Um mísero obstáculo

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Linary abriu os olhos ao sentir seu corpo se movimentando de um lado para o outro. Constatou que ainda estava dentro daquela cela e que ela se movia muito mais rápido do que antes.
Tentou ficar de pé para ver o que acontecia lá fora, mas até mesmo fazer aquilo não era possível e tinha medo de se machucar.
Se apoiou nos joelhos, espalmando suas mãos no chão da cela e engatinhou para mais perto das grades que a impediam de fugir para bem longe, grades aquelas que brilhavam em uma coloração azulada vibrante. Ela não sabia dizer se aquela coloração já estava ali na noite anterior ou se pela manhã, e o céu cinzento, ajudava a coloração a se destacar.

Tomando todo o cuidado para que as correntes que prendiam as algemas em seus pulsos não fossem puxadas no processo, ela engatinhou devagar até ter um bom vislumbre do lado do fora da cela.
Ela não ousaria deixar que sua pele tocasse naquelas algemas enfeitiçadas de novo pois não queria sentir uma nova onda de dores como sentiu na noite anterior, experiência ao qual não queria ter de novo.
Por mais que estivesse curiosa para ver qual era o motivo de tanta pressa, Linary não estava disposta a tal sacrifício.
Não poderia pensar somente em si mesma, mas se Thamerya estivesse certa e ela estava esperando um bebê, tinha que pensar nele também.

Linary sentia suas pernas e braços fracos e ficar na posição que encontrava-se, tornará-se uma tarefa complicada pois a fome já estava cobrando seu preço.
Fazia dias que ela não se alimentava direito por conta do evento traumático com Linayna, a discussão com Laylin e a descoberta da traição de Kyle. Eventos que tiraram sua fome de forma considerável.

Lembrar daqueles que amava fazia com que seu coração doesse.
Linayna ela nunca mais veria de novo, Laylin nunca a perdoaria e era provável que ela morreria sem receber o perdão da irmã, e Kyle estava mais distante do que nunca.
Antes que ela pudesse aprofundar-se em pensamentos sobre Kyle, a movimentação parou e vozes confusas poderiam serem ouvidas do lado de fora.
Linary engatinhou para o mais perto possível das grades, tomando cuidado para que nenhuma parte do seu corpo encostasse nelas e tentou escutar o que as vozes diziam.
Uma delas era de Kemuel e ele estava nervoso, dando ordens a torto a direito gritando para que os homens fizessem algo enquanto que ele a levava para Darken pois aquela era a prioridade.

Mas uma das palavras chamou a atenção de Linary: atrase-os.
Ao que parecia ele não tinha tudo sobre o controle e tinha alguém atrás deles.
Ela desconfiava que poderia ser o seu grupo pois ninguém mais teria o interesse de a salvar dali, mas não ousaria ter esperanças e pagaria para ver.
Depois dessa ordem tudo ficou no mais completo silêncio e somente os passos pesados de Kemuel indo até a cela se foi ouvido. Logo não demorou muito para sua figura odiosa aparecer na frente de Linary.

— Como vai a princesa dorminhoca? — Ele disse com um sorriso perverso.

— Eu preciso de água, comida. — Linary disse com a voz fraca por lábios ressecados mal reconhecendo sua voz como aquela.

— Para eu te alimentar precisaria que eu te tirasse daí e isso não é possível. — ele fingiu pensar por um momento e Linary ousou ter esperanças de que ele lhe daria algo. — Eu até poderia te ajudar, mas estou empenhado em seguir o plano. Falta tão pouco, não posso me dar ao luxo de te alimentar e a manter forte.

Toda e qualquer esperança que tinha morreu ali. Se fosse em qualquer outra circunstância Linary não ligaria, ainda mais após tudo o que aconteceu onde por várias vezes pediu que fosse ela a morrer no lugar de Linayna, mas tudo havia mudado ao saber que havia a possibilidade de ter uma criança em seu ventre. Não poderia pensar somente nela, não poderia ser tão egoísta e olhar somente para o próprio umbigo, tinha que pensar no inocente que carregava e a falta de comida o colocaria em risco.

— Irei morrer de fome então, é isso que quer? Pensei que Darken me queria viva para me matar com suas próprias mãos. — Ela fez uma última tentativa.

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