8

5.5K 602 948
                                    

  Eu gemia de dor, chorava silenciosamente, estava jogada sobre os braços de Minho. O mesmo me carregava a passos largos em direção à enfermaria da universidade, podia olhar por cima de seu ombro e ver as gotas de sangue que deixávamos para trás a cada passo.

  Suas orbes estavam concentradas no caminho, o ângulo em que eu o via era algo lindo: seu semblante preocupado, seus lábios entreabertos que denunciavam seus dentes fofos, ele piscava lentamente, seu pomo de adão era bem ressaltado, seu maxilar era perfeito. Lee me sustentava com força em seus braços e meus braços estavam envoltos em seu pescoço, me dando um apoio maior. Involuntariamente, dei um sorriso quase que imperceptível.

  Mas o que é que eu estava pensando? Voltei à realidade e me lembrei da acentuada dor que se prolongava em minha perna. Finalmente chegamos à enfermaria, Minho me pôs sobre uma maca e se sentou ao lado, tive atendimento imediato.

[...]

  Eu havia acabado pegando no sono durante o atendimento, abri os olhos lentamente, busquei algo denunciasse a figura de Lee Know, mas ele não estava mais lá. Senti minha mão esquerda repuxar e então percebi que ali tinha um acesso pra soro, estava tomando solução salina na veia, minha perna doía bem menos e ali tinha um curativo, provavelmente a água tinha sido drenada, então não estava mais inchada.

  Olhei pela janela ao lado da maca e notei que o Sol estava se pondo, embora não fosse algo tão bonito de se ver da janela da enfermaria, me contentei por ter tempo de observar o pôr-do-Sol sentada na maca. Ouvi passos em minha direção e me virei, alimentando a esperança de que Minho estava ali, mas não, era apenas Jongyeon:

  ㅡ Você estava com medo do sangue mais cedo...ㅡ disse num tom debochado.

  ㅡ Sim, e o que tem?

  ㅡ Como você quer ser médica, se tem medo do próprio sangue?

  ㅡ Pelo menos eu faço por gostar da profissão, não por querer agradar uma mulher cujo o único gosto na vida vai ser quando você deixar de viver às custas dela.

  ㅡ Se continuar me irritando, você vai ver.

  ㅡ Vai fazer o quê? Jogar uma caneta colorida em mim?ㅡ perguntei debochada.

  Ela cerrou o punho e começou a se aproximar de mim, mas antes que pudesse me bater, um braço entrou em nosso meio, me protegendo de seu soco, que eu julgava não ser forte:

  ㅡ Não mexa com Aurora.ㅡ reconheci a voz de Jeongin e olhei para cima, vendo o mesmo encarar Jongyeon com um olhar mortal.

  ㅡ Vou te levar para casa.ㅡ ouvi a voz de Lee Know e o pude ver, vindo no plano de trás de Jongyeon.

  ㅡ Minho, meu amor. Aceita jantar comigo?ㅡ a garota se apressou em convidá-lo para aceitar algo que eu torcia para que ele não aceitasse.

  ㅡ Não.ㅡ respondeu ríspidoㅡ Vamos.

  O mesmo afastou o braço de Jeongin e me puxou pelo pulso:

  ㅡ Consegue andar?ㅡ indagou já me ajudando a sustentar-me sobre meus pés.

  ㅡ Sim, mas meu soro não...

  Antes que eu pudesse terminar de falar, Minho me puxou para seu colo num impulso e tirou delicadamente e com precisão, o acesso de minha mão, jogando o cateter em cima da cama. Jeongin e Jongyeon nos olhavam com uma cara de confusão.

  E mais uma vez eu estava sendo carregada dali, saímos da universidade sob a luz do pouco de Sol que da Terra se retirava e dava lugar à penumbra da noite, onde se dava para ver as chamas acesas de corações apaixonados, contracenando com luzes urbanas e o escuro do céu. Desta vez eu não estava aproveitando meu ângulo privilegiado e sim queria o bater, por ter me isentado da chance de bater em Jongyeon

  Pegamos o metrô e as pessoas olhavam aquela situação de um rapaz carregando uma moça com um curativo na perna. Chegamos em casa e a luz moribunda da noite tomava conta de nosso apartamento, ele tratou de ligar as luzes do corredor e sala, e assim que o fez, calçou suas pantufas e com cuidado calçou as minhas também.

  ㅡ Por quê?ㅡ indaguei de repente, enquanto ele lavava as mãos para começar a preparar o jantar.

  Tive de perguntar, meu ser estava embriagado de confusão, minha mente inundada com aquelas imagens de seu rosto que eu vi mais cedo, e volta e meia elas vinham aos meus olhos e me deixavam sem saber o que fazer.

  ㅡ A que se refere?

  ㅡ Por que está cuidando tanto de mim?

  Ele limpou a garganta e pareceu pensar numa resposta.

  ㅡ Porque eu quero.

  Assenti com a cabeça, fingindo um entendimento.

  ㅡ Vou tomar banho, pode fazer tteokbokki para mim?

  ㅡ Não quero. ㅡ retrucou quase que automaticamente.

  Peguei meu pijama em meu quarto e me dirigi ao banheiro. Iniciei meu processo de banho, a confusão em meu ser continuava, o "porque eu quero" de Minho não fora o suficiente pra saciar minha curiosidade. Terminei meu banho ainda um pouco atônita e vesti meu pijama preto do Mickey, se tratava se um short soltinho e uma blusa um pouco mais larga.

  Saí do banheiro e um cheiro de comida tomou conta de minhas cavidades nasais:

  ㅡ O que você fez para a janta?

  Não me respondeu, adentrei a cozinha e ele estava pondo a mesa. Me sentei na cadeira, com a esperança de que fosse algo bom.

  Minho pôs a vasilha de porcelana no centro da mesa e pude ver: era tteokbokki.

  Não lhe proferi palavra alguma, estava perdida em meus pensamentos sobre mais cedo, o que foi aquela disputa para me levar à enfermaria? Apenas como minha comida com um sorriso fraco estampado no rosto:

  ㅡ Ficou bom? Ou está ruim?ㅡ ele indagou vendo que eu comia em silêncio total.

  ㅡ Está delicioso! ㅡ respondi, saindo de meus pensamentos absortos.

Depois disso lavei a louça e fui dormir, na certeza de que precisava de uma noite de sono e tudo se esclareceria.



The same apartment - Lee KnowWhere stories live. Discover now