Capítulo 3 - Baía das Pérolas

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    Antes do motorista pessoal de Julian Campbell nos levar escoltados por um caminho sinuoso, Camille passa gloss nos lábios enquanto escuta uma música tão alta que no banco dos fundos do carro tamanho família, consigo ouvir Avril Lavigne ressoar...

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    Antes do motorista pessoal de Julian Campbell nos levar escoltados por um caminho sinuoso, Camille passa gloss nos lábios enquanto escuta uma música tão alta que no banco dos fundos do carro tamanho família, consigo ouvir Avril Lavigne ressoar pelos fones de ouvido.

Suspiro baixo e permaneço frustrado com o que nos aguarda, sem saber como nós dois vamos ficar numa ilha deserta. Observo além das películas anti reflexo da janela, nosso caminho sendo iluminado apenas pelos faróis dos carros na estrada. Viajar à noite era mais perigoso, no entanto, chamaria menos atenção do que à luz do dia. Era mais seguro para vários carros blindados e de grande porte se camuflarem na escuridão, do que à espreita dos olhos curiosos da cidade onde todos têm um preço. 

— Não precisa se preocupar com nada. Alimentação, limpeza do ambiente. Tudo será feito de uma forma discreta, sem que eles os encontrem pela casa. Haverá horários para tudo e diante disso, vocês terão que cumprir o que estará na lista. Incluindo, em hipótese alguma, entrar em contato com qualquer pessoa além de um ao outro. — Naty nos dá a instrução e Camille a ignora. Por um momento, até esqueci que ela estava no mesmo ambiente que nós. 

— Entendi. Seguir as regras, cumprir a lista. Falar apenas com Camille e ninguém mais. Esqueci de mais alguma coisa? — questiono, sendo a única pessoa interessada no que ela tem a dizer. 

— Nadinha, querido. Você é muito sortudo, sabia? Metade dos caras matariam para estar no seu lugar. Ficar isolado numa ilha com Cami Camp? Um sonho possível! — a assistente balança o tablet com suas tarefas e sorri, retomando a atenção ao trânsito. Não sei se ela está sendo irônica ou se realmente acha que isso é uma forma de passatempo. 

— Mal posso esperar! Super divertido… — ironizo, pondo a mão no queixo, fitando a janela e as copas altas das árvores que exibiam sua graciosidade. Perdi a noção de tempo e não faço ideia  de quanto ainda falta para chegarmos. Noto somente agora que Camille me encara, talvez tenha ouvido o que eu falei, tentando detectar minha ironia ou entusiasmo.   

Não sei em qual momento desisti de saber quando vou chegar, apenas me entrego a um sono profundo e aconchegante no banco espaçoso demais para um galã tatuado e solitário feito eu.

Acordo com a movimentação e a conversa incessante, sendo despertado por Naty que toca meu ombro gentilmente. 

— Não queria atrapalhar seu soninho, gato. Mas a partir de agora, vocês terão que seguir o restante do trajeto num iate privado. Divirta-se com a Cami, ela pode parecer um pouco difícil, mas é bem mais do que um rostinho bonito.  — Naty dá uma piscadela e só agora, paro para pensar mais sobre ela. Indiana, 25 anos, cabelo azul, roupas estilosas e delicadas tatuagens. Gostosa pra caralho. — O que foi, bad boy? Perdeu a fala? 

— Minha alma estava fazendo check-in de volta para o meu corpo, perdoe-me, milady. Meu sonho estava ótimo. Não estou grato pela interrupção. — sorrio, falando qualquer merda para disfarçar meu momento, analisando a assistente pessoal de Camille. — Vamos lá.

No cais, os seguranças estão em total alerta, segurando com precisão suas armas bem carregadas. Camille se despede do pai e da assistente, enquanto no iate, observo o oceano que se estende como um horizonte infinito, como um convite só de ida feito pelo acaso. Dois seguranças embarcam no iate luxuoso e fazem nossa escolta até o local. A loira suspira fundo e entrega os aparelhos eletrônicos para um dos homens do Julian, em seguida, faço o mesmo. Agora, mais do que nunca, estou separado da civilização e da minha família, restando apenas meus dias tediosos com a filha do meu chefe. 

Camille Campbell parece alheia ao luxo que a cerca, nada impressionada com a piscina no iate, o heliporto e todo o resto. Eu, não demonstrarei nenhuma surpresa, afinal, já fiz vários passeios em transportes de milionários. Super comum, este é bem simples até… Uma dose de sarcasmo não faz mal a ninguém. 

Sem minha dama de companhia, relaxo meu corpo num assento com bancada de couro na polpa do iate, vendo o cais se tornar um borrão ao longe. Lembro-me das palavras proferidas pelo meu chefe, minha função era cuidar da filha dele. E, assim eu faria. 

Tento contabilizar o nosso trajeto, mas sem relógios e celulares fica difícil. Parece até que nossa localização é sigilosa até para Camille e eu. Mentalmente, dou uma estimativa que demoramos 30 minutos para que a silhueta da ilha enfim ganhasse forma. Uma casa à beira-mar ganha espaço perante a vegetação, como se fosse iluminada por mil sóis. Contemplo a casa perfeita, com uma varanda incrível, velas, flores e uma forte estrutura de madeira. Os seguranças nos ajudam com as malas e eu tento não demonstrar minha curiosidade pulsante para explorar cada parte desse lugar. Um lugar paradisíaco e perfeito, se não fosse pela presença da influencer metida. 

— Está gostando da vista, Haneul? Espero que sim. Vai ser muito divertido ficar aqui comigo, sei que você mal pode esperar. — exibindo sua irritação, Camille leva as malas cor-de-rosa para dentro da casa e os seguranças partem no iate. Nos deixam à própria sorte.

Resolvo não responder e nem me aproximar, deixando-a sozinha pela casa que ainda tem muito a nos mostrar. Enquanto isso, sento na areia da praia ainda com a minha bagagem, vendo as estrelas que parecem pingos de glitter no céu. Fecho meus olhos por alguns instantes e tento focar no que me trouxe até aqui: minha irmã e a minha filha. Elas são tudo que importa e eu farei de tudo para vê-las felizes.

Brinco com a areia úmida em minha mão e sorrio, contendo a vontade de tirar a roupa e adentrar nesse mar escuro e convidativo, repleto de mistérios. Eu tinha muito a perder, mas não entregaria o jogo assim tão facilmente. Passar uns dias com Camille não é tão ruim quanto as coisas que passei para chegar até aqui. Mas, ela não sabia disso, jamais poderia.

Seu lugar privilegiado não lhe proporciona nada além de um muro socioeconômico que define sempre quem perde e quem ganha. Esta noite, não irei perder. Decidido, pego as minhas coisas e começo uma leve exploração pela casa. Busco um dos quartos vazios. Não sei onde a herdeira Campbell está, mas o quarto do piso inferior na casa com dois andares, não parece nada mal. Não percebo o quão estou cansado até encontrar uma cama.

Não foco minha atenção na decoração, disposto a explorar tudo pela manhã, afinal, eu teria tempo o bastante nesta casa para decorar até mesmo as fissuras na parede. No entanto, olhando de soslaio, noto uma cama confortável com lençóis macios e limpos, um tapete florido perto da cama grande no centro do quarto, pétalas vermelhas pelo chão, velas e aromatizantes.

Há toalhas limpas na cama, delicadas e enlaçadas numa fita vermelha. Tudo parece tão afrodisíaco aqui, até mesmo o jeito que as cortinas balançam de forma leve pelo sopro de vento frio pela janela, parece nos convidar para uma safada praiana. Estou cansado demais para fazer algo além de tirar as roupas e deitar só de cueca na cama. Resolvo ignorar qualquer conflito inicial com Camille, dando o espaço que aparentemente ela precisava, afinal, tínhamos um longo tempo de inimizades pela frente.  

Haneul - O Protetor da Influencer (02/05 NA AMAZON)Where stories live. Discover now