Estratégias

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Marinette estava louca. Ou pelo menos, era isso que Alya presumia. Quando a azulada a telefonou mais cedo, a Césaire pensou que seria para um passeio. Apenas duas adolescentes que eram melhores amigas rindo a toa por aí como deveria ser.
Mas não! Marinette tinha que encher a cabeça da blogueira de noias e teorias da conspiração, enquanto a única coisa que a ruiva almejava era fingir não ser assim, estava quase desistindo de ser jornalista investigativa pela dor de cabeça.
Alya respirou fundo e massageou a ponta do nariz. – Ok… Então, você está me dizendo que nós duas, assim como toda Paris, somos de uma realidade alternativa e que isso só aconteceu porque um vilão malvado derrotou os heróis, que por acaso somos nós duas e toda nossa panelinha. E o que estou me esquecendo? Ah é! O vilão na verdade é o pai do Adrien e ele tá desaparecido porque o Gabriel sacrificou ele pela esposa morta voltar a vida!
– Sim! – Marinette agarrou seus próprios cabelos – Eu sei que isso parece loucura! Mas é tudo verdade. E eu preciso da sua ajuda, porque eu não vou conseguir sem você e muito menos sozinha. E eu preciso salvar o Adrien, eu não sei viver sem ele tá legal! – Ela suspirou e tomou um pouco de ar. – Então por favor... Me ajuda, Alya...
– Tudo bem. – A ruiva pôs suas mãos na cintura. Em sua mente, considerava toda a situação. Embora maluca, tinha de admitir que fazia total sentido, sua impressão de sempre haver uma peça no quebra cabeça faltando, a conversa que escutou de Emilie Agreste com aquela mulher estranha, seu devaneio estranho... Tudo parecia estranhamente interligado. Por fim, suspirou. – Eu acredito em você! Qual é o plano?
A azulada deu um sorrisinho de lado antes de dar um abraço de urso na melhor amiga. – Você é incrível! 
A ruiva deu leves batidinhas na cabeça da garota.
– É eu sei... Mas temos que salvar seu príncipe em perigo agora.
Marinette se afastou e assentiu com a cabeça dando um pequeno sorriso. – Ok, tenho uma ideia. Mas vamos precisar de ajuda.
Alya sorriu. – Conheço um DJ e um guitarrista que adorariam participar dessa festa. 
– Certo, eles podem ajudar. Mas não será o suficiente.
Marinette levou uma mão ao queixo, deu um sorriso sarcástico e uma risada maligna, a qual Alya tinha certeza que não combinava com ela.
– Mas como em toda boa festa, vamos precisar de uma burguesa louca para roubar a atenção.
A Césaire encarou a amiga por segundos sem entender nada, após arregalou os olhos ao ver um sentido naquela frase e deu um gemido frustrado 
– Ah não… Por favor não...
A mestiça sorriu mais ainda, um sorriso que fez a morena ficar inquieta. 
– Ah sim... 

(...)

– Tá legal, eu entendi que vamos para uma missão super importante e tal. Mas será que você pode por favor me explicar o por que de eu ter que vestir isso?!
A mestiça o olhou com uma sobrancelha arqueada, suas mãos na cintura denunciavam sua impaciência. – Porque eu quero ser uma designer nem sucedida e porque não vou deixar você conhecer o amor da sua vida pela segunda vez mal vestido!
Luka deu um bufo de raiva e descabelou seus fios azulados recém penteados. – Devo admitir. – Ele murmurou. – Quando aceitou sair comigo, não era bem isso que tinha em mente.
Marinette revirou os olhos, e se aproximou mais do garoto. A diferença de altura entre eles era muito irritante. Levou suas mãos até a gola da jaqueta jeans azul escura e a ajeitou.
– Sei que isso é difícil, Luka. Acredite para mim também foi. – A garota deu um suspiro e levantou seu olhar para encontrar com o dele, fitou ternamente as orbes azuladas do garoto e passou seus dígitos pelas bochechas dele. – Mas tenho um namorado que amo muito precisando de mim e você uma namorada psicótica que deve estar louca para te conhecer de novo.
Finalmente parou o que fazia, se afastou lentamente analisando o rockeiro. As calças jeans pretas, junto com a jaqueta jeans e a camiseta branca davam um destaque mais maduro ao jovem sem fazê-lo perder a sua essência própria. A azulada ergueu o olhar para a face do guitarrista, seu semblante era abatido, seus olhos demonstravam tristeza e ele fitava o chão. Mas mesmo assim, ainda tentava manter um sorriso no rosto.
Marinette se sentiu culpada, fazer um cara tão legal quanto ele sofrer era um ato imperdoável. Estava terminando um relacionamento com ele antes mesmo deste começar, entretanto, não podia criar falsas expectativas enquanto seu coração já tinha outro dono.
Luka suspirou. Derrotado era pouco para descrevê-lo, parecia que seu coração havia sido arrancado de seu peito. Observou a garota silenciosamente, gostava dela e muito. Mas não podia julgá-la por não sentir o mesmo que ele.
– Ele é uma pessoa de sorte.
– E ela é uma garota de sorte.

(...)

– Não!
– Ah, qual é?! – Pronunciou o DJ, inconformado. – Ajuda a gente vai!
– Não! – A loira cruzou os braços.
– Por favor! Você é a única que pode fazer isso.
– Pela milésima vez não!
Alya revirou os olhos e deu bufada, perdia a paciência a cada segundo que se passava. Odiava aquela garota arrogante.
– Se não vai fazer isso pela gente, faça pelo Adrien! – A ruiva cerrou seus punhos – Ele foi seu único amigo por anos, ele te ajudou quando ninguém mais acreditava em você! Então retribua.
A loira levantou a sobrancelha. – Escuta aqui quatro olhos! – Ela apontou o dedo indicador para a outra. – Vocês não vão me convencer, com nenhuma lavagem cerebral! Eu vou encontrar o Adrien do meu próprio jeito.
Alya rosnou. Era mais do que óbvio que ela não os ajudaria, revirou os olhos. Queria entender o motivo de Marinette ter confiado uma missão tão grande a Chloé Bourgeois.
– Mas qual o seu problema, Chloé? – A blogueira esticou os dois braços, sua face demonstrava dúvida e raiva. – Precisamos da sua ajuda. Não pode deixar seu ser egoísta de lado nem por algumas horas?
A burguesa fez uma cara desentendida que logo passou para furiosa. – Você... – grunhiu como um animal feroz.
A morena suspirou, tirou os óculos e os limpou em sua amada camiseta xadrez. – Quer saber, esquece. Nem ao menos sei porque tentamos.
– Vamos embora.
Ela segurou a mão do namorado. Nino passou seu braço ao redor dos ombros da ruiva. Fez uma careta de decepção para a loura e saiu andando ao lado de Alya.
Deixando para trás, uma adolescente perdida que desmanchava o semblante furioso para um culpado.

(...)

– Como assim ela não quis ajudar?!
Nino suspirou e fitou o chão. – Nós tentamos mas ela se recusou.
– Não é como se isso fosse novidade, é a Chloé, jamais nos ajudaria! – Disse Alya. A morena estava sentada no encosto de um banco de praça enquanto via Marinette andar de um lado para o outro.
– Então o que fazemos? – Luka perguntou.
A Dupain-Cheng deixou os ombros caírem e pensou por alguns segundos. – Seguimos com o plano. 
Sua face era destemida, algo dentro da moça se embrulhou. Como em um misto de coragem e incertezas, seria difícil sem Chloé. Mas tentariam mesmo assim. Não havia convencido seus amigos a entrar naquela maluquice a nada, mesmo que ela lá no fundo soubesse que eles não acreditavam na história dela. Porém não poderia julgá-los, às vezes nem à própria acreditava em si mesma.
E então, um tremor passou por toda Paris. Fazendo todos ali presentes se desequilibrarem. Quando o tremor passou, todos se entreolharam de olhos arregalados em surpresa, menos Alya, que no momento soltava um grito de felicidade e retirava o celular do bolso.
Marinette por outro lado, soltou um gemido frustrado  e fitou o horizonte. – Mas que merda!





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