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     Na noite anterior, Minho insistiu para voltarmos ao hospital, apenas para o médico ter a certeza de que estava tudo bem com meu abdome e com os machucados dele. Acabamos dormindo, por insistência de Minho, na mesma maca, eu sabia que era desconfortável para ele, mas o mesmo pediu tanto, que não pude negar. Acordei e vi que seu soro tinha terminado, ao passo que eu nem precisava mais. 

      Peguei minhas roupas de ontem e as coloquei, embora um pouco sujas, não poderia levar comigo o pijama do hospital. Ao voltar para o quarto que estávamos, ouvi a voz de Hendery ali dentro, encostei-me na parede e esgueirei meu ouvido para tentar escutar:

     ㅡ Cuidem um do outro, mostre pra ela o quanto a ama, a encha de beijos, faça o almoço, leve-a para observar as estrelas na sacada. Faça valer a pena, não sabemos o dia de amanhã. Melhoras e garanta com que ela não vá para as aulas enquanto não melhorar.

      Este tinha sido de longe, o conselho mais bonito que já tinha ouvido na vida. Senti passos e tentei me esconder, mas era inútil:

      ㅡ Aurora!ㅡ o professor disse fechando a porta do lado de fora ㅡBom dia. Você ouviu, não é?ㅡ assenti com a cabeça ㅡ Pois bem, isto vale a ti também. Melhoras.

       Agradeci me curvando e adentrei o quarto, a noite anterior havia sido péssima, então deitei para dormir um pouco, no sofá de acompanhante.

[...]

        Estávamos numa premiação de dança no Rio de Janeiro, eu, Lia, Jisoo e Bangchan; esperando Minho entrar para podermos aplaudir com todas as nossas forças.

        ㅡ Lee Know!ㅡ disse a apresentadora.

        Vi meu namorado entrando de smocking no tapete vermelho, sorridente e lindo como nunca. Até que vi, na plateia, um soldado, puxando uma arma da bainha, e atirando diretamente no peito de Minho. O garoto caiu, se retorcendo no chão, debatendo-se lutando pela vida, sangrava como um porco no abate, lágrimas espessas rolavam de seus olhos.

        ㅡ Eu avisei para cuidar dele, não sabemos o dia de amanhã.ㅡ disse Hendery, com os cabelos tingidos de rosa, em seguida desapareceu como uma nuvem de poeira.

[...]

        Despertei assustada, com lágrimas brotando dos olhos, as limpei e me dei conta de aquilo não tinha passado de um pesadelo, o pior pesadelo da minha vida.

       A afirmação "não sabemos o dia de amanhã" nunca havia me assustado tanto; nunca tinha tido tanto medo de perder Minho. Corri até ele, o envolvi em meus braços de qualquer jeito, sem medo das consequências da péssima postura:

      ㅡ Aurora... O que foi?ㅡ ele retribuiu o abraço.

      ㅡ Eu te amo.

      O apertei ainda mais contra meu peito.

      ㅡ O que está acontecendo?ㅡ se afastou de mim.

      ㅡ Desde pequena... Eu tenho sonhos.

      ㅡ Todo mundo tem sonhos.

      ㅡ Os meus não são comuns, Minho. Meus sonhos acontecem, de 47 sonhos em minha vida, 45 aconteceram. Aliás, nosso primeiro beijo, eu sonhei com ele, eu sabia que ia acontecer.

     ㅡ Não estou entendendo onde quer chegar.

     ㅡ Acabei de ter um pesadelo, onde você ia numa premiação de dança no Rio de Janeiro e morria baleado. Por isso, você tem que me prometer que nunca vai a uma premiação de dança no Rio de Janeiro, está bem?

     Minha respiração pesava e minhas mãos gesticulavam rapidamente ao falar.

     ㅡ Eu prometo, prometo que aquilo você teme, nunca irá acontecer.

     Lee afagou minhas mãos com as suas, e me puxou gentilmente para deitar em seu peito.



The same apartment - Lee KnowWhere stories live. Discover now