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     O fim do quarto semestre já se aproximava e junto com ele, as provas. Sei que fazia apenas 6 meses que estava estudando na Coreia, mas tive que fazer os 3 primeiros semestres no Brasil para conseguir validar a matrícula.

      Estava indo para a faculdade, feliz por mais um semestre concluído, mas então fui puxada pela mochila. Era o mesmo corredor, e a mesma pessoa:

      ㅡ Faça a prova por mim.ㅡ pediu Jongyeon.

      ㅡ Não tem como fazer isso, irão perceber, e vão sobrar consequências para nós duas.

      ㅡ Então se considere no Brasil.

      Ela disse e saiu dali com a cabeça erguida, as costas eretas e um sorriso vitorioso no rosto. Ela iria me denunciar, e estava tudo acabado. Apoiei minhas costas na parede gélida e desnivelada daquele corredor escuro e estreito quase nunca usado, deixei me escorregar até o chão e abracei minhas pernas contra o peito. Não queria chorar, um nó na minha garganta me impedia de soluçar, meu estômago embrulhava e minha cabeça bambeava, pensei que fosse desmaiar ali, mas uma mão estendida surgiu de repente:

      ㅡ Vamos, a prova já vai começar.ㅡ Jeongin disse com um sorriso de orelha a orelha.

      Pensar na possibilidade de nunca mais ver aquele sorriso, fez meu peito apertar. Segurei sua mão e tomei impulso para levantar, forcei um sorriso e acompanhei-o até a sala de aula.

      Estava escrevendo meu nome, quando a diretora berrou e me fez borrar a letra:

      ㅡ AURORA! NA MINHA SALA, AGORA!ㅡ aquilo foi o suficiente para que a universidade toda escutasse.

      O nó na minha garganta voltou, e a mulher saiu dali. Me levantei e ajuntei minhas coisas, sabia que depois da conversa teria que ir imediatamente para casa. Todos olhavam para mim, mas eu não tinha a coragem de olhar no rosto de nenhum deles, eu estava envergonhada, embora tenha sido uma uma demonstração de amor puro e sincero.

       Cheguei na sala de Irene e abri a porta vagarosamente, ela andava de um lado para o outro da sala, mas quando me viu cessou o ato e se sentou:

       ㅡ Iria te convidar para sentar, mas você não merece uma cadeira tão confortável, fique em pé.ㅡ aquelas palavras me atingiram como uma adaga enfiada em meu peitoral ㅡ Tu sabias muito bem as regras da escola, então por que descumpriu?

        Não pude responder.

       ㅡ Será transferida imediatamente para a Universidade do Rio de Janeiro.

       ㅡ Então eu vou junto!ㅡ Jisoo adentrou a sala de forma bruta, me deixando surpresa.

       ㅡ Eu também vou!ㅡ Jeongin apareceu.

       ㅡ Sempre quis conhecer o Rio de Janeiro.ㅡ So Yeon entrou com uma expressão agradável.

       ㅡ Meu sonho é ir no show do Michel Teló.ㅡ Bang Chan apareceu de braços cruzados.

       Em alguns segundos, os quatro formaram uma barreira na minha frente. E foi naquele momento que eu entendi o que significava a palavra "amizade", percebi que se tivesse eles para me proteger, eu não poderia mais ser abalada por nada no mundo, seríamos nós cinco contra o mundo, sempre.

       ㅡ Meninos, saiam daqui. A minha conversa é com a Aurora.ㅡ a diretora bufou.

       ㅡ E a nossa conversa é com a senhora, queremos ser transferidos com ela.ㅡ Ji Soo disse num tom ameaçador, depois desta, nunca mais duvidaria do seu lado valente e destemido.

      ㅡ Vocês não fizeram nada para precisar de transferência, então saiam daqui.

      No mesmo instante, Ji Soo segurou os dois lados do rosto de Jeongin e o beijou, enquanto o fazia, deu um cutucão com o pé na perna de Bang Chan, este que logo começou a beijar So Yeon:

      ㅡ Isto é o bastante para uma transferência?ㅡ olhou para a diretora com um quê de desdém em seu olhar.

      ㅡ Está bem, podem ir com ela, os quatro.ㅡ a mulher suspirouㅡ Não é justo que ela seja separada também dos amigos quando somente precisa estar longe do namorado. Vocês cinco podem voltar para casa e arrumar as malas, partem amanhã ao meio-dia.

      Fizemos um abraço coletivo, me permiti chorar de alívio. 

      Antes de ir para casa, passei no salão de Mrs. Sun Gi para me despedir, deixar Ji Soo e pedir demissão. Voltei para casa e passei um pano no chão pela última vez, lavei a louça pela última vez e deixei o jantar pronto. Arrumava minhas malas quando Minho adentrou o lugar correndo:

     ㅡ É verdade que você vai embora?ㅡ perguntou, mas ao ver minhas malas, seu semblante de dúvida e preocupação deu lugar a uma expressão confusa e triste.

     ㅡ Por favor, lembre-se de mim quando ouvir "12:45", pode ficar com meu perfume favorito, e me prometa que verá a Lua todas as noites.ㅡ minha voz já estava embargada e lágrimas surgiam no canto dos olhos.

     ㅡ Não, não vamos nos despedir ainda.ㅡ ele abraçou meu corpo contra o seu ㅡ Vamos olhar as estrelas e... a Lua pela última vez.

     Assenti com a cabeça e Lee pegou o tapete da sala, o colocando na sacada. Limpei as lágrimas e me deitei ao seu lado, o céu estava estrelado, a Lua estava cheia a brisa estava morna:

     ㅡ Geralmente, em filmes e livros, a pessoa sempre fala que tal estrela vai-o guiar. Mas eu não posso falar isso para você, uma estrela é ordinária demais, então olhe para aquela lá, ㅡ apontei para a Lua ㅡ é ela quem vai te guiar enquanto eu não estiver aqui.

     Minho fungou e abanou as mãos na frente do rosto, pude ver que estava espantando o choro:

     ㅡ O Sol irá te guiar, ele é extraordinário como a Lua. Mas assim como eu e você, o Sol e a Lua não podem se encontrar sempre, então espere até o dia em que o próximo eclipse irá acontecer.ㅡ assim que falou isso, abracei-o com força e acabei adormecendo ali.




The same apartment - Lee KnowTempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang