Acordo como se uma escola de samba tivesse feito uma festa particular na minha cabeça. O mundo parece girar, então apenas sento na cama e fico tentando trazer as coisas para a órbita na qual pertencem. O sol já se instalou pelas janelas e o vento agita as cortinas de forma calma e leve. Não lembro como vim parar aqui ou o que fiz ontem. Será que bebi? Mas por que não me lembro de ter ido pra cama?! Ou talvez, Camille saiba de algo e possa tirar minhas dúvidas ou dar qualquer pista do que nós fizemos ontem à noite. Será que...? Não! De jeito nenhum, isso jamais poderia acontecer.
Vou para o banheiro e noto minha expressão de derrotado, o cansaço ainda sob meu corpo, como se a noite de sono não tivesse sido o bastante. Resolvo me livrar das peças de roupas e tomar um banho gelado, para acordar de vez cada partícula adormecida.
Escovo os dentes, passo o perfume, faço a barba e penteio os cabelos escuros para trás. Estou faminto, cansado, exausto e alheio ao meu próprio corpo. Visto uma camiseta branca de linho, uma sunga escura e um short florido de tecido leve. Estou pronto para mais um dia comum na ilha, onde nada fora do comum acontece. Porém, estava na hora de sair e explorar um pouco, nem que seja a vegetação ao nosso redor.
Caminho preguiçoso até a cozinha e encontro uma salada de frutas tropicais num recipiente com desenhos de abacaxi. Tudo está limpo e bem organizado. Sorrio ao detectar um bilhete de Camille dizendo que está na praia, o deixo de lado indo comer as frutas.
É tão engraçado o modo que ficamos nesta casa, como se as paredes tivessem ouvidos indetectáveis e olhos que nos vigiam o tempo todo. Notei as câmeras pela casa, sei que estão funcionando e que Julian Campbell jamais abriria mão da segurança de sua filha, levando-a para uma ilha como um cara tatuado, gostosão e mal-encarado feito eu. Pelo menos a minha pequena Moon, só irá namorar ou sair de casa quando estiver na faculdade. Nenhum homem será digno da minha princesinha, e nossa... Que saudades!
Após lavar os itens que usei, desço as escadas e vejo um ponto rosa na praia que me chama atenção. É um flamingo? Uma espécime rara? Penélope Charmosa? Poderia ser, mas é apenas Camille Campbell se bronzeando na areia. Sorrio ao vê-la parada e de bruços, esparramada numa toalha rosa.
Não sei como essa garota consegue manter essa rotina exaustiva de beleza. Deve ser um saco precisar estar bonita o tempo todo para todo mundo. Mas, pensei que seria diferente aqui, já que não tem ninguém nos observando. Talvez essa cultura seja enraizada demais nela e não imagino a blogueira sem os seus produtinhos. Tudo bem, eu também tenho meus caprichos com pele e com o cabelo, mas nunca em excesso. Penso que tudo que fazemos sem vontade e por pressão, não se torna prazeroso, vira uma penitência. E, para ser bem honesto, Camille Campbell era escrava de sua própria beleza.
— Olá, Jeong. Lindo dia de sol para pegar um bronze — diz quando me aproximo, ainda de olhos fechados e com um enorme chapéu que cobre uma parte de seu rosto.
— Oi, chocolate branco, não quero que você derreta — brinco, usando uma frase piegas de As Branquelas, sentando-me ao lado dela e observando o mar calmo e convidativo, ainda não passava das 11h mas o clima estava agradável. — O que nós fizemos ontem? Digo, o que eu fiz ontem? Acordei muito cansado. Bebemos muito? Não lembro de nada após ter comido.
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Haneul - O Protetor da Influencer (02/05 NA AMAZON)
RomanceApós uma emboscada, Julian Campbell decide afastar sua filha dos holofotes e deixá-la sob os cuidados de seu funcionário mais leal, que não suporta o estilo de vida dos Campbell. Camille, uma famosa influencer, era a personificação de tudo que o bad...