Feitiço do hospedeiro

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Não era fácil estar sozinha e governar três reinos e um deles sendo uma grande potência como o Reino da água era.
Tudo  foi conseguido com um bom planejamento e grande maestria, mas de que adiantava tudo aquilo agora se continuava sozinha? 
Era o que Darken pensava consigo mesma ao tentar levantar-se da cama.
Seus dias resumiam-se a estar presa no quarto, deitada como se estivesse com uma doença terminal.
Quando não recebia ajuda para locomover-se pelo castelo não chegava a local algum que não fosse entre as quatro paredes daquele maldito quarto repleto de riquezas que de nada lhe serviam.

Há alguns dias havia desistido de esperar o inútil para buscar Linary e resolveu absorver as almas restantes para o pagamento da divindade, mas o prazo havia estourado e como consequência seu Mestre havia deixado que ela passasse por aquilo por mais  algum tempo, como uma espécie de castigo pela afronta.
Ele estava cada vez mais exigente e Darken já não aguentava mais aquilo.
Não aguentava mais aquele corpo velho que necessitava das almas não somente para manter seus poderes sombrios como também para manter sua juventude.
Sentia que aquele corpo, que já havia passado por tantas coisas, já não valia de nada. Era substituível.

Levantou-se com toda a energia que dispunha e foi até o imenso espelho de corpo inteiro que havia dentro do quarto. Sua moldura era dourada, ricamente entalhada por pequenos rubis. 
Mas nem mesmo o luxo do quarto fez seu reflexo ficar menos pior do que encontrava-se.
Seus cabelos não estavam mais da coloração preta de antes e sim cinzentos e sem vida.
Rugas apareciam no canto de seus olhos a deixando com um ar envelhecido e até mesmo suas mãos estavam rugosas e com pequenas manchas marrons.
Darken sentia-se horrível e teve vontade de quebrar o espelho com as próprias mãos.
Mas de que aquilo iria adiantar? Ela perguntava-se.

Aquilo tudo era ocasionado por seu castigo.
Toda a sua força, energia e magia que dispunha evaporava de seu corpo a cada segundo passado e nada ela podia fazer a não ser, esperar a boa vontade de seu Mestre para acabar com seu sofrimento.
O problema todo não era somente aquilo e sim que Darken não aguentava mais aquele corpo velho e podre com tantas marcas que não saíram nem mesmo com o sacrifício de vender sua alma.
Nada era atrativo ali e alimentar um corpo como aquele não estava sendo benéfico nem para ela mesma.

Tinha que fazer algo. Não dava mais para ela continuar assim.
Já estava quase conseguindo concluir tudo o que queria, mas Darken queria muito mais, queria perfeição.
Queria viver uma vida confortável em um corpo novo, perfeito e cheio de vida.
Então ela pensou em algo que tinha ouvido falar há muito tempo.
Sua mãe lhe contara certa vez, que era possível ter a juventude eterna com um feitiço certo.
Era chamado de troca de hospedeiro. Magia proibida do submundo.
Não era todos que tinham autorização para conseguir tal feito, mas quando se era feito o portador da magia trocava de corpo com um novo enquanto que a alma do antigo corpo era mandada para o submundo e assim eram feitas as trocas a alma saía do corpo antigo e ia para o novo já desprovido de alma . Conforme o hospedeiro ia ficando velho, o portador do feitiço poderia ir trocando de corpo e pagando a divindade com algo de sua escolha.
Poderia ser uma alma a escolha de seu mestre, sacrifícios com sangue ou rituais. Tudo iria depender do que a divindade escolhesse.
Era troca justa e todos ficavam satisfeitos, mas a forma de pagamento tinham que ser da escolha da divindade e não somente do portador da magia. 
Entravam em um consenso e todos ficavam felizes.

Darken sentou-se no beiral da cama e um sorriso maligno surgiu em seus lábios ressecados. Ela não sabia como aquilo era feito, mas seu sábio mestre saberia explicar.
O que faltava para uma mulher que já tinha quase tudo? Juventude eterna, beleza eterna.
De que adiantava ter tudo enquanto que seu corpo já não lhe agradava mais.
Afinal, não foi aquilo que atraiu Kyle para a jovem moça do Reino da terra? Beleza. — Ela Pensou.
Só tinha que encontrar a pessoa certa e esperar a ira de seu Mestre para com ela passar.
Com aquilo em mente, Darken pegou o pequeno sino que mantinha ao lado da cama e o tocou repetidas vezes até que Golbery aparecesse rapidamente, um talento nato para o criado.

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