Capítulo 20 - Pesadelo na versão smart 하늘

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    A confusão não nos deixava dúvidas, algo tinha dado muito errado para que saíssemos dessa forma

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    A confusão não nos deixava dúvidas, algo tinha dado muito errado para que saíssemos dessa forma. Mas, não tínhamos o que fazer, estava na hora de voltar para o mundo real e seguro. Camille não pôde arrumar as coisas dela, tampouco eu pude fazer o mesmo, às pressas ela pegou um short jeans e o vestiu para não sair sem roupa. Nenhum dos caras disse nada, apenas fomos até a lancha moderna de antes, enquanto Camille tremia e se agarrava ao próprio corpo.

Achei que ela estaria feliz, afinal, o que poderia assustá-la no seu mundo de mídia? E os seguidores? As pessoas que a adoravam? Eu voltaria para minha família e teria minha vida pacata de volta. Só que a reação dela não me passava muita confiança.
Embalados num silêncio agonizante, notei também que Luigi e Louis não paravam de falar no idioma deles e até davam umas risadinhas, mas Campbell permanece alheia a todos.

— Camille, você que é uma mulher viajada, poderia dizer do que eles estão rindo? Eu sempre fui um merda em francês — brinco, mas ela sequer sorri e isso me deixa aflito.

— Eu deveria ter mais tempo, isso não está certo — resmunga baixo, mas nota meu olhar e seus olhos azuis e claros parecem opacos e frios. — Não sei, Haneul. Não consigo compreender bem o que eles estão falando — mente e desvia a atenção de mim.

— Relaxa, vai ficar tudo bem — tento tranquilizá-la, mas é em vão, Camille se afasta do meu toque e noto que John nos observa sério. Estou encrencado.

Já que ninguém quer papear com o coreaninho aqui, resolvo ficar em silêncio durante todo o trajeto para a zona segura. E, ele dura mais tempo do que eu me recordava. Pouco mais de um mês e sinto-me diferente, mas não acredito que minha vida tenha mudado tanto assim. Bem, provavelmente irei buscar um novo emprego e Campbell poderá fazer coisas que uma blogueira que caga glitter faz. Permanecerei no meu anonimato e tenho certeza, irei tirar uns dias com a minha família e matar a saudade da minha pequena. Isso é tudo que importa.

Para a minha surpresa, ao longe pude ver uma manifestação estranha antes de desembarcamos, e pela primeira vez, Camille parece desesperada. Não é saudade dos seguidores, é algo diferente do que isso…

No mesmo silêncio torturante de antes, vamos até o Ecosport que nos espera e Camille parece alheia demais ao público dela, ansiosos e com camisetas. Sorrio mais uma vez, ao lembrar de como é bom estar de volta, no entanto, noto que algumas garotas não gritam o nome dela. É o meu…

Um grupo com camisetas com o meu nome e o meu rosto parece ficar mais agitado com a minha aproximação. Mas o que significa? Os seguranças não nos deixam chegar perto, apenas somos quase empurrados para dentro do veículo. Meus batimentos estão acelerados e por um momento, minha paz e segurança parecem ruir.

— O que… O que está acontecendo? — balbucio, ao sentar ao lado de Camille, com John e Louis no nosso encalço, o restante dos homens fazem nossa escolta em outros carros.

— Haneul, me desculpe… — Camille fala tão baixo que mal posso escutar, mas não entendo a mudança repentina em seu comportamento. — Eu deveria ter…

— Você sequer teve a decência de explicar para ele, mesmo quando as câmeras estavam desligadas. — A voz masculina e grossa de John preenche o carro, fazendo uma tensão descer pelas minhas costas.

— Me desculpe, eu jurei que tentei — a repreensão me deixa mais perdido, sem conseguir juntar as peças. — Haneul, é que…

— Ela transmitia a rotina de vocês todos os dias, Jeong. Todas as conversas, tudo, tudinho mesmo, irmão. — John finaliza, me deixando em choque, gelando o meu sangue. Quer dizer que eu fui um fantoche? Eu fui usado?

— Isso é verdade, Camille? O que caralho você tava pensando? — grito fazendo ela se encolher e chorar. Me sinto culpado pelo momento de raiva, ao vê-la assim, mas não consigo pensar. Eu venho fugindo todos os dias, eu venho…

— Eu juro que pretendia contar, eu posso explicar tudo. Só precisamos conversar com calma… — ela implora, mas o desespero me deixa cego de ódio.

— Parem o carro! Parem a porra do carro! — grito novamente, mas os seguranças não se abalam em nada. Apenas o frio do ar-condicionado veicular parece nos embalar. — Onde a minha filha está? Camille, se você tiver feito algo com a minha Moon…

— Ninguém vai descer do carro, estamos encarregados de levar vocês dois para o hotel Luxury, aquele de celebridades no centro. É só o que posso dizer, nada além disso. — John finaliza, fixando seus olhos escuros na estrada. — Sua família está salva, cara. Controle seus impulsos aí, não é como se você não soubesse a merda que iria dar em se envolver com essa gente.

Ok… Essa me silenciou por completo. A culpa foi toda minha… Merda! Suspiro aliviado só por saber que a Yuna e a Moon estão bem, mas não faço a menor ideia do que vai acontecer agora. Então, apenas fico quieto sem causar mais estragos, ansioso para ver alguém que me passe alguma verdade.

O banco confortável deixara de oferecer, de fato, algum conforto. Minhas pernas tremem e meus dedos longos e ossudos não param quietos. Nossa rotina sendo transmitida? A intimidade do nosso sexo? O que ela tinha na cabeça? Eu sinto nojo, não consigo sentir nada mais do que isso, parece ter um vazio no meu coração.

Já no centro de West Lake, as luzes começam a ganhar forma na cidade poluída e sem graça. Porém, a sujeira é substituída pelo requinte dos bairros nobres. Diversos hotéis e prédios luxuosos ganham forma e eu me pergunto quantos salários anuais pagam uma diária no Luxury, eu não acredito… Com certeza estou dormindo naquele quarto cheio de rosas e a cama confortável demais para um cara sem graça e comum. Mas, quando chegamos na entrada do hotel e uma multidão nos aguarda com smartphones e camisetas com frases que não consigo ler bem à distância, sinto vontade de vomitar.

John nos avisa que precisamos encarar a entrada, pois a garagem estava interditada pelos “nossos fãs”, fãs… Eu tenho fãs? Mas eu não sou e não faço nada. Isso está muito confuso, isso é demais para digerir assim. A batida na porta do carro é o que me desperta. Ainda sem camiseta e perdido, enquanto Camille é guiada pelos seguranças. Flashes e vozes tiram minha concentração e minha visão; sinto John me conduzir ao caminho certo enquanto meu nome soa como uma música para as pessoas desconhecidas ali.

Estou quase tendo uma crise de pânico por me sentir tão pequeno e culpado. Uma mulher consegue ultrapassar a barreira feita na entrada, mesmo com todos os seguranças. Por sorte, ela foi em busca de Cami, correndo em sua direção, sei que ela está mais aberta ao carinho do público.

No entanto, a reação é oposta ao que eu esperava. Como num piscar de olhos, Camille leva uma tapa tão forte no rosto que cai de joelhos, enquanto a mulher de roupas roxas e cabelo escuro grita xingamentos em coreano. Então, eu a vejo. Amber Iseul, a mulher dos meus pesadelos, a mãe da minha filha, veio reivindicar o direito que tirei dela por anos.

— Haneul Jeong, meu amor… Nós temos muito o que conversar, essa desgraçada, vai pagar caro por ter dormido com o meu marido. — diz fingida e determinada, sendo impedida pelos seguranças de fazer qualquer besteira. Mas não adiantava mais, o caos já tinha se instalado.

Haneul - O Protetor da Influencer (02/05 NA AMAZON)Onde histórias criam vida. Descubra agora