Traição

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Nathalie ficou tensa quando Gabriel a chamou para seu escritório. Normalmente, o Agreste fazia do tipo de ligar, mandar mensagem ou qualquer outro meio de comunicação que não envolvesse a presença dela perante a dele.
Por isso, quando foi chamada, a Sancoeur só podia imaginar o pior. Provavelmente havia sido pega, Gabriel deveria ter notado que esse tempo todo ela conspirava contra ele.
No momento, a mulher se encontrava em frente a grande porta de madeira que dava entrada ao escritório do homem, seu pulso direito estava erguido para fazer o ato de bater na porta. Engoliu em seco e mesmo hesitante, bateu na porta causando um som oco.
– Entre. 
Levou sua mão trêmula até a maçaneta da porta e a destrancou-a. Adentrou o local em silêncio e ergueu sua cabeça que até então se mantia baixa, fitou o designer com cautela, ele se encontrava de pé observado o quadro pintado de sua esposa o que a impedia de ver seu rosto, as mãos dele estavam para trás das costas indicando o quão sério ele se encontrava.
– Mandou me chamar, Senhor Agreste?
– Sim. – Ele disse. Sua voz mecânica e fria pareceu retumbar pela a sala. – Poderia me fazer um favor, Nathalie?
A secretária assentiu e apertou seu tablet como alívio de estresse. Viu o mais velho se distanciar a pequenos e lentos passos da pintura, ela o olhou desentendida.
– Abra. 
Nathalie estreitou os olhos, para a face de seu chefe, ela estava rígida, seu maxilar trincado e seus olhos distantes e sombrios.
A contragosto ela se direcionou para frente do quadro, olhou mais uma vez para o Agreste como se lhe pedisse permissão, ele maneou a cabeça afirmativamente.
Mesmo temerosa, aproximou vagarosamente suas mãos para a pintura, tocando em seus lados e o empurrando para o lado como uma portinhola, o famoso cofre do Agreste apareceu diante de si. Sentiu um calafrio em sua espinha, analisou a face lisa e metálica do cofre, antes de direcionar seus dígitos até os botões para digitar a senha. Sentiu a frieza deles contra sua pele quente devido ao nervosismo, como se fossem um aviso para sair de lá correndo para salvar sua vida. Ou pelo menos, era isso que seu subconsciente dizia. Apertou devagar os botões, na sequência de números correta: o dia em que Gabriel conhecera Emilie Agreste.
Ouviu o apito avisando que o cofre estava agora destrancado, abriu delicadamente a porta do cofre na mesma medida que sua respiração se acelerava.
Fitou o interior do cofre, e como ela imaginava e sabia, não estava lá.
– Pode me explicar o que isso significa,  Nathalie? 
 – O que exatamente, Senhor? - ela murmurou ainda de frente para o cofre. Se martirizou por ter gaguejado e mostrado fraqueza, mas quem poderia culpá-la? aquele homem já havia a jogada para criaturas animalescas e famintas como um reles petisco, todo cuidado era pouco.
O Agreste deu uma risada anasalada, o que fez a mulher tremer no seu próprio eixo.   – Onde estão os brincos de Ladybug e o tablet do antigo guardião?
Ela engoliu sua própria saliva e seu coração bateu acelerado, olhou mais uma vez o interior do cofre como se buscasse confiança para suas palavras.
– Eu não sei... – balbuciou.
– Não sabe? – O homem gargalhou – Então vejamos alguns fatos. Eu e você somos os únicos que sabiam a senha desse cofre, e sei que eu não peguei nenhum dos dois. Então resta você...
– Mas não fui eu. 
– Não foi? Então quem foi?! 
O grito fez ela fechar os olhos e engolir em seco, para sua sorte ou azar, dizia a verdade. Não havia sido ela a pegar aqueles dois itens valiosos, mas sabia quem tinha e se recusava a entregá-la.
Uma onda de raiva e coragem a atingiu e cerrou seus pulsos – Fui eu. – Ela disse com os dentes cerrados.
Pode ouvir a movimentação do rico se estabilizar repentinamente atrás de si, a respiração pesada dele foi solta em seu pescoço.
– Estou desapontado com você, Nathalie. Mas de darei uma chance de se redimir, se me contar onde estão.
– Só nós seus sonhos. – Nathalie rugiu feito uma leoa e se virou para encarar o mais alto. Pode ver sua feição surpresa por ter sido desafiado. Mas ela não podia controlar, aquele homem já causara problemas demais.
Os olhos dele se tornaram cruéis e julgadores, e um brilho negro pareceu iluminá-los. Nathalie sabia o que aquilo significava, eram vestígios de magia negra que ainda o dominavam. Decidiu não se abalar pelo o fato, se manteria firme e forte até o fim.
– Então acho que terei de entrevistar uma nova assistente amanhã de manhã.
A respiração de Nathalie se acelerou, o viu se distanciar dela andando lentamente para trás.
– Nooroo asas negras cresçam!

Remember meWhere stories live. Discover now