Gatos e novelos de lã

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Os livros preenchiam as prateleiras do lugar que cheirava a folhas de papel antigas. Haviam poucas pessoas por ali, o que deixava o local relativamente silencioso. Até mais do que deveria ser.
Marinette encontrava-se sentada em uma cadeira, a sua frente uma mesa repleta de cadernos, livros e canetas se destacava no seu campo de visão.
Olhou em volta e raciocinou. Estava estudando em uma biblioteca.
– E é assim que se balancea equações químicas.
A azulada fitou a cadeira ao seu lado esquerdo, nela encontrou Adrien que sorria ternamente.
– Obrigada. – A azulada sussurrou. – Não sei o que faria sem você.
– Não precisa agradecer, é sempre um prazer ajudar uma dama. 
 Num movimento rápido o loiro levou a mão dela e a trouxe até os seus lábios. Marinette corou quando Adrien beijou as costas de sua mão e o olhou.
– Quer dizer que saí por aí ajudando todas as damas que encontra pela frente? – Ela arqueou a sobrancelha e agradeceu por não ter gaguejado. Era um grande esforço se manter controlada perto dele.
– Não. – Ele sorriu de lado. – Somente você.
A mestiça ruborizou novamente, não estava acostumada a aquele novo jeito de Adrien, sempre galanteador e com piadas na manga. Chegava a ser estranho, mas ela tinha que admitir que gostava daquela nova forma do garoto.
– Sabe Marinette, ainda irão te apelidar de pimentão. – Ele riu e apertou as bochechas vermelhas dela, se ela ao menos soubesse o quão fofa estava...
A mestiça o observou de forma irritada. Poderia pular no pescoço do loiro a qualquer instante.
– Não tenho culpa se o "Senhor Perfeição" – Ela fez sinal de aspas com os dedos. – Fica jogando galanteios para cima de mim. 
Adrien deu uma risada rouca e aproximou mais seu rosto do dela. – Isso quer dizer que gosta dos meus flertes? 
Ela cruzou os braços sob o peito e fez um pequeno bico nos lábios. – Não! É claro que não. 
– Vamos. – Ele sussurrou. E a olhou no fundo dos olhos, atitude que fez a respiração da mestiça se descompassar. – Admita que me adora, ou serei obrigado a desmanchar esse bico eu mesmo.
– Não admito nada! 
– Você quem pediu.
Ele se aproximou mais dela, os olhos um do outro se fitavam. Marinette sentiu seu coração acelerar com a aproximação repentina.
Fechou os olhos devagar à medida que seus rostos se aproximavam, sentiu o toque da mão de Adrien segurando sua cintura a trazendo mais para perto e ela entreabriu sua boca esperando pelo o que estava por vir.
– Venci. – Ele disse sobre os lábios dela e então se afastou de súbito.
Marinette abriu os olhos com a separação repentina e o olhou paralisada, aos poucos tentou assimilar o que ocorreu.
– Ora seu... – A mestiça cerrou os dentes em pura raiva. – Seu idiota!
Ele fez uma falsa expressão de tristeza e pôs a mão sobre o coração.
– Nossa, estou tão ofendido.
– Você me enganou!
– Não, você quem tirou conclusões precipitadas. Eu só falei que iria tirar seu bico, mas não disse como. 
Adrien começou a guardar seus materiais dentro de sua pasta, o que fez a azulada levantar a sobrancelha.
– Por que já está guardando?
– Preciso ir. Tenho sessão de fotos em 10 minutos.
Pôs a pasta sobre o ombro e deu um beijo na bochecha da garota. – Gostei bastante de te ajudar com química. Vamos repetir isso em breve! 
Deu uma piscadela, girou nos calcanhares e saiu andando rumo a porta.
A azulada ficou parada no mesmo lugar, piscou seus olhos várias vezes e depois de um tempo entendeu a frase pretensiosa do Agreste.
– Gato idiota! – Ela bradou para a ele que deu uma risada.
– Seu gato idiota, Princesa! 
Em seguida, ele desapareceu pela porta.
Marinette encolheu os ombros, guardou seus materiais e franziu a cara. Ele havia o chamado de Gato idiota e ele a chamou de Princesa?

(...)

– Marinette. Vamos Marinette acorde!
A mestiça deu um gemido de reclamação. Abriu os olhos vagarosamente tentando se acostumar com a claridade que ofuscava sua visão e os chacoalhões que recebia.
– Chat? 
– Quem?
Marinette abriu os olhos por completo, e ergueu sua cabeça que se encontrava apoiada até então sobre seus braços. Olhou ao seu redor e percebeu que ainda se situava em sua sala de aula.
Parou suas orbes azuladas ao focá-las em Alya. A morena a fitava com uma careta interrogativa. Marinette engoliu em seco ao notar que falara o nome de Chat Noir sem querer.
Abriu a boca e a fechou diversas vezes, tentando encontrar uma desculpa para sua mancada.
– Esqueça! – Disse a blogueira. – Não preciso saber de seus sonhos com garotos fictícios.
– Como quiser. – Marinette balbuciou.
– Você perdeu toda a aula de química, já estamos liberadas.
– Eu dormi a aula toda?!
A morena assentiu.
Marinette deu grunhido chocado e guardou seu caderno. – Desculpa ter te feito esperar. – Se levantou da cadeira e pôs a mochila na costa. 
– Tudo bem, vamos.
Alya disse e seguiu a amiga pelos corredores da escola. Com um simples nome ecoando em sua mente: "Chat".
Pelo visto Marinette vinha escondendo algumas coisas de sua melhor amiga.

Remember meWhere stories live. Discover now