Enclausurado

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          Kabuto acordou desnorteado e com muita dor de cabeça. Não queria abrir os olhos. Começou a se lembrar do que acontecera e a cruel realidade o acertou como um soco. Lembrou de ter sido carregado por Kidomaro e ver Orochimaru, seu amor, caído no chão.  Será  que ele tinha sido morto? E Anko? E os seguranças? Os guardas? Grossas lagrimas sairam dos olhos ainda fechados do estagiário. Era muita dor que foi dando lugar ao desespero.
 
         - Ah, você acordou, meu amor? Até que enfim! Dormiu por dez horas seguidas. Estava ficando preocupado - ouviu a voz do seu sequestrador muito próxima e abriu os olhos assustado, se encolhendo.

          - Onde eu estou? Que lugar é esse? - perguntou com a voz trêmula.

          - Está comigo. E seguro. Eu vou cuidar de você a partir de agora disse com a voz melosa - Vamos ser muito felizes juntos.

          - Mas e o Orochimaru? O que você fez com ele? - o rapaz tinha medo de fazer a pergunta - E... Ele está vivo?

          - Por que você quer saber? - gritou assustando de novo o jovem que se encolheu mais ainda e começou a soluçar.

          Kidomaru percebeu que tinha se exaltado e tentou consertar, sentando do lado de Kabuto e enxugando de leve as suas lágrimas. 

          - Sh sh sh... Desculpe por gritar com você. Calma. Vai ficar tudo bem.  Eu te amo - foi falando com doçura -  Nós vamos ficar bem. Seremos muito felizes juntos - abraçou o rapaz sem jeito, porque este tentava resistir ao seu abraço, mas não era forte o bastante - Olha, eu não matei ninguém, ok? Nem aquele seu namorado metido, nem a irmã ou os seguranças e policias. Estão todos bem. Eu dei pra eles o mesmo remédio que dei pra você dormir.

          - É... é  verdade? - perguntou inseguro, mas com um fio de esperança.

          - Sim. Eu nunca mentiria pra você.  Além  do mais, se eu tivesse matado tanta gente, toda a polícia estaria atrás de mim. E eu quero ser feliz com você, não ir preso - falou acariciando a bochecha de Kabuto - Vou pegar algo pra você comer - disse e saiu em seguida, trancando a porta.

         Kabuto sorriu Ele está bem! Meu amor está bem! Pensou e sentiu seu coração se aquecer. Tudo ia dar certo. Ele só precisava sair dali. Tentou olhar ao redor mas sem seus óculos só  enxergava borrado. Percebeu que estava numa cama de casal. Tentou tatear o criado mudo do lado direito mas não tinha nada. Atravessou a cama e tentou no outro lado Exultou quando os sentiu. Pegou e colocou no rosto, sentindo-se um pouco mais seguro.

          Olhou novamente ao redor. Estava num quarto grande, numa cama enorme, de madeira maciça escura, no estilo antigo, com criados mudos combinando. Na parede em frente a cama tinha um guarda roupa grande, com seis portas e, no meio, embutido, uma penteadeira com um espelho enorme, que refletia sua imagem. Pôde ver que ainda estava com as roupas que escolhera pra ir pro escritório com Orochimaru. Do lado esquerdo da cama, viu uma cortina florida em tons de rosa, que cobria quase toda a parede. Ela deveria esconder uma janela. Do lado esquerdo, havia uma mesa com um computador e uma cadeira, além da porta.

         Kabuto precisava pensar em como faria para escapar. Ia tentar fingir que estava bem, que aceitava ficar ali, pra enganar Kidomaro e assim fugir. Só queria voltar para os braços do seu amor. Tinha que bolar um plano. Ouviu um barulho na porta.

          - Aqui está - a voz de Kidomaro o tirou se seus pensamentos - Um suco de laranja, como você gostava e um lanche natural de atum. Feito por mim com todo carinho para o meu amor.

          Kabuto ensaiou um meio sorriso e pegou a bandeja que ele ofertava.  Percebeu que estava mesmo com fome.
Comeu devagar enquanto pensava. O outro o olhava com uma adoração maníaca.

          - Obrigado - disse ao terminar - Estava delicioso - elogiou, começando a por seu plano em prática.

          - Está vendo? - disse com voz mansa - Vou fazer tudo para que você seja feliz. Eu te amo tanto que você nem sabe.

        - M... Mas você me sequestrou.  Nem sei onde estou. Não tenho sequer roupas. - falou com voz de choro.

          - Desculpe por te sequestrar
Eu precisava ter você longe da influência daquele seu namorado. Em breve vou te contar onde estamos. Tenha calma - falou com um sorriso culpado - E é claro que tem roupas! Estão no guarda roupa, assim como seus pertences. Fiz questão de dar uma passadinha no seu apartamento. Quero que você esteja o mais confortável possível - foi se aproximando do outro com olhar apaixonado.

          O jovem se encolheu em puro pânico. Temia que ele fosse forçá-lo a uma interação amorosa e sabia  que era muito fraco para se defender. Nos olhos do outro pode ver raiva, que logo foi substituída por tristeza e dor. Ele se afastou e disse:

          - Não vou machucá-lo. Nunca! Despedaça meu coração você pensar isso de mim. Nós fomos feitos um para o outro - falou com mágoa na voz - Não devia ter ido embora sem mim do orfanato. Mas eu vou consertar tudo. Vou te dar tanto amor e carinho que isso vai te fazer me amar.

          Kabuto sabia que era melhor não discutir. Precisava que o outro acreditasse nele. Para executar o seu plano.

          - Eu prometo que vou tentar, Kidomaro. Vou fazer o possível - falou tentando colocar sinceridade na sua voz e viu um sorriso se desenhar no rosto dele - Agora preciso tomar um banho. Onde é o banheiro?

          Kidomaro abriu a porta e mostrou, no fim do corredor, uma porta branca.

          - Lá tem uma toalha limpa, branca e grande como você gostava, seu shampoo e sabonete com cheiro de frutas, do jeito que sei que te agrada. Uma escova de dentes nova e até o seu creme dental favorito, sabor menta. Tudo pra te ver feliz - ele falava com visível entusiasmo, como uma criança que, durante ausência da mãe, limpou a casa esperando fazer uma surpresa.

          Kabuto fez força para sorrir, entrou no banheiro e fechou a porta, escorando na mesma. Meu Deus! Ele está maluco! Preciso dar o fora daqui rápido...

           Tirou a roupa e foi para o box tomar banho. A pressão da água do chuveiro era bem forte e o ajudava a pensar. A saudade do seu amado doía. Ele deveria estar desesperado sem ter notícias suas. Terminou o banho, enrolando a toalha no seu corpo após enxugar os cabelos e abriu a porta. Estranhou não ver Kidomaro e seguiu para o quarto. Lá estava ele. Sentado na cadeira do computador, que estava desligado.

          - Poderia sair para que eu me  trocasse? - Pediu com voz baixa, sem encará-lo.

          - É mesmo necessário? - perguntou com ar decepcionado. - Nós pertencemos um ao outro.

           - Mas eu ainda vou precisar me acostumar com isso - mentiu com os olhos baixos - É  importante pra mim. Tenha paciência comigo - acrescentou com sua melhor voz suplicante.

           - Está bem. Está bem. Vou me esforçar pra ter paciência. Por amor.
- disse, depois mandou um beijo assoprando e saiu, fechando a porta.

           Kabuto suspirou e andou até  o guarda-roupa. Queria se vestir rápido, pois tinha medo do outro entrar antes de terminar. Escolheu uma calça preta de moletom e uma camiseta cinza. E foi olhar atrás da cortina, ver a janela. Abriu sem fazer ruído e, pra sua,  tristeza, ela tinha grades. O plamo "A" estava fora de questão. Teria que pensar num plano "B".

         

Amor Com Amor Se Cura Where stories live. Discover now