Epílogo

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Tempo.
Palavra que era tão curta, mas tão cheia de significados. E para Dan era algo repleto deles.
Havia se passado vinte anos que não colocava os pés no Reino da magia, o novo nome para o antigo Reino do fogo.
E em meio aquele tempo enorme que havia se passado muita coisa aconteceu na vida dele.

Seu professor lhe ensinou muita coisa, o que lhe rendeu um bom emprego no Castelo para com os reis de Nilial.
Lá ele construiu sua vida e se estabilizou.
Não trocaria nada na sua vida atual, tinha tudo o que queria. Pelos serviços prestados como professor para iniciantes na magia ele ganhava bem do rei o que lhe garantiu bons investimentos e uma pequena fortuna.
Mulheres não lhe faltavam e mesmo já estando em idade para se casar, Dan não pensava naquilo. Era uma ideia que não lhe agradava em nada.

Ele estava ali para a visita e para buscar a filha do conselheiro chefe para estudar no Reino Nilial e passar um ano com Ava.
Teria um bom treinamento o que ajudaria a menina a firmar sua magia.
Segundo a carta de Linary, sua filha estava tendo dificuldades para dominar o elemento. A jovem já tinha vinte anos e havia declinado não somente para um, mas para os quatro elementos, o que era um caso raro dado que a moça era filha de uma bruxa da terra e Kyle não tinha conexão com a magia.
Era por aquele motivo que ele estava ali, o caso era interessante e merecia atenção. Ele tinha interesse em saber por que a moça havia declinado para vários elementos. A teoria de Dan era que a genética das tias falara mais alto, visto que havia duas bruxas do elemento ar na família e uma delas era uma bruxa rara.
A jovem era como Thamerya.

Ele balançou a cabeça quando a imagem de Laylin surgiu em sua mente. Não queria lembrar da jovem morta a tanto tempo e o principal motivo pelo qual ele não havia se casado.
Ele parou com o cavalo em frente ao Reino e saltou dele lembrando das palavras de Thamerya quando a viu pela última vez na festa de casamento.
Até aquele dia ele nunca havia encontrado a moça de que tanto ela falava, nunca sentiu nada por nenhuma das mulheres com as quais se deitou, nem um mínimo interesse além do carnal.
Aquilo só aferrecia o fato de que ele estava certo. Não haveria ninguém para ele.

Dan parou em frente aos portões e procurou se concentrar na missão até ali. Não havia tempo para pensamentos e lembranças bobas que não o levariam a nada.
Um guarda logo veio o atender e abriu passagem. Pelo visto já sabiam que eu estava perto. A ave de rapina deveria ter feito um bom trabalho. Ele pensou consigo mesmo.
Dois homens franzinos abriram o portão e eles indicaram o caminho para a casa de Kyle quando Dan o perguntou.

Não era muito longe e montado no cavalo a distância ficava ainda menor.
Quando deu por si já achava uma linda casa de dois andares com janelas amplas e um belo jardim repleto de rosas e flores dos mais diversos tipos.
Dan desmontou o cavalo e o amarrou em uma árvore perto de um lago repleto de pequenos peixes.
O quadrúpede sorveu a água como se não houvesse amanhã e arrancou risadas de seu dono que lhe deu dois tapinhas em seu pescoço.

— Me espere que já venho. Não vá aprontar nenhuma bobagem. 

O intuito de Dan era ir direto para a casa, mas um movimento à sua direita e seu olhar foi atraído para uma figura alta e de cabelos muito escuros que chegavam até a sua fina cintura. E de costas se era possível ver transpassado por seu corpo um arco.
Ela rodava em meio a muitas borboletas como se fizesse parte delas, um sorriso nunca deixando seu rosto.
Se abaixou e pescou uma margarida a colocando em seus lindos cabelos negros. 
Trajava um vestido azul claro como um dia sem chuvas onde borboletas repousavam nele como se fosse sua segunda casa. Como se a moça fosse uma espécie rara de flor.

Mesmo que seu cérebro o ordenasse para seguir em frente, Dan se viu atraído até onde a moça estava. Seus pés o guiando naquela direção como se fosse atraído por um imã.
Seu coração batia depressa como em muito tempo não fazia, suas pernas não obedeciam a seus comandos e sim aos dela. Como se até o ar que ele respirasse fosse somente por autorizado por ela.
Sentindo sua aproximação, a moça abriu os olhos e o encarou fazendo o coração dele falhar uma batida.

Os olhos dela eram de um azul muito claro, quase translúcido.
Era ela, a moça de quem Thamerya falava, ela não mentiu e Dan não sabia se aquilo era bom ou um pesadelo.
Ele já tinha uma idade de muita experiência enquanto que a moça tinha apenas duas décadas. Aquilo era impossível, nunca iria acontecer.

— Você é familiar. — Ela disse fechando a distância entre eles e o olhando com curiosidade.

— Me conhece? Acho impossível pois já faz mais de vinte anos que não venho para esse Reino. — Dan disse assustado e dando um passo para trás quando a moça se aproximou para olhar em seus olhos como se ela fosse perigosa.

— Seus olhos aparecem em meus sonhos, sinto que te conheço e não é de hoje. Qual o seu nome? 

— Dan. — Ele engoliu com dificuldade antes de responder.

— Então é você que vai ser o meu guia e professor. — Ela sorriu mal se dando conta da expressão perturbada que tomou conta do rosto de Dan.

— Você é a filha do Kyle e Linary?

— Sim. Prazer, Lauana. — Ela estendeu a mão e Dan a pegou por reflexo se arrependendo no ato.

Ao tocar a mão dela, muito menor que a sua, ele sentiu como se um choque elétrico percorresse por toda a sua corrente sanguínea fazendo com que ele retirasse a mão da dela rápido demais e olhar para o rosto da garota que portava uma expressão confusa.

— Eu vou lá dentro falar com seus pais. Terá até mais tarde para arrumar suas coisas que seguiremos viagem no primeiro canto do galo. — Dan disse emburrado.

— Sim senhor cheio de ordens. — Lauana murmurou mal humorada e voltou a observar as borboletas. — O senhor deveria relaxar um pouco, está tenso. 

— Uma menina me dando conselhos, essa é nova. 

— É só o que acho. Observar borboletas me acalma e me diverte. As azuis são as minhas preferidas. 

Ela disse sem olhar, sem nem saber o quanto aquilo havia o atingido.
Aquilo foi o que Laylin dissera na carta de despedida. Será que tinha algo interligado? Pensou Dan.
Era loucura, aquilo era impossível, ela não podia estar ali. 
O que ele tinha que fazer era se afastar da jovem, mas algo dizia para ele que não conseguiria por muito tempo.

Fim.

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