Após uma emboscada, Julian Campbell decide afastar sua filha dos holofotes e deixá-la sob os cuidados de seu funcionário mais leal, que não suporta o estilo de vida dos Campbell.
Camille, uma famosa influencer, era a personificação de tudo que o bad...
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Lá estávamos nós em mais um dia de trabalho. Impecáveis num terno justo e bem passado, com gravatas sociais e cabelos escovados com tamanho cuidado, que qualquer fio fora do lugar poderia ser motivo de um sermão. Hoje era o dia de uma boa inspeção, onde todos os nossos defeitos ou desajustes são apontados por uma garota riquinha e mimada que irá nos levar para passear como cachorrinhos recém-adquiridos. Por que diabos eu aceitei o emprego? Trabalhar para uma influencer milionária filha de um político? Grande escolha, previamente sem opções.
— Bom dia, Cami Lovers! Não esqueçam de votar na Cami Camp, na categoria de melhores do verão. Graças a vocês, estamos indo além do que eu esperava! Beijinhos doce. Em breve mostrarei meu passo a passo no salão hoje. Só há uma cabeleireira capaz de cuidar do meu loiro incrível. — Como se a tela fosse capaz de responder, a filha do chefe sorri e em seguida, se despede, guardando seu smartphone de última geração na bolsa cara, entregando-a para sua assistente.
— Será que essa garota caga glitter? — sussurra John me fazendo prender a risada e interromper minha observação na filha do meu chefe — Sério, brother... Aposto que ela liga a câmera e diz: "Oi, seguimores! Hoje eu fiz um cocô rosa, ingeri muito suco de blogueirinha que a nutricionista Amanda recomendou. Já seguiram o perfil dela hoje?"
— Não seja tão rude, John. Aposto que ela toma aquelas pílulas que deixam o cocô brilhoso. Como uma garota tão incomum faria algo tão natural como cagar, não é? — ironizo e rimos de uma forma discreta, aproveitando que somos os últimos da fila com vinte homens.
— Aposto que todas as partes do corpo dela têm cheiro de morango, e ela jura para qualquer cara que transa, que é um aroma natural. — John limpa as lágrimas, vestígios de nossa ofensa velada, ajustando a postura quando vê Camille torcer o nariz para os metidinhos loiros que cuidam da segurança do chefe.
— E lá vamos nós... — sussurro finalizando nossa zombaria e olhando para qualquer lugar distante, sem ser o rosto perfeito da garota sem defeitos diante dos meus olhos. Ela sempre nos quer como estátuas, parados e sem expressões; um dos seguranças já foi demitido só por olhar para os sapatos dela.
— Não sei se gosto... Tem bastante estilo e essas tatuagens ficam bem escondidas por baixo da roupa social. Tem 1,85m de altura, feições asiáticas, cabelo preto e liso, ombros largos e fortes. — Camille Campbellfala alto para que sua assistente Naty, faça as anotações a meu respeito, como se eu não estivesse ali. — Acho que vai servir. Qual é o seu nome mesmo?
— Haneul, senhorita Campbell. — digo sem olhá-la nos olhos, como se qualquer vistoria em seu rosto fosse um crime punível com morte imediata.
— Haneul. — A pronúncia de coreano dela é tão perfeita que quase me faz assinar minha sentença de morte ali mesmo. Mas, me contenho em não ceder ao capricho de olhar. — Tudo bem, vamos passar para o próximo, Naty.
