Após uma emboscada, Julian Campbell decide afastar sua filha dos holofotes e deixá-la sob os cuidados de seu funcionário mais leal, que não suporta o estilo de vida dos Campbell.
Camille, uma famosa influencer, era a personificação de tudo que o bad...
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Estou em pânico, descendo as escadas em silêncio e sentindo o coração galopar com força no peito. Haneul usou uma toalha de mãos para limpar o resquício do produto, mas ainda tinha um pouco no rosto dele. Apesar de tudo, está fofo, mesmo que a curiosidade domine seu semblante neste momento. Não fazemos a menor ideia do que está acontecendo.
— Para onde vamos? Aconteceu alguma coisa grave? — ele questiona, chamando sem esforço a atenção da jovem funcionária que parece atraída demais em sua figura masculina.
— Não se preocupe, Jeong. Alguns hackers estão tentando invadir nosso servidor para ter acesso às câmeras do circuito interno. Só precisamos tirá-los da casa para que nosso pessoal verifique se está tudo bem. — ela sorri e joga os cabelos para o lado, numa tentativa fajuta de chamar a atenção do coreano. — Tem algo no seu rosto, quer que eu...?
— Então, quer dizer que vamos ficar aqui com você? — interrompi quando chegamos a uma sala privada, reformada e com quadros bonitos na parede. Mas, nada além disso. — Não que a sua companhia não seja agradável...
Ciúmes, eu estava com ciúmes de Haneul. Isso é ridículo, até para alguém como eu. Ciúmes? Isso é inaceitável. Mas a forma que ela olha para Haneul me dá nos nervos e acho que ele percebeu. Está se divertindo e gracejando às minhas custas.
— Por enquanto, Haneul irá desfrutar da minha "agradável" companhia. Mas você precisa entrar naquela sala ali — ela indica uma portinha de madeira que só agora notei.
Apesar de curioso, Haneul não trocava muitas palavras conosco. Estava quieto demais para alguém tão falante, ou só estava esperando a minha saída para enfiar a língua nela. Ok, eu preciso parar de ser tão insegura.
— Ok, então. Se comporte, Haneul. — dou uma piscadinha e sorrio brincalhona, mas eu estava nervosa e completamente enciumada.
Não que eu gostasse dele... Óbvio que não!
— Pode deixar, Camille. Vou me comportar bem direitinho. — Haneul sorri e passa a mão no cabelo liso e escuro. Gostoso e sexy, como sempre. — Pode ir, eu ficarei aqui.
Ignoro a cara de dissimulado e vou até a portinha. Caminho pelo espaçoso recinto e meus olhos vasculham o local, procurando quaisquer vestígios de que já estive aqui. Mas pelo pouco que me lembro, acredito que esta era a sala de repouso da mamãe. Algumas revistas, jornais, o cantinho que era um escritório incomum e divertido.
— Por aqui, senhorita. — um dos seguranças surge e noto a iluminação na sala. Suspiro e vejo um computador ligado e um rosto bastante familiar na tela. — o Sr. Campbell gostaria de conversar com você.
Por dois segundos minha atenção se divide entre fugir do meu pai e observar a salinha sem detalhes. Tinha outra portinha lá dentro, provavelmente a que dava acesso à equipe. O computador, uma mesa, a cadeira e alguns quadros praianos são os únicos itens na sala. Era pouco maior do que o meu banheiro. Estranho, apertado, mas Julian Campbell era muito mais intimidante do que qualquer claustrofobia que eu tivesse aqui.
— Laura Camille Campbell, o que você acha que está fazendo? Dormindo com a droga do meu segurança! — papai grita, sem se importar com o homem ao meu lado na sala, que finge não ter interesse em nossa conversa. — Ele é um motorista!
— Eu não sabia que tinha que pedir permissão para ser uma mulher adulta, papai. — controlo toda a ironia e sarcasmo preso em minha garganta, mas não acho que foi o bastante. — O problema é ele não ter grana? Sério mesmo?
— Não me desafie, Camille. Ele ainda é meu funcionário. Só estou avisando, tome cuidado no que você faz aí dentro. Acha que Haneul vai gostar dessa ideia de reality? — ele brinca com a barba por fazer e depois parece entediado. — Isso vai ser ainda mais divertido.
— Então não há uma ameaça de hackers? Você só queria falar comigo, é isso? — brinco com as cutículas feias e bufo desinteressada. — Poderia ter me mandando uma mensagem de fumaça. Estava fazendo uma limpeza de pele bem caprichada em Haneul e...
— Não quero saber do que vocês fazem na casa. Por sorte só estamos ao vivo pela tarde. Essa sua ideia tomou uma proporção que nem imagina, filha. — diz mais calmo, provavelmente pensando na grana que está recebendo às custas da minha farsa. — Na verdade, preciso te alertar sobre uma coisa.
— Pode falar, papai. — o segurança checa a hora em seu pulso e parece deixar explícita a ideia de que temos pouco tempo. — Estou ouvindo.
— As coisas por aqui não estão muito boas, mas acho que a polícia está traçando uma investigação mais a fundo. Tenho planos para trazê-la de volta daqui a um mês, Camille. Tente se comportar, o mundo aqui está um caos. Suas redes sociais estão bombando e até mesmo a de Haneul... Mas não posso falar mais sobre isso.
— Que estranho! Ele não tinha redes sociais, pai — recordo, lembrando que fiz uma busca pelas redes mas não encontrei nada.
— Agora ele tem, filha. E está fazendo sucesso. Você precisa convencê-lo a não nos processar quando isso tudo acabar. Faça com que Haneul se apaixone por você ou pela vida de celebridade. Ele não vai gostar nada quando souber da dimensão do reality. Nossos patrocinadores ficaram nervosos com aquela fala, tivemos que interromper você, antes que entregasse o jogo. Isso agora está acima do que pensamos, Camille. Acima de qualquer coisa. Mas os meus assuntos ainda estão inacabados.
— Papai, me conte mais... Eu preciso saber sobre tudo... Preciso ter uma dimensão. Foi a minha ideia! — resmungo e o segurança faz uma expressão de alerta, que meu pai compreende como uma hora de encerrar a conversa.
— Não posso, Camille. Só poderemos conversar quando tudo isso acabar. Preciso desligar agora, tenho uma reunião importante com uns acionistas. Você tem um mês. Em breve irá voltar para o mundo real. Mas cuidado com esse envolvimento afetivo com o meu segurança. Isso não vai dar certo, o preço pelo seu reality custará muito caro. Apenas lembre-se: você tem um mês para convencê-lo a gostar de celebridades.
Sou dispensada da sala e meus batimentos estão acelerados demais, como uma bomba-relógio em meu peito. Vejo Haneul ao fundo e ele sorri conversando animado com a funcionária. Enquanto isso, minha mente processa qual das duas tarefas será mais difícil: fazer Haneul se apaixonar por mim ou pela fama.
