Borboletas azuis

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Sempre há uma questão que nos perguntamos a cada dor que sentimos, a cada momento ruim que passamos, a cada ação de má fé que tomamos que possa prejudicar outra pessoa.
Quanta dor o ser humano pode suportar em um curto espaço de tempo? 
Seria certo dizer que enquanto existe vida o ser humano passará por provas até encontrar a tão misteriosa e inalcançável felicidade? 
Ao estar prostrada ali no chão, manchando seu vestido branco de vermelho sangue com parte do seu corpo em cima de Kyle, Linary se fazia aquelas perguntas sem parar. Questões sem resposta rodando na sua mente e a fazendo ficar cada vez mais confusa.

Ela pensou na noite passada em que Kyle tentou falar com ela por uma janela que fez questão de fechar para não o olhar. 
Não pensou no risco que ele correu ao escalar a parede usando os parapeitos das janelas inferiores para a ver, também não pensou no risco que ele correu em um cenário que poderia ser visto por qualquer um e Darken o fazer mal por ser um descumpridor de ordens. Não, Linary somente se agarrou ao seu ódio que se sobrepôs ao amor que sentia, que se sobrepôs a todos os momentos que passou com Kyle, se sobrepondo a todas as coisas boas que ele já lhe disse e fez.

Ao gritar e abaixar a cabeça de encontro ao corpo que se debatia sem parar, ela deixou as lágrimas caírem livremente. Tentou sussurrar no ouvido dele que tudo ia ficar bem quando nem ela mesma acreditava em tais palavras.
Passou os dedos por todas as veias negras que decoravam todo o corpo de Kyle criando um cenário caótico e desesperador. 
Queria o ajudar, queria tirar toda a dor que ele sentia, não precisa sentir em sua pele pois o semblante dele dizia muito mais do que mil palavras.

— Linary me deixe ajudar.— Ela escutou Dan dizer ao seu lado. O menino havia se abaixando e naquele momento seus olhares amarelados se encontraram.

— É muito jovem, não vai saber o que fazer. — Ela disse tentando controlar os soluços que lhe atrapalhavam em articular a frase.

— Conheço essa magia, Thamerya me ensinou. Finalmente vou poder usar meus dons medicinais para ajudar algo além de animais, me deixe tentar. 

Linary o olhou em dúvida. 
Era complicado colocar a vida de Kyle nas mãos de um garoto que não tinha não mais do que dezesseis anos, jovem demais.
Só que vendo o estado que Kyle estava não havia outra saída a não ser tentar. 
O pulso do rapaz de cabelos densos e olhos azuis cativantes já estava muito fraco e ao abrir os olhos Linary viu o que desastroso o estado dela já encontrava-se pois o azul se perdeu e só podia ver o preto sombrio do feitiço lançado eclipsando com o globo ocular em um tom muito vivo de vermelho.

— Não vai demorar para ele começar a expelir sangue. Tente me proteger enquanto eu o ajudo. — Linary assentiu e levantou-se com muito custo pois suas pernas estavam fracas.

— Laylin temos que proteger Dan e Kyle até que ele consiga reverter o feitiço, aí podemos ir até o dragão e sair daqui.

A mais nova assentiu sem prestar atenção pois a mesma estava voltada para Darken que a olhava em choque.
Parecia que a bruxa estava paralisada e via através dela para logo em seguida uma expressão determinada se fazer presente em seu semblante.
Laylin sabia o que fazer, como acabar com tudo. Lembrava das palavras de Thamerya e seu corpo dava sinais de aceitação, mas ela tinha que fazer sua mente aceitar também, aceitar o seu destino.
Via sua irmã em desespero pelo estado de Kyle que pelo jeito caminhava a cada segundo de encontro com a morte.
Viu também Laynei e Samar lutando contra a outra bruxa que naquele momento havia se transformado em um Dragão e não dava sinais de que iria facilitar a vitória para elas.
Archie fazia o que podia para que soldados do reino inimigo não os fizessem mal.
E ali estava ela ainda pensando se deveria ou não fazer o que tinha que ser feito.
Thamerya apareceu de repente ao lado dela e Dan ficou satisfeito em ver que sua mãe de criação apareceu.

Reinos da magia ( Em Revisão )Where stories live. Discover now