Propósitos

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O chofer deu a partida e logo estavam se deslocando pelas ruas. Chloé se inclinou no assento e fechou os olhos para relaxar, respirou fundo para inalar o cheiro viciante de carro novo.
Abriu os olhos novamente e passou a analisar as ruas que estranhamente não possuíam pessoas, nem a agitação que Paris normalmente tinha.
Soltou um murmúrio de satisfação, era muito mais fácil andar por Paris sem nada nem ninguém para atrapalhar.
Se perdeu admirando os lugares por onde passava, e de repente fez uma careta de dúvida e desgosto.
– Esse não é o caminho certo, Diego. 
– Tivemos mudanças de planos, senhorita.
Chloé fez uma careta, o tom da voz do homem era forçado. Como se o homem a deixasse mais rouca de propósito.
– Com as ordens de quem? Ela arqueou a sobrancelha. 
O motorista permaneceu em silêncio, fazendo a loira desconfiar ainda mais.
– A onde estamos indo?
Mais uma vez a quietude vindo dele. Chloé se exaltou. Deu um rugido furioso, e gritou novamente:
– A onde estamos indo?! – Ela agarrou a maçaneta para escancarar a porta, para sua surpresa, estava trancada.
A loira se levantou em um salto e se espreme entre os bancos de trás da limusine e da passagem que levava até os bancos da frente. Ela era nova demais para ser sequestrada e ficar em cativeiro, lutaria até o fim.
Ficou com as pernas presas e se mexeu feito uma lagartixa para soltá-las. – Pare essa limusine!
O chofer se encolheu e continuou a dirigir, a burguesa decidida a dar um fim naquela história, agarrou o volante e o girou em uma direção oposta.
O carro derrapou para a direita, o motorista e a loira gritaram.. Subiram em cima da calçada e atropelaram uma lixeira.
O carro continuou a andar, e Chloé olhou para o cara em plena fúria, seus olhos faiscavam. Ela finalmente soltou suas pernas, e caiu para cima do banco do passageiro. Usou de sua raiva e pendeu para o lado do motorista, levou sua mão até os óculos escuros e os arrancou juntamente com seu quepe. Analisou a figura rapidamente, ele aparentava ser jovem em torno de 18 ou 19 anos, os cabelos eram pintados em degradê azul e os olhos cintilavam como duas safiras.
– Quem é você?! 
O desconhecido a olhou de um jeito estranho, em um misto de culpa e pavor. – Me desculpe. Estava desesperado!
– Desculpa? – ela disse em enraivecida. – Você me sequestrou! E o que fez com o Dennis?!
– Daniel. O nome dele é Daniel! E eu não te sequestrei, apenas disse ao seu motorista que você estava solicitando a presença dele, e peguei a limusine e você emprestados!
– E eu me importo com o nome dele?! – A loira exclamou. – É tem razão, você não só me sequestrou como também roubou um veículo.
– Peguei emprestado!
– Quer saber? Cansei! 
A garota retirou do bolso de sua calça branca seu celular, o desbloqueou e passou a discar rapidamente.  Em seguida, levou o celular à orelha e esperou impaciente ser atendida enquanto analisava suas unhas.
O garoto ergueu uma sobrancelha. – O que está fazendo?
– Ligando para o papai, ele vai dar um jeito em você. 
O rapaz arregalou os olhos, inconscientemente arrancou o aparelho das mãos da loira, que por sua voz soltou um: "Ei!" O azulado desligou o celular e o guardou consigo, queria olhar para ela, porém manteve-se concentrado nas ruas.
– Olha... – Ele começou sem jeito. – Sei que você não me conhece, e que te sequestrei e tal... Mas eu estou fazendo isso por um bem maior. E eu preciso da sua ajuda! Nesse exato momento, uma mulher maluca está atacando a cidade e… – Ele suspirou – E... A garota que gosto está lutando contra ela e eu preciso ajudá-la de alguma forma! Mesmo que isso me destrua por dentro... E eu sei que você se importa! Não comigo nem com a situação, mas com Adrien, vocês são amigos há anos e nada nem ninguém pode mudar isso. Então se não vai me ajudar a salvar o mundo ou seja lá o que todo esse papo conspiracional signifique... Ao menos me ajude a salvar o seu melhor amigo.
Chloé suspirou e desviou o olhar para a janela a seu lado, admirou as ruas semi destruídas pelo ataque da vilã. Repassou em sua cabeça a conversa com Alya e Nino mais cedo, todo o diálogo maluco e sem nexo que eles inventaram e pareciam acreditar profundamente, e ela não. Ou menos não queria, embora algo em seu interior se rebelasse contra aquela ideia e quisesse abraçar, o que os dois diziam.
Fazia algum tempo que algo dentro dela não parecia certo, a princípio pensou ser pelo desaparecimento repentino de seu amigo, seu único amigo. E enquanto todos falavam e a acusavam de não se importar com ele, a mesma tentava ser forte.
Mas não era só isso que a incomodava, também era a sensação de vazio, de algo estar totalmente errado, era como estar incompleta. Até mesmo seus atos não pareciam certos, outro dia até mesmo ajudou uma garota chorosa a ver o lado bom de sua vida.
A menina desviou seu olhar para o garoto ao seu lado, e o olhou atentamente, ele parecia tão familiar... Um sentimento estranho e que não reconhecia invadiu-a. Deu um sorriso sincero, o primeiro em um mês, e logo após uma pequena risada.
Isso chamou a atenção do jovem que estreitou seu olhar para ela. – Qual a graça?
– Nada. – Sorriu, tímida. Após desviou sua face constrangida do campo de visão dele, sem ao menos saber porque fazia aquilo. – Vamos fingir que eu acredite nisso tudo. Qual seria nosso primeiro passo?
O menino arqueou a sobrancelha, seu cenho demonstra dúvida. – Mansão Agreste. 
– Ótimo! Vamos  para lá então, preciso mesmo fazer uma visita para a tia Emilie.
Ela levantou suas pernas, e estranhamente ergueu seus pés em cima do porta-luvas da limusine.
– Ah, ok…
– Qual o seu nome? – ela disse. E não acreditou em suas próprias palavras. Fez uma careta, por que estava agindo como outra pessoa tão subitamente? Mau conhecia aquele cara.
– Luka. – Ele falou – Luka Couffaine.
– É um prazer conhecê-lo, Luke. Sou Chloé Bourgeios, mas é lógico que já sabia disso.
Minutos depois, ambos adentraram os portões da grande mansão. 
– Tente não me envergonhar! –  Chloé murmurou – E se ficar com dúvidas do que fazer, apenas não seja você. 
As portas se abriram e revelaram logo de cara um corredor imenso e branco, uma escadaria erguia-se em frente a porta. Um homem alto apareceu e soltou um urro baixinho. Ele parou ao lado deles, com as mãos atrás de suas costas e aguardou ao lado deles.
Foi quando uma mulher loira e de olhos verdes e roupas brancas apareceu no alto da escadaria, ela descia sem pressa. Conforme se aproximava, Luka pode reconhecê-la como Emilie Agreste, uma das mulheres mais poderosas e ricas da atualidade.

Remember meOnde histórias criam vida. Descubra agora