Vazio interior

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3 dias, 7 horas e 19 minutos foi o tempo que Marianne demorou para ligar.
Nathalie estava na cozinha quando o celular tocou, e ao ver o nome no visor chegou a pensar que teria uma arritmia cardíaca com a velocidade que seu coração bateu.
Correu o mais rápido que pode para o quarto que Emilie Agreste se auto mantinha em cativeiro. Cada degrau daquela enorme escadaria era uma tortura. A ansiedade lhe pedia para atender, mas o nervosismo a impedia.
Parou à frente da porta e a empurrou com toda sua força. Emilie deu um pequeno pulinho pelo susto recém pregado. Entretanto bastou olhar o semblante de sua nova amiga e o som vindo do aparelho para se levantar.
– Atenda! - Berrou a loira enquanto se aproximava.
A secretária com a respiração acelerada, atendeu e pôs no viva voz. 
– Senhorita Sancoeur? – Falou a voz doce e aveludada do outro lado da linha telefônica.
– Sim.
– Que bom, a Senhora Agreste está com você?
– Estou aqui! – Disse a loira.
Um suspiro de alívio foi audível. – Melhor assim. Emilie você estava certa, andei lendo o que podia do livro e acho que descobri algo importante.
– O que?
– É complicado… – Murmurou Marianne. – Estou voltando para Paris junto com Tikki, precisamos devolver o miraculous para a guardiã.
– Mas ela está sem memórias! – Exclamou Nathalie. – Como ela pode nos ajudar assim?
– Ela já está nos ajudando, senhorita.
– Como? – Perguntou Emilie.
– É uma longa história, mas confiem em mim. Marinette é nossa última esperança.
As mulheres se entreolharam e assentiram, não precisavam de palavras para saber o que a outra pensava.
– O que devemos fazer? – Falou a loira de forma direta.
– Apenas sejam pacientes crianças e não deixem Gabriel tomar qualquer medida drástica, quanto mais distante ele estiver de Adrien melhor.
– Acho que posso atrasá-lo um pouco mais. – Nathalie moveu a cabeça de maneira pensativa. – Talvez consiga marcar reuniões com os diretores da marca Gabriel e algumas entrevistas.
– É uma excelente idéia! Vou pegar o primeiro trem para Paris, devo chegar em algumas horas.
– Entendido. – Disse a atriz. – Muito obrigada, Marianne.
– Não me agradeça minha cara, é o mínimo que podia fazer por vocês. – Uma pausa na ligação foi feita, e um suspiro se ouviu. – Preciso ir, ou Tikki me fará ter um ataque cardíaco com toda a pressa e empolgação dela. Nos vemos em breve.
– Até breve. – Disse Nathalie, que logo em seguida desligou o telefone.
As duas se encararam por alguns segundos em pleno silêncio. Estava chegando a hora, o momento que as duas lutavam com tanto fervor. E tinham apenas uma chance.
– Vamos conseguir. – Declarou Emilie
Os olhos verdes brilharam perigosamente, a sua expressão facial era tão determinada, que colocaria medo em qualquer um. 
Vendo aquela expressão facial, Nathalie lembrou-se de Adrien. Era o mesmo olhar e postura corajosa, ambos tinham mais em comum do que pensavam.

(...)

Alya Césaire se sentia incompreendida. Era como se tivessem jogado todas as suas preocupações e especulações  num vaso sanitário e dessem descarga.
– Estou dizendo, Nino! – Retrucou a ruiva. – A Marinette tem algo a ver com isso tudo.
Nino respirou fundo e negou com a cabeça, sua namorada não possuía jeito. – Meu amor... Também concordo que há algo estranho acontecendo, mas você está acusando sua melhor amiga. Adrien e Marinette nem sequer eram amigos.
– Eu não estou a acusando. – Ela cruzou os braços sobre o peito. – Mas eu a conheço bem o suficiente para saber que ela está escondendo algo.
Nino suspirou novamente e massageou as têmporas. – Tudo isso por que você pensa ter esquecido um assunto importante e Marinette anda agindo esquisito?
– Primeiro eu não penso, eu sei. Segundo, ela não está bem, pensei que fosse somente pelo o que ela me contou, mas tem caroço nesse angu.
– Alya... – Nino sussurrou cansado. – A Marinette só deve estar preocupada com algo, insinuar que ela tem algo a ver com o que você esqueceu e pior ainda com o Adrien, já é paranóia demais.
Alya soltou o ar pelo nariz, é claro que ele não acreditaria nela. Mas talvez ele estivesse certo, estava paranóica desde o dia que o Agreste desaparecera e qualquer pista que encontrasse por mais ridícula que pudesse ser, ela se agarrava a ela.Nem que para isso ela tivesse que bancar a louca psicótica. 
Deixou-se cair em cima da cama e se esparramar por ela, fechou os olhos tentando bolar seu plano para acabar com todo o tormento atual de uma vez por todas.
Não havia nada que ela não fizesse para ajudar as pessoas que amava, e estava disposta a provar isso em todo seu glamour.

Remember meWhere stories live. Discover now