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    Um ano se fazia, um ano que eu não via Minho, um ano que Jeongin me prometera um eclipse, mas esse eclipse não aconteceria. Eu agora despertava de uma noite mal dormida pois a ansiedade me consumia desde a tarde de ontem, Lúcia puxava os lençóis finos de cima de mim, alegando que eu precisava ir ao salão de beleza me aprontar para o casamento.

     Levantei da cama já com a vontade de voltar para ela e ficar ali para o resto de minha vida, eu era uma noiva de 22 anos que casava a contragosto e que agora usava um vestido qualquer para ir à um SPA ser bajulada por várias mulheres.

     Já no carro, com Ji Soo, ouvia "Dynamite - BTS" para ver se ao menos subia um pouco o meu astral, deu certo. Cheguei ao SPA e logo foram me mandando pôr um roupão, eram tantas mulheres fazendo tantos procedimentos diferentes que eu chegava a ficar zonza, sentimento que passou quando eu vi o motivo de eu estar ali: minha mãe com uma máscara de argila sobre o rosto. 

      Revirei os olhos e me arrastaram para uma sauna, eu odiava saunas, me sentia como um frango sendo cozido em banho Maria, Ji Soo por sua vez adorava. O suor escorria por minha testa e eu já ficava sem paciência com tamanho calor, diziam que era necessário para abrir os poros e retirar os cravos. Não sei para quê estar no salão às cinco da manhã sendo que o casamento seria no final da tarde.

      [...]

      Depois de ser esticada para milhares de lados, eu estava ali, vestindo o vestido enquanto So Yeon acertava os últimos detalhes da maquiagem:

      ㅡ Por que estar perfeita sendo que eu não desejo me casar com este homem?

      ㅡ Porque esta noite fará Sol...ㅡ ela justificou e piscou para Ji Soo ㅡ Você está pronta.

      Não entendi o que ela quis dizer com "Esta noite fará Sol". Decidi ignorar e entrar na limusine, ansiosa por acabar com aquilo logo.

      A marcha nupcial começou a tocar, as portas da catedral se abriram, flashes foram lançados sobre mim e o Sol começava a descer no horizonte. Pus os pés naquele tapete vermelho e por um algum motivo, senti-os afundar, como num mar de sangue. O ar que pairava sobre a igreja era sombrio, como se todos ali soubessem que algo horrível iria acontecer mas que escondiam sob sorrisos falsos. Senti uma angústia inexplicável no peito, parece que podia sentir que ali naquele ambiente que deveria transmitir paz e pureza, uma pessoa que amava muito seria gravemente ferida.

      Respirei fundo e comecei a caminhar no ritmo da marcha, assim que subi ao altar, as portas se fecharam bruscamente.

     [...]

     ㅡ Thiago Albuquerque, aceita ter Aurora Marques como sua legítima esposa?ㅡ indagou o padre.

     ㅡ Sim.

     ㅡ Aurora Marques, aceita ter Thiago Albuquerque como seu legítimo esposo?

     ㅡ NÃO!ㅡ as portas da igreja se abriram e ouviu-se um grito antes que eu pudesse responder.

     Segurei a saia do vestido para que pudesse me virar, e lá estava ele, com um brilho anormal em volta de si, e atrás de mim o escuro da Lua. O eclipse, o eclipse iria acontecer. Não pude nem me mexer tamanho o choque, só pude sorrir, quis correr, mas alguém atrapalhou:

     ㅡ Não pode entrar na igreja e atrapalhar o casamento dos outros assim.ㅡ o general e ex-futuro sogro se levantou.

     ㅡ Quando esse casamento é contra a vontade da noiva e a noiva é minha namorada, eu posso sim.ㅡ Minho retrucou.

     O general levou as mãos à cintura e tirou uma pistola, num ato rápido atirou em Minho, o sangue já começava a escorrer por seu smocking preto. Seu corpo começava a pender para o lado, levantei a saia do vestido e a pendurei sobre o braço, correndo ao seu encontro.

     Segurei seu tronco antes que fosse levado ao chão, mas seu peso me fez cair também, apoiei sua cabeça em meu braço. Imediatamente a luz do lugar mudou, era um eclipse, mas um eclipse triste. E então percebi que não podia mudar o futuro que ocorria em meus sonhos: ele tinha de fato levado um tiro no tapete vermelho, no Rio de Janeiro e de smocking...

     Bang Chan veio ao nosso encontro, assim como o resto de meus amigos. Seu sangue escorria pelo tapete da igreja, assim a sensação do oceano de sangue fez sentido, os sorrisos falsos se desfizeram em espanto:

      ㅡ Não vou deixar que isto fique assim, confie em mim e irá sobreviver.ㅡ disse, contendo as lágrimas.

      Num ato rápido, puxei a saia do meu vestido e rasguei grandes pedaços de duas camadas de tule, envolvi o tecido entorno de sue corpo e o amarrei com força, na esperança de conter a hemorragia que manchava meu vestido.

      ㅡ ALGUÉM CHAME UMA AMBULÂNCIA!!! OU VÃO DEIXAR ELE MORRER AQUI?ㅡ berrei em meio a soluços.

       Minho tentava balbuciar alguma coisa e fechava os olhos continuamente:

       ㅡ Jeongin, eu sei que você sempre quis essa chance. Então... leve-a à Lua por mim...

        Lee Know disse com dificuldade e fechou os olhos por fim. O sacudi em meus braços:

        ㅡ NÃO! Você não pode, você tem que me levar à Lua, você me prometeu, faça isso por mim, por favor...

        O meu Sol... Ele tinha se apagado...

The same apartment - Lee KnowWhere stories live. Discover now