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      E é assim a história de como o maior pesadelo da minha vida começou:

      ㅡ VOCÊ???!!ㅡ indagamos ao mesmo tempo.

      Além do cheiro de produto de limpeza, mais algo pairava sobre aquele apartamento, e nem era preciso ser muito inteligente para decifrar o que era: o clima estava pesado, extremamente hostil e eu queria matá-lo. Pois bem, era o pedaço de cocô que me chamou de "dissimulada" e criticou meu coreano.

       ㅡ E você acha mesmo que eu queria morar contigo? ㅡ ele disse quebrando o silêncio e os olhares mortais que trocávamos ㅡ Só não me mudo daqui porque não achei apartamento melhor.

       O garoto terminou a frase jogando sua mochila em cima do sofá. Sua pontaria e força gravitacional para acertar o objeto sobre o sofá, da distância que ele estava, me impressionaram, deduzi que jogava basquete ou algo do tipo.

       ㅡ Saiba que eu digo o mesmo para você, babaca.ㅡ disse voltando à faxina.

        O menino era tão espaçoso, que ao invés de me ajudar a limpar as coisas, teve a coragem de sentar-se no sofá com os pés sobre a mesinha de centro e colocar as mãos atrás da cabeça. Bufei. Arrastei suas pesadas caixas e malas para seu quarto, e me arrependi amargamente de ter faxinado seu aposento sem saber de quem se tratava o tal colega.

        ㅡ Você não me disse seu nome.ㅡ sua voz ecoou pelo apartamento e me assustou pois até então tudo era uma onda de silêncio incômodo e hostil.

        ㅡ E por que você precisa saber meu nome?

        ㅡ Moramos juntos afinal, tenho que saber, vai que você é procurada pela Interpol ou FBI pelo fato de ter matado alguém ao sair esbarrando com pessoas em escadarias.ㅡ falou com um tom de sarcasmo e soltou uma risada fraca.

        ㅡ Hahaha, estou morrendo de rir, hahaha, muito engraçado você.ㅡ disse com ironia.

        ㅡ Meu nome é Lee Know, e se acabar gostando de mim, pode me chamar de Minho, quem sabe até se apaixonando.

        Mas é narcisista...ㅡ pensei.

         ㅡ Meu nome é Aurora. E você não vai se apaixonar por mim, a menos que eu te dê uma tijolada na cabeça que afete o nervo óptico e você fique cego.

         ㅡ Então você tem problemas de autoestima e se acha feia?

         ㅡ Sim.ㅡ respondi perdendo a paciência.

         ㅡ Sabe o que você tem?

         ㅡ Não, senhor psicólogo, o quê?

         ㅡ Razão.ㅡ disse e começou a gargalhar, nada mais me irritava do que aquela risada sarcástica e ridícula.

Ele dissera que eu tinha razão em me achar feia? É isso mesmo? Bom, o que ele falou ou deixou de falar, não é algo que vá me magoar, pois sei bem que está é a intenção dele. Lee era só mais um daqueles narcisistas que inferiorizavam todos apenas para se sentir superior. E esse é o tipo de alma mais mesquinha que se pode existir.

   Não falei um simples "a" apenas terminei de empilhar as caixas e saí do quarto, indo em direção à sala. Lavei meu pano de chão e joguei um pouco de produto, fiquei em pé, de braços cruzados e esperando que ele levantasse dali para mim limpar o pedaço de chão entre a mesinha de centro e o sofá.

    O fiquei encarando assistir um filme ruim na televisão, eu batia o pé no chão, em sinal de ansiedade para a retirada do maior dali:

The same apartment - Lee KnowWhere stories live. Discover now