente, sentindo o coração pra explodir. Era como se tivesse acabado de entrar no paraíso. E com permissão para morar de vez!

          O encanto daquele momento foi quebrado pelo celular de Orochimaru que começou a tocar insistentemente. Era Guren.

          - Alô! Bom dia! - escutou um pouco - Sim. Cancele meus compromissos da manhã. - penteou os cabelos com os dedos e deu um sorriso encabulado - Sim. Vai ficar rindo de mim?! - ficou com uma feição mais séria, depois abriu um largo sorriso - Muito feliz!
Tudo bem. Até amanhã.

          Kabuto que ficara olhando, não  perguntou, mas Orochimaru disse:
 
          - Era a Guren. Estranhou o meu atraso. E, não sei como, mas sabia que eu estava com você.  Ela tem um sexto sentido fora do comum! Trabalha pra mim desde que comecei. Deve me conhecer mais que eu mesmo! - Abraçou-o e disse - Vamos nos vestir.  Quero levar você  para conhecer alguém importante pra mim. Minha irmã, Anko. Além do mais, você tem aula à tarde. Não pode faltar.

                      Eles se vestiram e foram conversando alegres, com direito a uns beijinhos rápidos no elevador. O que deixou Kabuto corado mais uma vez, com cara de criança que fez arte. O arquiteto achava aquilo adorável. Estavam tão imersos no mundinho deles que não perceberam que eram observados quando saíram do prédio. Alguém de moletom escuro, que caminhava lentamente pela calçada. Quando Orochimaru a porta pro Kabuto e deu um selinho nele, uma especie de rosnado baixo pode se ouvir sob o capuz. E um par de olhos que faiscavam de ódio acompanharam o carro até sumir de vista.

Obrigada por ler até aqui. espero que tenham gostado... Logo logo tem mais...