Desaparecido

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Marinette escutava Alya tagarelar em seus ouvidos sem lhe dar descanso enquanto degustavam cookies

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Marinette escutava Alya tagarelar em seus ouvidos sem lhe dar descanso enquanto degustavam cookies. 

A blogueira se encontrava incrivelmente animada por ter batido seu recorde de visualizações no seu blog sobre Jagged Stone. Pulava, saltitava como uma criança numa manhã de natal. 

A animação da ruiva em qualquer outra situação teria sido contagiante. Mas não naquela tarde em especial para Marinette. A mestiça estava focada demais em seus problemas para se animar. Entretanto ficou feliz pela amiga. 

Infelizmente para ela, Alya havia notado sua falta de disposição. Ela havia ficado incrivelmente preocupada por Marinette ter sumido no meio da aula do dia anterior, não atender o celular e não ter prestado atenção na aula que tivera de manhã.

O que tragicamente culminou em uma Alya bipolar tocando num assunto e voltando a outro. Era como se a ruiva tivesse sido repartida em duas personalidades que gostavam de disputar espaço uma com a outra.

– É sério, isso é incrível! 

Alya mordeu um pedaço de seu cookie como uma louca feliz. 

– Mas sabe o que seria mais incrível ainda?

– O quê? – Murmurou a mestiça sem vontade alguma, não dormia direito a três dias. Estava cansada e pensando estar maluca. Uma combinação nada boa na opinião dela.

– Você me contar o que está acontecendo! 

Alya bateu palminhas com empolgação, isso, olhando diretamente para a azulada com expectativa. Sua indireta com certeza não havia sido nada sutil.

Marinette suspirou e deixou seus ombros caírem. Já estava cansada de responder a mesma pergunta tantas vezes em uma só tarde. 

– Já te contei, apenas estou estressada com as provas finais. É só isso. 

Alya a olhou cética e levantou uma sobrancelha, era óbvio que ela não acreditava na desculpa dada pela a amiga. Algo estranho estava acontecendo ali.

– Se não quer falar tudo bem, apenas saiba que sou sua amiga e estou aqui para o que der e vier.

– Eu sei, obrigada. – A azulada sorriu.

Alya deu de ombros e comeu o resto de seu cookie. – Vai ajudar na próxima busca? - 

– Acho que sim. – A mestiça ditou após um suspiro pesado. Jamais se habituaria a aquela nova rotina, era esquisito demais pensar que um de seus colegas desapareceu. Mas de qualquer forma, jamais desistiria de encontrá-lo. 

– Não é estranho Adrien ter desaparecido do nada?

– É sim. – A morena falou com pesar.

– Acha que ele fugiu de casa? Sei que os pais dele sempre foram exigentes, talvez ele estivesse apenas cansado.

Marinette não acharia surreal aquilo ter ocorrido, nas poucas vezes que conversaram sempre ficara nítido que o loiro era alguém ocupado. As vezes ela podia notar seu cansaço no olhar, mesmo que escondido debaixo de sorrisos falsos.

Além disso, essa era uma opção muito melhor que as outras. Ao menos o fato de ele ter desaparecido por conta própria supostamente a acalmava. Era muito mais fácil imaginá-lo aproveitando a vida, do que pensar que ele estava sofrendo em algum lugar distante e escuro.

Alya, por outro lado, negou com a cabeça e deixou um suspiro triste escapar dos seus lábios. Por mais que também quisesse acreditar naquilo, era cética demais para saber que isso era apenas uma esperança boba.

– Não acho isso. Adrien podia estar cansado, mas ele jamais faria algo assim. Deixar todo mundo preocupado dessa forma… Não é muito o estilo dele.

Marinette levou em consideração o comentário e concordou com a cabeça lentamente. Alya estava certa, Adrien era legal demais para fazer algo do tipo.

Fechou os olhos com força, um suspiro pesado saiu por entre os lábios dela. 

–  Mas se não foi isso. A outra opção é sequestro.

Alya fez uma cara descrente.

– Isso é impossível, Mari.

– Por que? Ele é famoso.

– Marinette, se tivessem sequestrado Adrien por ser famoso já teriam pedido o resgate há muito tempo. Fora que, Adrien nunca saia de casa e a Mansão Agreste é uma fortaleza impenetrável.

– Então por que ele sumiu, Alya? – Falou a mestiça com tristeza.

– Não sei… Como disse a Mansão Agreste é impenetrável para quem está do lado de fora. Ao menos que…

Alya franziu o cenho e mordeu o lábio inferior. Marinette quase pode ver uma engrenagem girando em cima da cabeça de Alya, que formulava aos uma ideia. 

– Ao menos que?  

Marinette arqueou a sobrancelha.

– Ao menos que não tenha sido alguém de fora...

Marinette ficou sem saber o que falar, não podia discordar que a teoria fazia sentido. Mas os próprios empregados do loiro e ou seus pais seriam capazes de fazer algo?

Marinette negou frenética com a cabeça e engoliu em seco. Aquilo não poderia ser verdade. 

– Acha mesmo que fariam isso? – Gaguejou.

O ar que ambas respiravam tornou-se pesado, e suas mentes envolveram-se em um turbilhão de pensamentos as deixando confusas. Era uma teoria louca demais. Tão louca, que chegava a fazer sentido. 

– É a única opção plausível. E além disso, todos naquela casa fora Emilie, eram frios com Adrien.

Marinette fitou a amiga preocupada, e segurou a mão dela passando conforto. Alya era uma grande amiga do Agreste, obviamente a morena estava sofrendo com a situação, apenas não demonstrava.

Marinette realmente esperava que essa fosse apenas mais uma das teorias malucas de Alya, e logo encontrariam Adrien, vivo e bem.

[...]

Marinette se encontrava na varanda de seu quarto contemplando as estrelas. Ela se apoiou na grade de proteção e respirou devagar. Tentou bloquear todos os pensamentos que a atormentavam. Era tanta coisa acontecendo, que a deixava com dor de cabeça.

Fechou os olhos com força, a conversa tida com Alya e a com Chat Noir repassavam a todo instante em sua mente, como em um filme com o disco arranhado. 

Havia algo de errado acontecendo. Precisava se lembrar de algo muito importante, mas não conseguia. Precisava encontrar Adrien Agreste, mas não conseguia. Se sentia fraca, sem esperanças. Estava totalmente insegura e perturbada. Por que tudo aquilo acontecia justamente com ela?

Sentiu as lágrimas tentando escorrer por seus olhos, não queria chorar novamente, mas acabou sendo vencida e deixou suas lágrimas silenciosas molharem seu rosto.

Sentiu uma pontada em sua cabeça, uma grande onda de dor a preencheu e então começou a girar, tontura horrível a acertou em cheio.

Se afastou da grade com passos cambaleantes buscando seu alçapão. Mas não teve tempo para isso, caiu de joelhos no chão, apertando sua cabeça entre as mãos, numa tentativa inútil de cessar a dor.

Gritou. Gritou alto por ajuda. Mas ninguém chegaria a tempo. Pois como em um passe de mágica, tudo se apagou. E Marinette não se encontrava mais naquela realidade.

Remember meOnde histórias criam vida. Descubra agora