In the porch

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Hello!
Ei queria contar que fiquei muito nostálgica revisando esse capítulo. Foi como se eu estivesse auxiliando minha eu de 14 anos a escrever. Isso foi estranho e interessante.

Também queria avisar que finalmente estou de férias! Acredito que terei mais tempo de rever os capítulos e ajeitar meu instagram ( o @ de lá é bug_comics). Além disso quero trazer pra cá minha outra fic: O cara do apartamento 27. E como essa é mais atual, vai ter atualizações mais rápidas, então fiquem ligados!

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Marinette mais uma vez se encontrava em sua varanda. Contemplava as estrelas do céu noturno, na esperança que elas iluminassem seus pensamentos. 
Sua mente e coração estavam inquietos demais para uma noite tranquila como aquela.  
De repente sentiu braços rodeando sua cintura e o calor de uma pessoa a abraçando. Isso causou-lhe um arrepio e um amargor veio à sua boca. Por que tinha a sensação de que aquilo já havia ocorrido? 
Sorriu de forma nervosa ao perceber que ele dera um beijo em sua bochecha e depois apoiou seu queixo em seu ombro, secretamente inalando o cheiro adocicado dela.
– Está atrasado. – Ela falou no automático. Como se não controlasse mais suas próprias cordas vocais.
– Perdão, Princesa, tive meus contratempos.
– Está perdoado. – Ela se virou e fitou o loiro a sua frente, ele estava lindo como da última vez. – Mas que isso não se repita! 
A azulada sorriu e estendeu sua mão direita para ele. O garoto logo percebeu o que ela queria, por ser a princesa orgulhosa e mimada que era. 
Ele se curvou, segurou a mão delicada dela e a levou aos seus lábios, e por fim depositou um beijo nela.
– Seu pedido é uma ordem, Princesa.
– Mari... – O gato a chamou incerto, aquilo seria difícil.
Marinette sentiu o coração acelerar. O desespero subiu-lhe à cabeça. Ah não, de novo não… não poderia estar revendo aquilo uma segunda vez. Suas memórias só podiam estar gargalhando de sua cara agora! 
– Sim? – disse com a garganta seca. 
– Preciso te dizer algo. 
Seu corpo agiu por conta própria e repousou uma das mãos no ombro de seu amigo. Ele sorriu minimamente, e se mexeu desconfortável. Como se estivesse com medo de contar o que queria, Marinette respirou fundo. Já estava apreensiva.
– Eu… – Ele murmurou e ergueu o olhar para ela, ele estava suave e com um brilho que a azulada não pode identificar no olhar. O loiro fitou o céu azulado da mestiça e tomou coragem respirando fundo, por fim, abriu um sorriso esperançoso.
– Eu te… – Ele parou de falar, como se estivesse com medo de suas próprias palavras. 
Marinette fechou os olhos com força. Não queria ver o que aconteceria. Não de novo.  
Esperava o parceiro cair no chão, como na última vez. Possuía o coração pesado e seus olhos marejados, estava aflita. Era como se estivessem a empurrando na beira de um precipício, e ela fosse cair. Não encontrava-se nem um pouco preparada para vivenciar aquilo de novo.
Porém, para a surpresa dela, ele não tombou ao chão. Ou disse a frase que a atormentava até os dias atuais. Não. Ele disse algo, que só fez o coração dela bater mais rápido, num misto de felicidade, tristeza e angústia.
– Eu… acho que estou apaixonado por você. Não… eu tenho certeza.  – Ele sorriu e observou as orbes azuladas pelas quais se apaixonou intensamente. – Estou caindo de amores por você Marinette Dupain-Cheng.
Ela ficou sem reação. Agradeceu internamente por o fim daquela lembrança não fosse como a outra. Porém surtou ao notar que aquilo era o fim real. Estava prestes a entender um dos maiores mistérios de Chat Noir em relação a ela. 
– Chat… eu… – Ela parou de falar. Não sabia o que dizer. Como deveria responder aquilo? 
O silêncio da garota deixava Chat Noir nervoso, já estava assimilando o fora que levaria e sentindo seu coração se partir. Precisava seriamente parar com a mania de se apaixonar por quem nunca poderia ter.
Andou em direção a ela em passos lentos, parou alguns centímetros longe dela, mas próximos o bastante para sentirem a respiração um do outro.
– Você? 
Marinette respirou fundo, tentando reter o máximo de ar aos pulmões que podia.
– Eu sinto muito... – Murmurou olhando para os próprios pés. Seus olhos já marejaram indicando sua futura crise de choro. 
Amava outra pessoa, mas também sentia algo por ele. E isso era estranho, não queria magoa-lo, porém não via uma forma de isso não ocorrer.
O gato engoliu em seco, seu coração estava destruído em milhões de pedaços. Queria que ela o amasse do jeito que ele a amava. Entretanto, se ela não sentisse o mesmo, então que ao menos dissesse a verdade em sua cara.
Ergueu o queixo dela e a forçou a olhar para ele. 
– Marinette, olhe nos meus olhos e me diga que não sente nada por mim. 
A azulada o olhou sentindo um nó na garganta, os olhos dele estavam escuros e tristes. Apenas aguardando uma resposta de forma ansiosa.
– E-eu... Eu não sei o que sinto por você. – Murmurou baixinho se esforçando para não engasgar com as próprias palavras.
O loiro passou seus dígitos pela face dela e suspirou fundo. – Me dê uma chance. – Sussurrou para ela de forma triste. – Por favor... Apenas uma chance de te fazer feliz.
A menina olhou o fundo do par de esmeraldas, não sabia o que responder.
– Não quero acabar te machucando.
– Não vai! 
– Como pode ter tanta certeza?! – Ela disse mais alto, e se afastando dele andando em outra direção.
– Porque eu sei que você jamais faria isso. – Ele a seguiu. 
– Você confia demais em mim... -
Ele andou e ela começou a recuar. Somente parou quando suas costas entraram em contato com a parede. Ele se aproveitou disso e a encurralou ali. Chat Noir aproximou seu rosto do dela e sussurrou perto dos lábios dela. 
– Acho que isso é o resultado do efeito que você tem sobre mim, Dupain-Cheng.
Eles olharam um nos olhos do outro, as esmeraldas dele cintilavam em um verde intenso e os dela brilhavam em ternura.
Se aproximaram mais, e finalmente, selaram a distância entre seus corpos. O loiro assegurou a cintura fina dela enquanto ela passava seus braços ao redor do pescoço dele e fazia um leve cafuné nas mechas loiras dele.
Marinette sentia borboletas no estômago e por um momento perdeu a noção de tudo. Apenas aproveitava o gosto de menta do felino, que fazia seu coração disparar.
O beijo era calmo e cheio de ternura, os dois não pareciam ter pressa alguma. Porém o ar era preciso, e acabaram tendo que se separarem.
– Eu te amo. – O garoto sussurrou em seu ouvido.
Marinette tinha suas bochechas coradas e respirava ofegante. Apreciou a voz rouca do rapaz ao dizer aquilo. Permaneceram em silêncio apenas encarando um ao outro.
Nada poderia ser mais perfeito naquele momento. Infelizmente, seu conto de fadas acabou quando ela voltou para a sua nova realidade. 
Marinette abriu os olhos lentamente. Percebeu que estava em seu quarto, mais precisamente deitada em sua cama, olhou em direção a janela e se deu conta que ainda era de noite.
Tentou se mexer na cama, mas sentiu-se impedida. Olhou para seu lado e notou que braços rodeavam sua cintura a abraçando. Ergueu o olhar um pouco e notou Chat Noir deitado ao seu lado.
Corou de imediato ao se lembrar do sonho que tivera. Levou inconscientemente sua mão direita a seus lábios os tocando, fechou os olhos se lembrando das sensações que vivera.
Marinette então sentiu um estalo na cabeça. Olhou para o gato e não pode deixar de pensar que talvez aquela fosse a razão de Chat Noir agir de forma tão estranha quando ela falava de Luka. Ele estava com ciúmes.
A azulada não pode conter o sorriso por tal pensamento, talvez ele ainda a amasse. E isso a deixava de certa forma feliz. 
Não podia dizer que também o amava, nem sequer sabia distinguir o que era real ou não. Mas o observando dormir, agarrado a ela e com o rosto sereno… foi como se um estalo em seu coração ocorresse. Sentiu a fagulha de um antigo sentido esquentar dentro dela. E isso era assustador.  
Olhou fixamente para o rosto do rapaz, ele dormia de uma forma tão angelical. Os braços dele a rodiando de forma protetora, estava deitado de mau jeito assim como um gato de rua que se encolia para não passar frio. A azulada então observou o rosto dele, ainda havia vestígios de lágrimas pela crise de choro que ambos tiveram.
Marinette sentiu a felicidade que possuía até então se evaporar. Havia passado toda a noite tentando acalmá-lo e quando finalmente conseguiu o guiou até sua cama para descansar.
A mestiça ainda podia ouvir o eco da voz do felino em sua cabeça: "Eu não quero morrer. Quero ficar com você"
A frase se repetia como em um loop atemporal em sua mente, respirou fundo tentando não deixar as emoções negativas a controlarem. Tinha que acreditar que tudo ficaria bem, e que eles dariam um jeito de resolver tudo.
Afinal, ela era uma pessoa de palavra, e se prometera ao amigo que não o deixaria morrer. Era porque não deixaria.
Apenas precisava de tempo. E infelizmente, tempo era tudo que eles não tinham.

(...)

Alya acordou com o barulho infernal de seu despertador. Abria os olhos preguiçosamente, não tinha vontade alguma de levantar da cama.
Acabou sendo vencida quando o alarme tocou mais uma vez, deu um bufo de raiva e se levantou se preparando para mais um dia de sua vida. A qual não andava sendo uma das melhores, a exaustão era algo que a dominava frequentemente, porém sua força de vontade e a do ódio eram mais fortes na maioria das vezes.
Pegou sua mochila e a colocou nas costas. Andou até a porta, porém parou na metade do caminho, havia se esquecido de algo.
Olhou para o computador e ao lado dele notou que jazia ali seu celular, se aproximou e segurou o aparelho.
Se preparou para fazer seu percurso novamente, mas não antes que olhasse para o pôster pendurado em seu quarto.
Deu um sorriso pequeno ao notar ali sua heroína dando um de seus olhares desafiadores e em sua pose heróica, sempre sorrindo em toda sua glória.
Alya soltou o ar calmamente se lembrando de um dos motivos de pendurar o poster em seu quarto. Era mais do que apenas ser uma fã ou só vontade de se tornar uma heroína.
Colocara ali pela esperança que a figura transmitia. Era sempre assim, toda vez que olhava para Majestia. A esperança que um novo dia melhor chegaria, era a melhor sensação que poderia ter. Queria ser como ela. Enfrentar tudo e todos sem medo e trazer inspiração. 
Levou a mão de forma inconsciente a seu pescoço, franziu a cara ao sentir falta de algo ali.
Olhou com certo desespero para o pescoço procurando por algo. Parou com que estava fazendo somente quando lembrou que não usava jóias - isso não fazia o estilo dela.
Pensou que talvez fosse apenas um delírio seu, acordar cedo também tinha seus males. Entretanto algo dentro dela lhe dizia que isso estava errado, Alya queria ser repórter investigativa ou algo na área e aprendera com o tempo a sempre escutar sua intuição.
Parou com tudo que estava fazendo, e ficou alguns segundos refletindo. Sentia que havia esquecido algo importante e com certeza não era seu celular.
Fitou novamente o pôster de Majestia mas dessa vez com uma careta de dúvida.
– Alya vai se atrasar! 
Foi despertada de seus pensamentos ao escutar a voz de sua mãe a chamando. Negou com a cabeça tentando espantar seus pensamentos estranhos, talvez não fosse nada.
A ruiva suspirou fundo, podia não ser nada, mas ficaria paranóica com isso. Andou novamente em direção a porta, para ir logo à escola. Apenas esperava que não fosse atropelada no percurso devido a sua distração. 
Olhou novamente para Majestia, e teve mais certeza ainda de ter esquecido algo importante.
Suspirou fundo e fechou a porta do quarto já sabendo que era tarde demais para sua sanidade, havia colocado algo em sua cabeça e não existia nada que pudesse tirar. Pelo menos não até descobrir o que isso queria dizer.

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