1- Don't bless me, Father.

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    Luke On...

   Eu me arrumava para ir para mais uma missa na igreja, mesmo que pareça estranho eu, um jovem de 19 anos, vai a igreja todos os domingos. Termino de arrumar meu topete e termino de abotoar minha camisa xadrez azul, me olho mais uma vez no espelho e sorrio para mim mesmo, mordo o lábio...estou esquecendo de algo. Olho para cama e vejo que minha bíblia está em cima dela, era isso. Vou até a cama, pego a bíblia e desço as escadas, meus pais estão na sala, minha mãe ajeitando a gravata do meu pai.

    - Está bonito, filho - minha mãe diz sorrindo para mim.

    - Para você eu sempre estou bonito, mãe - sorrio de volta para ela.

    - Vamos? - Meu pai pergunta, encarando minha calça preta apertada, ele não gosta muito delas, mas eu sim.

    - Vamos - sorrio para ele.

   Saímos de casa e entramos na F250 prata, cabine dupla do meu pai, sempre achei essa camionete gigante, até um pouco exagerada demais. Ele começa a dirigir e sorri para a minha mãe. Sempre me pergunto se quando eu casar, irei continuar amando minha mulher por tanto tempo quanto meu pai ama minha mãe e vice e versa. Espero que sim.

   Vou encarando a paisagem da pequena cidade de Byron Bay, Austrália. Moro aqui desde que nasci, e confesso que nunca saí e nem pretendo sair daqui, é um ótimo lugar para se viver. Quero que os meus filhos, assim como eu, nasçam e cresçam aqui, pois é um lugar onde se pode conhecer as pessoas. Nunca nem quis sair daqui, nem mesmo para ir á Sydney ou Melbourne, afinal, para que sair da cidade que eu amo viver?

   Assim que chegamos á igreja, eu cumprimento todos. Meu pai sempre me fala que é uma falta de respeito muito grande a pessoa chegar sem cumprimentar todos, então, sempre o faço. Termino de cumprimentar todas aquelas pessoas que conheço desde que nasci e entro na igreja. Procuro meu melhor amigo, Ashton, e o acho sentado no primeiro banco de madeira da igreja, a frente do púlpito. Ele está de cabeça baixa, o que indica que ele está rezando.

   Chego perto dele, de forma calma e silenciosamente. Ele veste uma calça preta parecida com a minha, uma camisa branca e uma bandana vermelha, os cachos caídos para frente, por ele estar de cabeça baixa. Me sento ao lado dele, devagar, e ele acaba dando um pulo de susto. Eu começo a gargalhar, meio alto.

    - Você ama fazer isso, não é? - Ele pergunta, querendo ou não, rindo, pois ele sempre se assusta e sempre cai nas minhas pegadinhas.

    - Sim, e você sempre acaba caindo na minha, toda vez - dou de ombros, ainda rindo.

    - Você é mal - ele diz semicerrando os olhos para mim.

    Eu fico conversando com Ashton até a missa começar, todos os dias eu chego quinze minutos antes, para não se atrasar e sempre chegar na hora. Eu e meus pais somos muito pontuais, meu pai sempre fala que devemos chegar no mínimo quinze minutos antes do horário do compromisso que fora marcado, e eu acho isso bem interessante, afinal, meu pai era uma inspiração para mim, e eu esperava um dia poder ser como ele.

    A missa demora um pouco para começar, mas começa na hora. O padre Josh sobe no púlpito e começa a rezar. Nós nos levantamos e rezamos junto a ele.

   O padre lia um dos versículos da bíblia, uns 15 minutos depois da missa começar; e então, é ouvido sons de salto batendo contra o chão de cerâmica. Eu ignoro, porém, o padre não faz o mesmo. Assim que ele olha para frente, seus olhos se arregalam e ele para de ler. Olho ao redor e todas as outras pessoas da igreja estão olhando para trás, com os olhos arregalados e engolindo em seco. Por pura curiosidade, resolvo me virar também, e o que vejo, me assusta.

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