Capítulo 35 - Confissões

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Trinta e cinco.

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RHEA ESTAVA ACOSTUMADA COM A DOR.

Tessa sabia, e, ainda assim, tentava amenizar. Antonella não deixava que ela fizesse feitiços, tampouco usar qualquer remédio trouxa, então Rhea era obrigada a deixar que os cortes e machucados sarassem sozinhos. Dessa vez, Rhea, sem querer, ouvira a conversa da mãe com um homem alto e lambido na sala de estar. Antonella notou sua presença antes que ela conseguisse escapar, e, sem sequer ter a chance de explicar que não tinha escutado muito, Antonella lançou uma bela sequência de Diffindos.

Agora precisava se arrumar para o tão esperado jantar do qual o homem lambido e sua mãe conversaram — e Rhea, que não era burra nem nada, já sabia exatamente do que se tratava. Queria estar com medo, sabendo que, dali a algumas horas, o próprio Lorde Voldemort estaria sentado à sua mesa de jantar. Deveria estar com medo — Tessa estava apavorada. Mas a cada nó que Tessa dava em seu espartilho, pressionando a carne viva de suas costas graças ao recente castigo, Rhea era fustigada com uma onda de ódio tão forte que era como se fosse explodir.

Então a mulher a mantinha trancada por quinze anos, a torturava de todas as formas possíveis, marcava sua pele por toda a eternidade, e achava que tinha o direito de escolher o seu destino?

Rhea queria rir como uma louca de tão engraçada que parecia a ideia.

— Está doendo muito, minha senhora?

Sim, Rhea queria responder. Mas demonstrar dor era demonstrar que Antonella era mais forte. Rhea estava cansada daquilo.

— Estou bem — respondeu, apreciando-se no espelho preso à parede. Não gostava de usar vestidos longos e enfeitados como aquele. Era muito de época. Tinha renda demais, pano demais e o espartilho tirava-lhe o ar. Fora que era horrível levantar todas aquelas camadas quando precisava ir ao banheiro.

— A senhora é tão esperta — disse Tessa, cujos olhões brilhantes pousaram no reflexo de Rhea —, se me permite dizer, minha senhora, se eu fosse a senhora faria uma daquelas poções pra dor. Rhea sentirá muita dor quando se mover, minha senhora. Os nós estão bem em cima, senhora, fiz o melhor que pude, mas não posso deixa-los muito soltos, minha senhora, ou então Antonella notará.

— Não posso fazer uma poção da dor agora, Tessa — lamentou Rhea, com os dentes tão trincados de dor que pareciam que iriam quebrar — Logo, logo os convidados vão chegar, uma poção pra dor levaria horas.

Tessa deu o último nó no vestido de Rhea, entrelaçando as mãozinhas em frente ao corpo. Rhea admirou-se no espelho, puxando algumas mechas do cabelo para prende-lo. A pele ardeu como o diabo com o movimento dos braços, e Rhea apertou os olhos, tentando respirar. Estava acostumada, repetia para si mesma. A dor era sua amiga a essa altura. O ódio também.

ilvermorny girl | sirius blackWhere stories live. Discover now