Encurralado

363 56 17
                                    

           Kabuto não teve a sorte de ficar sozinho na casa. Infelizmente tinha quase todos os ingredientes necessários para fazer o yakissoba. Faltou só o macarrão especial e o repolho roxo. Mas o jovem murchou como uma flor ao sol escaldante, ao ouvir Kidomaro encomendar as coisas por telefone, juntamente com uma garrafa de sakê.

           Pegou um dos livros que tinha na estante e ficou esperando a entrega dos últimos ingredientes, sentado na poltrona que havia na sala, próxima à janela, na esperança de ver alguma coisa.

           Já conhecia a história do livro que pegara: Fernão Capelo Gaivota. Era um dos seus preferidos e já o relera várias vezes. Mas esse livro era especial. Um tipo de história que fazia com que ele acreditasse em seus sonhos, que o instigava a continuar. Como se dissesse que tudo era possível.

          Quando Kidomaro entrou na sala, e viu o que o jovem estava lendo, sorriu e disse:

          - Esse é um dos seus preferidos, não é? Richard Bach é o autor. Como eu sabia que você gostava dele desde a adolescência,  trouxe outros dois dele também. "Ilusões - As Aventuras de um Messias Indeciso" e " Longe é um lugar que não Existe". Ilusões eu sei que você amou. Ficou semanas renovando o empréstimo na Biblioteca, se bem me lembro. O outro eu não sei - disse sentando no sofá em frente ao rapaz - Eu até tentei ler, mas é muito parado! Sabe que eu sempre preferi os mistérios de Sherlock Holmes e Agatha Christie - falou olhando para o mais jovem tentando entabular uma conversa.

          Kabuto olhou pra ele. Na verdade a última coisa que queria era conversar com seu algoz, mas achou melhor parecer simpático e fingir que estava tentando.

          - Eu também gosto do Sherlock - disse então - O jeito que ele analisa os fatos, descobre as coisas e desvenda os crimes é fascinante - tentou falar usando a sua paixão pela leitura - Mas o Richard é especial. Ele toca nos nossos sentimentos e inseguranças. Fala com a nossa alma - disse emocionado - Cada vez que eu leio, descubro coisas a respeito da história e sobre mim mesmo - dito isso, voltou a fixar sua  atenção na leitura. Então o mais velho pareceu entender e parou de falar, começando a mexer no celular.

                                .....

   
          Em sua casa, Orochimaru levantou e foi para o banho. Deixou a pressão da água espantar o sono e os sonhos ruins que tivera nessa noite em que quase não dormira. Acordava, virava pra lá e pra cá até adormecer novamente, momento que os sonhos doloridos e confusos voltavam a atormentá-lo sem dó.

          Saiu do banho, vestiu uma calça indiana e uma túnica combinando, ambas em tom de roxo, como mais da metade de suas roupas, calçou uma sandália de couro e desceu, encontrando Anko na cozinha.

          - Bom dia! - disse beijando-a na bochecha.

          - Bom dia, irmãozinho. Parece que sua noite foi difícil - comentou vendo as olheiras escuras abaixo dos olhos.

          - Ai, mana, foi um martírio! Onde será que ele está? Será que está bem? Se alimentando direito? - perguntou aflito

          - Ele, eu não sei, mas você precisa comer. Ou quando ele voltar vai achar um esqueleto aqui em casa.

          - Mas eu não consigo! - disse o arquiteto teimoso.

          - Bem. Lembra que eu ja fui enfermeira, não é? - disse ela em tom de ameaça - Se insistir em não comer, vou colocá-lo em alimentação intravenosa. Seria bom, porque eu poderia aproveitar e colocar um calmente e deixar você como um lindo boneco no sofá.

Amor Com Amor Se Cura Where stories live. Discover now